A Comissão Gestora da subsede da Região Serrana do CRP-RJ realizou, nos dias 2 e 3 de dezembro, na cidade de Petrópolis, uma oficina da Rede de Cuidados da Região Serrana/Psicologia das Emergências e dos Desastres. O objetivo do evento foi levar aos profissionais os dois eixos de trabalho da Rede de Cuidados: a prevenção e ação e a discussão do papel e da atuação do psicólogo em emergências e desastres. A oficina foi realizada a pedido do coordenador da divisão de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde de Petrópolis, Rui Carlos Stockinger.
Rui Carlos Stockinger, José Novaes e Cléia Zanatta Clavery Guarnido Duarte, na sequência, participaram da mesa de abertura da oficina da Rede de Cuidados da Região Serrana/Psicologia das Emergências e dos Desastres.
Na mesa de abertura, no dia 2, o conselheiro-presidente do CRP-RJ, José Novaes (CRP 05/980), falou sobre a atuação psi na área. “A inserção da Psicologia nas situações de emergências e desastres, através do Sistema Conselhos, é bem recente; foi em 2005 que os primeiros passos nesse sentido foram dados. O CRP-RJ é um dos pioneiros nesta área, através do trabalho da Comissão Gestora da subsede da Região Serrana, com vários eventos já feitos com este tema. Este de destina, especificamente, a estudar e discutir como os psicólogos e psicólogas podem atuar na área”.
Novaes lembrou os presentes que 2010 é um ano eleitoral no Sistema Conselhos e salientou a importância da participação dos psicólogos nos Congressos Nacional e Regional de Psicologia com o envio de teses. “É importante haver uma mobilização por parte da categoria, com articulação e envio de teses. Esse aqui já é um evento preparatório para o COREP do ano que vem”, afirmou.
O evento teve a participação de Pedro Paulo Bicalho, conselheiro-coordenador da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ,
Também participaram da mesa a psicóloga Cléia Zanatta Clavery Guarnido Duarte, coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Católica de Petrópolis e membro da Comissão Gestora da subsede do CRP-RJ, e o psicólogo Rui Carlos Stockinger, coordenador da divisão de saúde mental da SMS de Petrópolis.
Aconteceu, então, uma mesa com o conselheiro-coordenador da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ, Pedro Paulo Bicalho. Em seguida, houve intervenções do coronel Carlos de Paula, coordenador da Defesa Civil de Petrópolis, e do coordenador do Comitê de Ações Emergenciais, Luiz Eduardo Peixoto.
De Paula fez um histórico das situações de desastres em Petrópolis, assinalando a característica geográfica da cidade e a ocupação desordenada que favorecem as inundações e os deslizamentos. Já Peixoto falou sobre a proposta do Comitê e os pontos críticos do município. Também trouxe o compromisso de realização da Conferência Municipal de Defesa Civil.
A palestra da médica psiquiátrica e primeiro-tenente BM Corina Muller falou sobre os principais problemas que afetam a população das cidades da Região Serrana.
Em seguida, houve uma palestra da médica psiquiátrica e primeiro-tenente BM Corina Muller, que falou sobre os principais problemas que afetam a população das cidades da Região Serrana. Segundo ela, “a realidade dessas populações é uma realidade frágil, vulnerável por conta de epidemias de dengue, meningite, H1N1, além de incêndios, enchentes… estas são questões que estão latentes a todo o momento”.
Corina questionou também de que forma é possível preparar os profissionais que atuam na ponta da Rede de Cuidados. Em situações como enchentes, por exemplo, ela afirmou que o profissional precisa ter condições de garantir a integridade ambiental e psíquica das famílias afetadas.
“Os transtornos mentais associados a desastres podem ser imediatos ou se manifestarem tardiamente. Apresentar alguns sintomas logo após o desastre é comum, mas nós temos de analisar a disfunção que eles causam em longo prazo”, acentuou ela.
Por fim, a primeiro-tenente destacou a importância de trabalhos de prevenção e não somente de ação no momento exato do desastre. “O Corpo de Bombeiros passou a fazer também trabalhos de prevenção a esses desastres, e não só resgates e ações após esses desastres. Esse tipo de ação é fundamental”.
Foi realizada uma oficina apresentando a proposta, a organização e os desafios da Rede de Cuidados para os municípios da região serrana do estado do Rio de Janeiro.
Na parte da tarde e no dia seguinte, foi realizada uma oficina com os participantes. A conselheira e presidente da Comissão Gestora da subsede, Samira Younes Ibrahim, e o colaborador da Comissão Gestora Luiz Henrique de Sá coordenaram a oficina, apresentando a proposta, a organização e os desafios da Rede de Cuidados para os municípios da região serrana do estado do Rio de Janeiro.
Inicialmente, foi realizada uma dinâmica sobre as dificuldades encontradas no dia-a-dia de trabalho. Samira pontuou a importância de contar com ação coordenada na estruturação do trabalho e a necessidade de refletir sobre como “viabilizar a inserção do trabalho do psicólogo com emergências e desastres em suas tarefas diárias”.
Luiz Henrique de Sá afirmou que “EUA, Espanha e países da América Latina estão à frente no debate e nos projetos da Psicologia das Emergências e dos Desastres”. Segundo ele, “estamos começando a construir, no Brasil, alguma coisa que atenda às nossas necessidades locais”.
Ainda de acordo com ele, a proposta da Rede de Cuidados é trabalhar nos eixos da ação e da prevenção, sem priorizar um ou outro. “Precisamos avançar um pouco mais na atuação psi na Rede. Precisamos que psicólogos, líderes comunitários e professores atuem na ação e na prevenção. A ação tem que ser articulada em equipe”.
Uma participante apontou “a falta de políticas públicas sérias para tender às necessidades reais dos programas de ação e prevenção”. Outra psicóloga complementou, afirmando que “é preciso mudar a cultura assistencialista nas políticas de prevenção, uma vez que esses problemas já não afetam mais somente as classes pobres, mas também as classes médias e altas”.
Ao final, Samira agradeceu a participação de todos e disse que “falar sobre a Psicologia das Emergências e dos Desastres já é um grande avanço pois ainda é um processo em construção. Ela acrescentou que é importante questionar qual o papel do psicólogo em emergências e desastres e desenvolver nos projetos a ação transdisciplinar.
Texto e fotos: Felipe Simões
04 de dezembro de 2009