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GT de Psicologia e Esporte realiza encontro sobre as formas de intervenção psi no Esporte


Data de Publicação: 13 de junho de 2009


O Grupo de Trabalho de Psicologia do Esporte do CRP-RJ realizou, no dia 8 de junho, um evento sobre “Formas de intervenção em Psicologia do Esporte”, que contou com a presença não somente de psicólogos da área como também de profissionais de Educação Física e de áreas afins.

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Para a mesa, foram convidados Maurício Pires de Albuquerque – pós-graduado em Psicologia Aplicada ao Esporte de Alto Rendimento pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) -, Erick Francisco Quintas Conde – mestre em Neuroimunologia pelo Laboratório de Neurobiologia da Atenção e Controle Motor (UFF) e psicólogo do Clube de Regatas do Flamengo (Futebol de Formação) – e Teresa Cristina Braga Fragelli – pós-graduada em Psicologia Esportiva Aplicada ao Atleta de Alto Rendimento pela UVA.

Abrindo a mesa, Teresa debateu pontos controversos relacionados à elaboração, por psicólogos, do perfil de avaliação de um atleta. Apear de reforçar que “não despreza o uso de testes”, ela lembrou que “o resultado obtido pelo teste não pode ser tido como absoluto, porque devemos sempre pôr em análise a demanda, quer dizer, como o atleta enfrenta a competição e como ele se percebe como atleta”.

Na ocasião, Teresa revelou sua preferência pelo método sociodramático, em que, segundo ela, “os atletas se sentem confortáveis para identificar, através do outro, questões importantes de serem pensadas. A partir do sociodrama, nos sentimos mais seguros para trabalhar com o grupo, porque essa é uma estratégia para atenuar o estresse do treinamento”, disse.

Ela também lembrou a importância “da presença do psi no habitat do atleta porque a aceitação do psi por parte do atleta é muito difícil e nem todo técnico ou treinador permite que o psicólogo esteja em campo, realizando esse acompanhamento”.

Erick Conde, que trabalha com neurociência aplicada ao futebol, explicou as funções fisiológicas do cérebro e esclareceu que “a neurociência é um desdobramento da prática, pois ela está entre a fisiologia e a Psicologia”. De acordo com ele, o neurocientista não necessariamente precisa ser psicólogo, entretanto, ele “precisa conhecer a dinâmica da prática do esporte para poder trabalhar com dados coletados”.

Em seguida, Maurício falou sobre o THP, Treinamento de Habilidades Psicológicas, e as dificuldades de trabalhá-lo junto aos atletas. “Trazer o atleta para dentro da sala é um trabalho complicado. E a grande dificuldade mesmo é convencer o atleta e o técnico de que o THP é uma prática sistemática de habilidades psicológicas”, constatou.

O psicólogo também afirmou que os fatores psicológicos dependem de fatores cotidianos e influenciam o rendimento do treinamento. Para ele, “concentração, confiança e controle de ansiedade são fatores psicológicos que influenciam o desempenho do atleta na competição, e é justamente aí que o THP atua”.

Maurício considerou, ainda, que grande parte das dificuldades enfrentadas pelo psicólogo para aplicar o THP é o fato de ele “não ser mensurável, o que dá a ideia, muitas vezes, de que ele não produz resultados”.

Com o término da mesa, teve início o debate com os presentes. O principal ponto teve relação com a posição e o papel do psicólogo no esporte. Um participante questionou como se dava a intervenção psi na área e que efeitos ela produz.

Maurício respondeu que a posição do psicólogo é “de bastidor” e que nem sempre a intervenção psi produz os efeitos desejados. Conforme avaliou, o acompanhamento psicológico por si só não surte efeito no atleta. “Quando o atleta opta pelo acompanhamento, isso não necessariamente traduz uma melhora no desempenho”. No entanto, ele sublinhou que o “psicólogo precisa se colocar disponível para o atleta que se encara como ‘problema’ e acaba por aceitar ser catalogado assim”.
Erick, por sua vez, enfatizou que “o psicólogo não é mágico porque trabalha com as conjunturas, com as mudanças e as adversidades”, ao que Teresa complementou: “O trabalho psi no esporte nem sempre é conseguir reverter ou mudar uma situação, mas simplesmente amenizá-la”.

Texto e Fotos: Felipe Simões

13 de junho de 2009



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