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Mesa sobre precarização do trabalho abre segundo dia da III Mostra


Data de Publicação: 21 de julho de 2009


Na abertura do segundo dia da III Mostra Regional de Práticas em Psicologia, houve a mesa redonda Discutindo a precarização do trabalho, mediada pela conselheira-presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP-RJ, Wilma Mascarenhas (CRP 05/27822), e que contou com a participação do conselheiro-presidente do Conselho Regional de Minas Gerais, Rogério de Oliveira Silva (CRP 04/14209), e do professor de pós-graduação em Psicologia Social da UERJ, Milton Athayde.

O conselheiro-presidente do CRP-MG iniciou falando sobre o histórico dos modelos de organizações do trabalho desde o século XIX, uma época em que, conforme afirmou, “falar de Direitos Humanos era um palavrão e lutar por direitos sociais para trabalhadores era um caso de polícia”.

Rogério lembrou, em seguida, do fortalecimento da social-democracia, após a II Guerra Mundial (1939-45), especialmente nos países da Europa Ocidental, em que grandes reformas econômicas e sociais foram promovidas para atenuar desigualdades sociais e prover aos trabalhadores um grau mínimpo de bem-estar social.

Ele afirmou que a social democracia representou “a negociação com os capitalistas em que se dizia que o lucro é aquilo que vai possibilitar o crescimento da economia”. Segundo o conselheiro, foi nessa época também que houve “as primeiras negociações de direitos entre trabalhadores e os patrões”.

Ainda segundo Rogério, “a Psicologia tem feito uma discussão muito medrosa e incipiente sobre sua relação com o trabalho. A proteção social não deve ser o papel da Psicologia nem do Serviço Social, por exemplo. A Psicologia tem algo a oferecer, como ciência e profissão”.

Para o conselheiro, a Psicologia fez “uma opção por um modelo societário, mas isso não quer dizer que ela deva se submeter a um crivo ideológico”.

“O que vai ser hegemônico é o trabalho imaterial, e essa nova dinâmica da economia nos coloca em outro lugar. A Psicologia entra justamente no imaterial, no setor de serviços, e ela deve responder àquilo que ela se propõe a fazer nesse cenário. Nós fizemos uma opção ético-política sobre o modelo de sociedade que queremos ter, voltado ao individuo e aos esforços da coletividade. Há muito tempo incorporamos a bandeira dos Direitos Humanos, da inclusão social; agora lutamos para implementar esse projeto”, sintetizou.

O professor Milton afirmou, por sua vez, que mais do que ser apenas críticos, temos que ficar indignados com essa nova dinâmica das relações de trabalho. Mas alertou também para o fato de que indignar-se, somente, não contribui para que o debate contemple questões importantes.

“Estamos indo em direção a um projeto muito perigoso e pouco nos indignamos com isso. A indignação é fundamental, mas não é suficiente. É preciso ver a precarização do trabalho dentro de um contexto maior, de precarização da vida. No entanto, percebemos que não estamos tendo no Brasil um debate amplo que contemple, principalmente, as questões da subjetividade. Isso é imprescindível”, sintetizou ele.

Milton sustentou que nem a terceirização nem a flexibilização do trabalho são necessariamente sinônimos de precarização, entretanto, fez duras críticas à subcontratação, o que qualificou de “crime”.

Ele apontou ainda que o termo precarização do trabalho se refere à perda de conquistas prévias em relação ao assalariamento, e afirmou que a flexibilidade talvez seja um caminho para mantê-las. Na opinião do professor, “uma coisa é falar em flexibilização do contrato de trabalho ou dos direitos trabalhistas, outras diferente é falar na flexibilização do trabalho, em si, o    que traria muitos benefícios para o trabalhador”.

“À parte as duras críticas que fazemos à flexibilidade que a crise global tem colocado como alternativa ao modelo fordista, devemos olhar para ela como uma possibilidade social e técnica extraordinária para o trabalhador”, considerou.

Com os debates que fecharam essa mesa, deu-se continuidade à programação da III Mostra, com a realização de diversas apresentações de trabalho e oficinas. Algumas comissões do CRP-RJ organizaram suas próprias oficinas, como foi o caso da Comissão de Orientação e Ética (COE), que abordou Ética e Psicoterapia, a Comissão de Estudantes, que promoveu uma dinâmica sobre questões relacionadas à formação em Psicologia, e, por fim, o CREPOP, que realizou a segunda reunião do seu terceiro ciclo do ano, sobre mobilidade urbana.

Texto e Fotos: Felipe Simões

21 de julho de 2009