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Patologização da transexualidade é tema de Roda de Conversa do GT de Diversidade Sexual


Data de Publicação: 9 de outubro de 2009


O Grupo de Trabalho Diversidade Sexual do CRP-RJ organizou uma roda de conversa para debater o processo patologizador da transexualidade. O evento, que aconteceu no dia 7 de outubro, contou com a presença de Lindomar Darós (CRP 05/20112), conselheiro presidente da Comissão de Psicologia e Políticas Públicas do CRP-RJ, Pedro Paulo Bicalho (CRP 05/26077), conselheiro do CRP-RJ e membro do GT Nacional de Psicologia e Diversidade Sexual do Sistema Conselhos, Daniela Murta Amaral (CRP 05/29141), colaboradora do GT Psicologia e Diversidade Sexual, Márcia Áran, professora do Instituto de Medicina Social/UERJ, e Bianca Santos, capitã-de-corveta reformada da Marinha.

Roda de conversa debateu a necessidade de uma atuação mais concreta e organizada da Psicologia no processo de despatologização da transexualidade.

Roda de conversa debateu a necessidade de uma atuação mais concreta e organizada da Psicologia no processo de despatologização da transexualidade.

A convidada Márcia Áran iniciou a conversa ressaltando a importância do GT no Conselho e a necessidade de uma atuação mais concreta e organizada da Psicologia no processo de despatologização da transexualidade. “Durante os dois anos de atendimento psiquiátrico pelo qual o ‘candidato’ a cirurgia passa, o psi atua em grande parte. Precisamos abolir o diagnóstico como parte essencial no processo”, enfatizou. Ela problematizou a realização de diagnósticos para regulamentar o acesso à cirurgia, mas questionou: “como fazê-lo de outra forma? Acho que esse é um dos grandes desafios da Psicologia”.

Bianca Santos, que passou pela cirurgia de resignação sexual, comentou se considerar mais completa agora. “É como se eu tivesse nascido sem uma perna e agora estivesse correndo por aí. A cirurgia me permite ser ‘normal’ e me sentir incluída”, relatou.

Já o conselheiro Pedro Paulo expôs que, na América Latina, existem 80 países que enquadram a homossexualidade como crime e que, em sete deles, a punição é a pena de morte. “A patologização não é natural. Como podemos ver, cada sociedade vê a transexualidade de uma maneira. O Brasil e o México não criminalizam o homossexualidade, mas possuem os maiores índices de homicídios a gays. Isso mostra que a judicialização não acontece só quando existe a lei”, afirmou.

Ele lembrou também que o julgamento da psicóloga Rozângela Justino, acusada de tratar a homossexualidade como doença, serviu para dar visibilidade ao assunto na sociedade. “Ela não sabe o quanto nos beneficiou. Ao ‘curar’ homossexuais, ela trouxe a questão a tona e reacendeu o debate sobre o tema”, brincou.

Lindomar Darós comentou que rodas de conversa são uma importante ferramenta para fomentar debates sobre a diversidade sexual, pois “as pessoas que vêm acabam contando para outros as coisas que escutou e a troca de informações gera uma reflexão”.

O conselheiro chamou a atenção para a necessidade de elaboração de políticas públicas voltadas para questões da diversidade sexual. “Acho que a criação de um GT nacional para discutir o tema foi um grande ganho nesse sentido”, explicou.

Durante o debate, os participantes comentaram que faltam médicos do SUS especializados em cirurgias reparadoras, pois muitos saem insatisfeitos dos Centros Especializados que existem no Brasil. Ainda sobre o SUS, um participante falou que o foco não deveria ser na doença. “O Sistema precisa relacionar o desejo de mudar como uma busca pela saúde e bem estar psíquico e social”, comentou.

Outros pontos foram abordados no debate, como a criação de políticas públicas que ajudem os transexuais que são colocados para fora de casa pela família, e qual seria o papel do psicólogo no processo anterior a cirurgia resignação sexual.



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