Foi realizado em Nova Iguaçu, no dia 18 de março, o penúltimo pré-congresso para o COREP-RJ. O evento foi dividido em duas partes: na primeira, ocorreu uma roda de conversa “Roda de capoeira, roda de samba, roda de história… Roda de conversa: corpo, imagem e subjetividade”; na segunda, houve o pré-congresso, em que psicólogos e estudantes de Psicologia votaram teses e elegeram delegados para o COREP.

Guilherme Pineschi de Mello, Maria da Conceição Nascimento, José Henrique Lobato Vianna e Noeli de Almeida Godoy de Oliveira, na sequência, formaram a roda de conversa com o tema “Roda de capoeira, roda de samba, roda de história… Roda de conversa: corpo, imagem e subjetividade”.

Inicialmente, foi exibido um vídeo sobre o VII Congresso Nacional de Psicologia (CNP) com o histórico de todos os CNPs e falando sobre a importância da participação dos psicólogos na proposição de diretrizes para as gestões dos conselhos.

Mariana Chaves Ferreira Botelho (CRP 05/32802), colaboradora da Comissão de Orientação e Ética (COE) do CRP-RJ e membro da Comissão Organizadora do COREP-RJ, explicou que “a importância da participação dos psicólogos durante os pré-congressos se dá porque as teses aprovadas serão diretrizes para a próxima gestão do Conselho, que vai até 2013”.

Em seguida, o conselheiro do CRP-RJ José Henrique Lobato Vianna (CRP 05/18767) deu início à roda de conversa, afirmando que “as questões em pauta na mesa de debates são temas que atravessaram as duas últimas gestões do CRP-RJ”.

Participaram da mesa as conselheiras do CRP-RJ Maria da Conceição Nascimento (CRP 05/26929) e Noeli de Almeida Godoy de Oliveira (CRP 05/24995) e o psicólogo e professor universitário na área de Psicologia do Esporte Guilherme Pineschi de Mello (CRP 05/28200).

“A proposta dessa roda de conversa é dançar um pouco na tentativa de nos engajarmos mais nos movimentos sociais. A capoeira lembra movimento, flexibilidade, que é o que o mundo exige de nós, psicólogos: flexibilidade na prática, flexibilidade na escuta”, afirmou Maria da Conceição.

Em seguida, a conselheira falou sobre a situação do racismo no Brasil. Ela argumentou que o racismo é um tema constantemente negado nos debates no Brasil, mas que, ainda assim, não se tem como negar sua existência. “O preconceito racial existe no Brasil, apesar de silenciarem a respeito. Basta olhar a desigualdade nos índices sociais entre negros e brancos. Tem algo aí que precisa ser mexido, ser discutido e ser trabalhado. E nós, psicólogos, estamos inseridos nisso também”, sustentou.

Para ela, outro ponto importante nesse debate é o papel da mídia. “Que imagem da população negra e que tipo de mensagem são veiculadas pelos meios de comunicação? Vende-se um modelo que é preciso ser seguido e nós, psicólogos, precisamos pensar o que podemos propor e discutir”.

José Henrique levantou os motivos que levaram o CRP-RJ a criar um GT de Psicologia do Esporte. Segundo ele, havia tanto motivações políticas do próprio Plenário para incluir o tema nas discussões do Conselho quanto demandas externas da categoria, além da conjuntura favorável ao debate do tema. “O interessante é ver como, principalmente a partir do contexto favorável da Copa do Mundo e das Olimpíadas, o Esporte é pensado como política pública”, afirmou ele.

Guilherme, por sua vez, falou sobre as possibilidades da intervenção da Psicologia na área do esporte de alto-rendimento e da atividade física. “Uma forma bastante comum de o psicólogo atuar no campo é através da intervenção clínica aplicada ao esporte. E, nesse sentido, ela se refere à avaliação psicológica do atleta. É essa avaliação que vai responder pelo acompanhamento psicológico do atleta”.

O professor lembrou também da importância da atuação da Psicologia no esporte de alto-rendimento. “Dentro do esporte existe a questão da otimização do rendimento do atleta. Então, como associar isso com o bem-estar do atleta? Utilizando instrumentos da Psicologia clínica. Na mesma medida em que o esporte de alto-rendimento causa grande desgaste físico para o atleta, ele ocasiona também um grande desgaste psicológico, por isso a Psicologia tem um papel importante”, afirmou.

Noeli tematizou, a seguir, a inserção da Psicologia na Comunicação Social. Segundo a conselheira, “o psicólogo tem muita dificuldade de se ver atuando na área da Comunicação. Mas não podemos esquecer que estamos o tempo todo atravessados pelas questões da mídia, principalmente por conta das demandas que nos chegam ao consultório”.

De acordo com a conselheira, a principal questão da Psicologia em sua interseção com a mídia está na produção de subjetividades. “Existem diversas formas de produção de subjetividades, de produção de modos de existência pela mídia, e o papel do psicólogo está diretamente ligado a isso. As pessoas acabam se sentindo reféns dos conteúdos veiculados pela mídia. Há uma captura nesse processo e terminamos por não nos dar conta disso”, lembra Noeli.

Após um debate com os presentes, foi dado início ao pré-congresso. O conselheiro-presidente da COE, José Novaes (CRP 05/980), afirmou que “as teses discutidas e aprovadas servem de diretrizes de atuação obrigatória para as gestões dos CRPs e do CFP como maneira de democratizar o processo de tomada de decisões dentro do Sistema Conselhos”.

Na abertura do pré-congresso foi realizada a eleição da mesa diretora e a leitura do regimento do pré-congresso, que foi modificado e aprovado por unanimidade pelo plenário.

Houve, então, a eleição da mesa diretora, conforme as normas estabelecidas nacionalmente. Foram eleitos José Novaes como presidente, Noeli Godoy como relatora e a psicóloga Denise dos Santos Malheiro de Sousa (CRP 05/18051) como secretária. A seguir, a mesa fez a leitura do regimento do pré-congresso, que foi modificado e aprovado por unanimidade pelo plenário.

Após essa abertura, deu-se a leitura das teses para serem votadas pelo plenário. As propostas abordavam temas como: a possibilidade de criação de um grupo de trabalho sobre Psicologia e Racismo em todos os CRPs, compromisso do Sistema Conselhos no combate ao racismo institucional, aumento do número de atendimentos psicológicos nas clínicas de trânsito e aumento dos debates, dentro do Sistema Conselhos, sobre mobilidade humana.

Ao final, foram eleitos delegados para o COREP. No total, fotam escolhidos 18 efetivos, três suplentes e dois estudantes.