No dia 9 de março, o CRP-RJ foi palco de uma discussão sobre o trabalho dos psicólogos no campo dos esportes e atividades físicas. O primeiro evento realizado pelo Grupo de Trabalho de Psicologia do Esporte reuniu mais de 35 pessoas e procurou identificar as demandas dos que atuam nesse campo para, assim, estipular diretrizes para o trabalho do GT. “O objetivo desse primeiro encontro é mobilizar a categoria e ouvir suas demandas”, resumiu o conselheiro José Henrique Lobato (CRP 05/ 18767), coordenador do GT.
Abrindo o evento, os membros do GT realizaram uma apresentação dos seus objetivos, além da origem do grupo. A colaboradora Louise Cordeiro Borba Nogueira (CRP 05/ 31971) explicou que esse era um tema já debatido pelo CRP-RJ, mas ganhou ênfase em 2008 com os Jogos Olímpicos de Pequim. Em outubro, foi então criado o GT, tendo como público-alvo psicólogos e outros profissionais que atuam com atividades físicas.
Ela listou ainda os objetivos do GT. “O objetivo geral é promover um maior conhecimento sobre os psicólogos atuantes na área do esporte, com o intuito de verificar suas demandas e ampliar suas possibilidades de ação junto à sociedade”, disse a psicóloga. Entre os objetivos específicos, constam ainda a discussão de políticas públicas, a promoção de eventos, o intercâmbio com meios de comunicação e com outros conselhos regionais e criar uma Comissão de Esportes no CRP-RJ.
Após a apresentação, teve início um debate entre os presentes. A programação inicial do GT previa a realização de um sociodrama antes da discussão, conduzida pela psicóloga convidada Ana Lúcia Barreto Bhering (CRP 05/6186). No entanto, o debate acabou ocorrendo em torno da própria metodologia que seria utilizada. Muitos dos presentes não concordaram com o sociodrama, por não estarem preparados para essa atividade. Eles explicaram que esperavam uma metodologia “mais objetiva” ao irem ao evento.
O GT ressaltou que a escolha do sociodrama se deu exatamente para fugir do padrão tradicional de palestra, na qual o público pouco ou nada se envolve. “A ideia é apresentar nossas propostas, ouvir as opiniões e demandas de vocês e tentar casar essas duas coisas. Por isso, optamos por não chamar alguém de fora para dar uma palestra, como se fosse alguém ‘iluminado’ nos dizendo o que fazer”, explicou a colaboradora Adriana Amaral (CRP 05/31762).
Ana Lúcia também destacou que “o sociodrama trabalha uma temática comum ao grupo; angústias e conflitos que o grupo compartilha. Isso se encaixa aqui, pois há uma ligação em relação ao esporte e às demandas para essa área. Eu poderia trabalhar esse grupo com relação a seu objetivo, saber o que ele espera, utilizando a metodologia da espontaneidade e da criatividade”. A psicóloga chamou a atenção, também, para o fato de a discussão ter sido uma forma de sociodrama, pois os presentes expressaram a forma como estavam sentindo naquele momento.
A partir dessa explicação, o grupo ficou mais à vontade para participar do sociodrama. Ana Lúcia colocou uma cadeira no centro do auditório e pediu que cada um pensasse no que aquele espaço vazio representava. “Quem quiser, pode vir ocupar esse vazio e expressar para o grupo o que está percebendo em si”, disse a psicóloga.
Ao todo, oito dos presentes ocuparam a cadeira e expressaram os sentimentos: angústia pela falta de organização no campo da Psicologia do Esporte; frustração pela paralisação na área; ansiedade pela vontade de avançar; desunião da categoria; vazio a ser ocupado pelos psicólogos; esperança de que essa tentativa vai dar certo; alegria pelo fato de os psicólogos quererem levar o trabalho adiante; e motivação para ajudar.
Utilizando o método da sociometria, Ana Lúcia pediu que os demais participantes se agrupassem em torno da pessoa com cujo sentimento eles mais se identificassem. Em seguida, eles escolheram novamente entre um dos três que haviam sido mais votados: vazio, frustração/paralisação e desunião. Destes, o “vazio” foi o sentimento com o qual o grupo mais se identificou.
Através do sociodrama percebeu-se uma dissociação entre Psicologia do Esporte e a Psicologia em geral.
O “vazio” foi então trabalhado pelo grupo através de uma representação corporal. O objetivo final era mostrar como a forma com a qual as pessoas representavam o vazio se refletia no seu corpo. Os participantes foram unânimes em dizer que a posição trouxe desconforto e os fez se sentirem “pesados”.
“Temos que refletir: se é o psicólogo quem está se sentindo pesado, quem vai tirá-lo dessa posição?”. A partir das falas e dos sentimentos demonstrados, ela percebeu que o principal motivo de os psicólogos se sentirem “pesados” é uma dissociação entre Psicologia do Esporte e a Psicologia em geral. “Senti que parece que uma não faz parte da outra. Vocês precisam ter consciência de que, antes, são psicólogos”, ressaltou ela, encerrando a atividade com gritos de “eu sou psicólogo” da platéia.
Durante o evento, foi aplicado um questionário com o objetivo de fazer uma pesquisa com os profissionais que atuam na área. Aqueles que não preencheram no dia, receberam um e-mail com a solicitação e o arquivo em anexo.
17 de março de 2009