No dia 20 de maio, entidades e movimentos sociais realizaram um ato para entregar uma carta e um dossiê da Defensoria Pública ao Comitê Olímpico Internacional (COI) pela não remoção da Comunidade Vila do Autódromo.
No entanto, os grupos não foram recebidos pelo COI, que alegou “não desejar se envolver diretamente com questões políticas da cidade”. Segundo o Comitê, tais questões deveriam ser resolvidas diretamente com o prefeito.
O CRP-RJ, um dos signatários da carta, esteve presente no ato por meio da psicóloga Elaine Christóvam de Azevedo (CRP 05/27694), da Comissão de Orientação e Fiscalização (COF).
Segundo representantes da Defensoria Pública presentes na ocasião, o processo de remoção da Comunidade do Autódromo já dura 16 anos. A alegação inicial das autoridades públicas municipais seria a de que “a comunidade agredia esteticamente a cidade”. Posteriormente, o argumento teria mudado para o de que os moradores estariam assentados sobre área de proteção ambiental.
Recentemente, a Prefeitura notificou a remoção da comunidade e tem se mantido firme neste propósito, inclusive, por conta da proximidade das Olimpíadas que serão realizadas na cidade do Rio de Janeiro em 2016. Porém, de acordo com a Defensoria Pública, os residentes possuem um vínculo forte com a comunidade e, cada vez que segue a ameaça de remoção, criam-se dificuldades de relacionamento. A Defensoria também informou que não há mais nenhuma forma de negociação possível, pois o governo está irredutível.
A psicóloga do CRP-RJ conversou com uma das moradoras, que também trabalha como professora na comunidade. Ela se mostrou apreensiva quanto à ameaça de remoção. “Nossa comunidade é conhecida como Pé no Chão e querem tirar o nosso chão. A comunidade tem um percentual de sequelas sociais por causa da remoção, casais brigam, crianças passam a ter comprometimentos escolares”, afirmou.
A organização não-governamental Justiça Global também esteve presente. Seus representantes afirmaram que as comunidades não precisam de remoção, mas de investimentos na cidade que não sejam apenas para as Olimpíadas e que sejam de fato em beneficio do Rio de Janeiro e dos seus moradores.
O CRP-RJ reafirma seu apoio à comunidade e o repúdio ao uso político e econômico das atividades esportivas para justificar a violência com as pessoas das classes mais pobres da sociedade.
Para acompanhar a situação da Comunidade Vila do Autódromo, acesse o site do Justiça Global.
10 de Junho de 2010
