O Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ) com apoio da Universidade São Francisco e do Instituto Teológico Franciscano realizou no dia 29 de setembro na região Serrana o I Seminário sobre Psicologia, Religião e Espiritualidade. O encontro debateu as práticas de Psicologia, garantia de direitos humanos e laicidade com os mais de 130 participantes que lotaram o Instituto Teológico Franciscano no Centro de Petrópolis.
A atividade foi apresentada pelo psicólogo Heverton Muniz (CRP 05/61078), psicólogo, pós-graduado em Sexualidade pela Universidade Cândido Mendes, colaborador da Comissão Gestora da Região Serrana, do Eixo de Políticas Públicas Anticapacitistas, e da Comissão Intergestora de Regionalização e Descentralização do CRP-RJ, que relatou que o encontro foi “um momento de aprendizagem com mesas potentes”.
Mesa de abertura e institucional
A mesa de abertura e institucional contou com Céu Cavalcanti (CRP 05/57816) – psicóloga, presidenta do CRP-RJ, graduada e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), doutoranda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), integrante da diretoria nacional da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO), do Conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos da Trans-homocultura (ABETH) e na articulação nacional de Psicólogas/os/ues Trans (ANP Trans), Filipe Degani (CRP 05/46254) – psicólogo, conselheiro do CRP-RJ, professor do Instituto de Psicologia e do programa de pós-graduação em Psicologia Social da UERJ, Victoria Gutiérrez (CRP 05/20157) – psicóloga, conselheira do CRP-RJ, especialista em terapia de casal e família, especialista em atendimento a usuário de álcool e outras drogas, coordenadora da Comissão Gestora da Região Serrana, coordenadora da Comissão Especial de Estudantes e coordenadora do Eixo de Políticas de Álcool e outras Drogas e Frei Sandro Roberto da Costa, representante Instituto Teológico Franciscano, possui doutorado em História da Igreja pela Pontifícia Universitas Gregoriana – Roma, Itália (2000), foi diretor do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis por dois mandatos (2007-2009/2010-2012) e atualmente é professor no Instituto Teológico Franciscano – Petrópolis, RJ, lecionando as disciplinas História da Igreja Antiga e Medieval.
A presidenta do CRP-RJ, Céu Cavalcanti, agradeceu o acolhimento do instituto e as pessoas que estavam presentes no evento. “Esse evento é para garantir um bom estado da Psicologia no Rio de Janeiro. Hoje discutimos de forma ampla e elucidativa religião e espiritualidade na Psicologia, e todos os seus atravessadores”.
O segundo palestrante da mesa foi o psicólogo Felipe Degani. O psicólogo agradeceu as portas abertas do instituto nesse que é o primeiro evento do Eixo de Laicidade do CRP-RJ para discutir a resolução 07/2023. “Esse é um dos temas mais quentes nas últimas décadas. É válido lembrar que a Psicologia precisa ser laica”, disse o psicólogo.
Victoria Gutierrez, coordenadora da Comissão gestora Serrana, falou que o evento foi pensado desde antes do início da pandemia. “O tema é necessário para a Psicologia e para a cidade de Petrópolis. Ele foi pensado em 2020, mas a pandemia impossibilitou a realização. É super importante fazermos esse evento acontecer”, afirmou.
“Esse é um espaço em que todos serão bem acolhidos independentemente da religião. Homens e mulheres precisam ser felizes”, disse o Frei Sandro sobre o instituto ser laico enquanto entidade ligada ao Ministério de Ensino da Educação (MEC), conforme manda a lei do país ser um Estado laico.
Mesa 1 – “Qual a importância da Laicidade para a Psicologia”
Na primeira mesa do Seminário tivemos Héder Bello (CRP 05/51594), psicólogo, mestre e doutorando pelo Instituto de Psicologia (UFRJ), coordenador do Eixo de Laicidade do CRP-RJ, um dos organizadores da publicação: “Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs” – “Seria a laicidade a melhor forma de pensar as relações entre Psicologia e Religião?”, Céu Cavalcanti (CRP 05/57816), psicóloga, presidenta do CRP-RJ – “Práticas políticas, garantia de direitos e laicidade – o que isso tem a ver com a Psicologia?”, e na mediação, Vanessa Jabou (CRP 05/74127), psicóloga, pós-graduanda em especialização em Psicologia Clínica Existencialista Sartriana pelo NUCAFE e pós-graduanda em Intervenção na Autolesão, Prevenção e Posvenção do Suicídio pelo Instituto Vita Alere.
