No dia 5 de março, o CRP-RJ realizou o segundo pré-congresso para o COREP (Congresso Regional de Psicologia). O encontro ocorreu na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Urca, e teve início com um debate sobre “Psicologia e gestão de pessoas: que práticas queremos afirmar?”, organizado pela Comissão Regional de Direitos Humanos (CRDH).
Abrindo o evento, a conselheira Vivian de Almeida Fraga (CRP 05/30376), presidente da Comissão Organizadora do COREP-RJ, chamou a atenção para a importância da área de Recursos Humanos e da participação dos psicólogos desse campo nos pré-congressos, escrevendo teses e se elegendo delegados. “A Psicologia nas empresas é a segunda que mais emprega psicólogos. Se os psicólogos do trabalho não provocarem o Sistema Conselhos, é difícil conseguirmos que esse tema seja pauta nos conselhos regionais”.
Foi exibido, então, um vídeo sobre o VII Congresso Nacional de Psicologia (CNP), trazendo um histórico de todos os CNPs e apresentando a importância dessa instância de participação da categoria na elaboração de diretrizes para as gestões dos conselhos.
O conselheiro Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (CRP 05/26077), coordenador da CRDH, reafirmou a importância do CNP, do qual os pré-congressos e o COREP são etapas preparatórias. “Quando uma gestão assume um conselho, ela não faz o que quer, ela segue as deliberações do CNP. Nosso grande estímulo de estar nos pré-congressos é que neles construímos teses e deliberamos sobre a prática do psicólogo. Neste momento, somos protagonistas da construção da profissão”.

Neide Ruffeil, Bernardo Bittencourt Suprani, Valéria Salek Ruiz, Letícia Pessoa Massom e Marcello Santos Rezende, na sequência, foram os convidados para o debate “Psicologia e gestão de pessoas: que práticas queremos afirmar?”
Em seguida, ocorreu o debate, que foi a primeira edição de 2010 do Trocando em Miúdos, encontro realizado periodicamente pela CRDH. A atividade teve como convidados a psicóloga do trabalho Neide Ruffeil (CRP 05/26238), os psicólogos da Petrobrás Bernardo Bittencourt Suprani (CRP 05/36843) e Valéria Salek Ruiz (CRP 05/18464), e os psicólogos da Eletrobrás Letícia Pessoa Massom (CRP 05/31053) e Marcello Santos Rezende (CRP 05/32653).
Bernardo apresentou alguns pontos discutidos previamente por todos os convidados, que serviram como base para a discussão, aberta a todos os presentes. Ele levantou um questionamento: “Será mesmo possível gerir pessoas? As pessoas são ‘recursos’ para serem geridos?”.

Os participantes trouxeram, para o debate, questões a partir de suas experiências.
Outra questão, levantada por Marcelo, foi a relação entre trabalho e saúde. “Pensamos saúde não no sentido biomédico, de prevenir doenças, mas no da pessoa se sentir bem com seu trabalho”, disse.
Os participantes, então, também trouxeram questões a partir de suas experiências. Entre elas, estava o fato de a pressão no ambiente de trabalho também atingir o próprio psicólogo. Nesse sentido, a relação de trabalho poderia ser vista como uma relação de opressão. “Em nosso país, existe uma precarização da mão de obra. Não é à toa de quem faz essa discussão hoje é a Comissão de Direitos Humanos; pensar relação de trabalho é pensar Direitos Humanos”, apontou uma psicóloga.
Um estudante de Psicologia também ressaltou que essas relações de trabalho não podem ser naturalizadas. “A Psicologia não deve naturalizar nada: o trabalho e a gestão de pessoas não são coisas naturais. Não podemos atender a todas as demandas que nos chegam, mas refletir sobre elas. O papel do psicólogo seria manter esse sistema que oprime ou romper com ele?”.
No que diz respeito aos processos de seleção, foi apontado que os critérios usados pelos psicólogos não podem ferir as resoluções e o Código de Ética dos psicólogos. “Temos, por exemplo, a Resolução 001/99 do CFP, que diz que psicólogos não podem discriminar ninguém devido à orientação sexual; eles também não podem discriminar devido à cor, o que está na Resolução 018/2002. Então, esses não podem ser critérios para a contratação de uma pessoa. Os critérios devem ser políticos e éticos”, afirmou Pedro Paulo.
Outros pontos discutidos foram a importância do trabalho multidisciplinar e do psicólogo se atualizar constantemente; a relação com os administradores, que, muitas vezes, reivindicam exclusividade de trabalho em RH; e o psicólogo enquanto trabalhador, entre outros.

A mesa diretora do pré-congresso foi formada pelo conselheiro Lindomar Darós, o psicólogo Luan Carpes Barros Cassal e psicólogo Marco Aurélio de Rezende.
Após o debate, foi dado início ao pré-congresso. Seguindo as normas do Regulamento do CNP, houve uma eleição da mesa diretora, que teve o conselheiro Lindomar Darós (CRP 05/20112) como presidente, o psicólogo Luan Carpes Barros Cassal (CRP 05/38831) como secretário e o psicólogo Marco Aurélio de Rezende (CRP 05/27536) como relator. A mesa fez a leitura do regimento interno do pré-congresso, que foi modificado e aprovado pelos participantes.
A seguir, houve a eleição dos delegados que representariam a região no COREP, sendo escolhidos 20 psicólogos.
A etapa seguinte foi a leitura das teses, que poderiam ser aprovadas na íntegra, aprovadas com modificações ou rejeitadas pela plenária. Os participantes foram divididos em grupos de trabalho, cada um responsável por apreciar e modificar, quando necessário, algumas das 11 teses disponíveis. Ao final, todas foram lidas para toda a plenária, que as votou em definitivo.
As teses abordavam temas como a possibilidade de a Comissão Nacional de Direitos Humanos tomar a área de Psicologia do Trabalho para discussão, dar maior visibilidade aos encaminhamentos dados pelos conselhos às teses aprovadas no CNP e o acompanhamento de editais de concursos pelos colegiados dos conselhos profissionais regionais e nacional.