Ocorreu no dia 27 de junho mais um evento preparatório do Ano da Psicoterapia, desta vez na cidade de Petrópolis. Estiveram presentes a conselheira do CRP-RJ, Samira Younes Ibrahim (CRP 05/7923), e os colaboradores da Comissão de Ética, Márcia Regina (CRP 05/) e Neli Bernardo (CRP 05/32255), e do GT de Psicoterapia, Alexandre Trzan (CRP 05/35809).
Na abertura, Samira fez um pequeno histórico das discussões sobre psicoterapia dentro do Sistema Conselhos e, em seguida, apresentou os eixos temáticos indicados pelo CFP para orientar os debates com a categoria.
Em seguida, o professor Kruger Helmuth apresentou quatro pontos que, segundo ele, “merecem nossa atenção” para se pensar Psicoterapia. Para ele, é importante pensar, inicialmente, a relação entre a psicoterapia e a Psicologia.
O professor levantou a necessidade de avaliar a psicoterapia como uma prática múltipla, que abrange diversidades técnicas, e também a formação e a qualificação do profissional em psicoterapia. Ele citou, ainda, a importância de se analisar essas questões a partir de “aspectos de natureza social, científica e ética”.
Luiz Henrique, psicoterapeuta e supervisor da Secretaria de Saúde de Petrópolis, lembrou – citando a fala de Helmuth – a importância de o psicoterapeuta ter “uma sólida formação acadêmica”.
O psicoterapeuta criticou a tendência geral de se avaliar as psicoterapias apenas pelos resultados que oferecem, e não pelo seu conjunto de práticas em si. Ele afirmou que a psicoterapia nem sempre se pauta por critérios essencialmente científicos e lembrou que cada atendimento psicoterápico deve ser conduzido de forma única.
“Nós precisamos conhecer, obviamente, os campos da psicoterapia, mas precisamos também ter experiências de vida e dedicar tempo e suor a nossa própria formação individual. Precisamos juntar essas duas pontas”, afirmou.
A psicóloga Cleia Zanatta definiu psicoterapia como “modalidade de natureza técnica, amparada por um subsidio teórico para o exercício da ajuda às pessoas que estejam vivendo dificuldades no plano psicológico”.
Segundo ela, a psicoterapia é algo dentro de território mais amplo, que é a Psicologia Clínica, e, portanto, não deixa de ser “uma terapia de natureza psíquica, na qual o que está em jogo são os processos mentais, e como se dão na conduta da pessoa que se apresenta a esse psicoterapeuta”.
A psicóloga também criticou o papel assumido recentemente pelas universidades. Para ela, a universidade, atualmente, é vista apenas como um pólo de formação de profissionais de nível superior, quando, na verdade, deveria ser “um espaço de produção de conhecimento de nível superior, com desenvolvimento de discussões críticas para subsidiar conhecimentos científicos”.
Uma possível saída, de acordo com Cleia, é haver disciplinas que, sem preteri uma pela outra, promovam maior ligação entre a teoria e a prática, de forma a “fortalecer uma formação sólida dos profissionais psi, com conceitos sólidos, conhecimentos límpidos e discernimento sobre as práticas científicas”.
Maria Célia Machado, por sua vez, ressaltou que o psicólogo precisa ter “um processo educacional continuo na vida”, e teceu críticas à ideia de que as universidades devem formar somente psicólogos generalistas, e que estes, caso queiram maior aprofundamento, devem recorrer às especializações.
Outro alvo de críticas da psicóloga foi a tendência de considerar tudo proveniente do aspecto emocional, o que, segundo ela, dificulta e confunde o trabalho do psicólogo. Conforme lembrou, observa-se à tendência de “empurrar tudo, todas as pessoas, todos os problemas, todas as demandas, para os serviços de Psicologia, como os SPAs”.
Maria Célia aproveitou a ocasião para mandar um recado Àqueles que estão se formando agora: “Vá buscar a sua habilidade, use seu lado artístico que todo mundo tem, senão a psicoterapia vai acabar na mão de todo mundo que tem bom-senso, menos estudo para tal”, ponderou.
Texto: Felipe Simões
1° de julho de 2009