Héder contextualizou o conceito de laicidade e a história da construção da laicidade no Brasil. “A palavra laicidade não significa que a pessoa não tem ou não possa ter religião. A laicidade significa ser contra o modo de fazer religião, de modo único, de forma que não permita que o sujeito seja de acordo como gostaria de ser”, explicou.
Céu apontou a importância de ter um evento lotado e o interesse das pessoas de diversos lugares do estado em estar no evento com esse tema. “Isso demonstra como é fundamental fazermos mais falas como essas. Devemos atravessar relações e temas como esse na Psicologia. Religião é como se fosse uma sacolinha semiótica que temos para podermos entender o mundo e o que dá sentido a ele e a Psicologia faz parte dessa sacolinha”.
“É um pouco egoísta pedir para uma pessoa ter a mesma sacolinha semiótica que temos”, disse a mediadora da mesa Vanessa dialogando com a fala anterior da presidenta do CRP-RJ.
Mesa 2 – “A função da Psicologia e a relação com o sagrado”
Participaram da segunda mesa Rebeca Maciel (CRP 05/50613), psicóloga clínica, professora na UNIFESO e doutora em Psicologia Social (PPGPS/UERJ) – “Diversos corpos na experiência do sagrado: a escuta de mulheres evangélicas”, Francyne Andrade (CRP 05/55825), psicóloga, conselheira do CRP-RJ, mestre em Psicologia Social pela UERJ e membro do Grupo de Estudos e Pesquisas Subjetividades e Instituições em Dobras (GEPSID) – “Cuidado e subjetividade nas encruzilhadas entre territórios e terreiros”, Fabiane Vieira (CRP 05/28527), psicóloga, especialista em clínica psicanalítica, psicoterapeuta em análise psico-orgânica e mestra em Psicologia Social – “Um olhar para o racismo religioso e a produção de saúde mental: caminhos para uma escuta profissional ética” e Filipe Degani (CRP 05/46254) – psicólogo, conselheiro do CRP-RJ, professor do Instituto de Psicologia e do programa de pós-graduação em Psicologia Social da UERJ, na mediação.
O mediador da mesa Filipe Degani falou sobre a relação da Psicologia e o sagrado e disse que “a Psicologia tem muito a dizer sobre a relação que o sagrado produz. Sendo ela de cura ou de culpa.”
Francine falou sobre perspectivas, reflexões e experiências nos espaços de relação com o sagrado, e como dialogar com a fé de maneira ética e cuidadosa. “Não é tranquilo você assumir sua religião por conta de determinados marcadores sociais que prejudicam sua vida”, disse a psicóloga umbandista.
Rebecca trouxe ao debate a escuta de mulheres evangélicas, focando na psicologia serviçal, tendo compromisso ético, pluralidade, experiências em clínica e sobre racismo religioso. “É importante que a Psicologia fale sobre religiosos e religião. A formação precisa ter também disciplinas que falem sobre religião e espiritualidade”.
Fabiane trouxe a prática psi e a escuta ativa sobre esse tema tão caro. “Precisamos de uma clínica que tem escuta ativa que se propõem estar à disposição acerca das subjetividades que atravessam a religiosidade. Não deve ser minha pertença religiosa que deve aparecer no prontuário da clínica”, disse.
Terminando as falas da mesa, o mediador Filipe fechou com provocações, “precisamos entender se os frutos do sagrado são místicos ou patológicos. Se ele está produzindo saúde ou sofrimento psíquico. A prática religiosa não pode produzir adoecimento.”
Confira como foi o I Seminário sobre Psicologia, Religião e Espiritualidade acessando https://www.youtube.com/live/z8z9X4O9y7o?feature=share
