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Trocando em Miúdos: CRP-RJ discute homofobia


Data de Publicação: 30 de junho de 2008


No dia 27 de junho, o CRP-RJ realizou mais um Trocando em Miúdos. Desta vez, o evento discutiu a homofobia, com o intuito de questionar qual o papel de psicólogos perante uma série de atos discriminatórios envolvendo indivíduos LGBT. A psicóloga Suyanna Linhales Barker (CRP05/27041), da Comissão Regional de Direitos Humanos, afirmou que o evento foi criado a partir das discussões geradas pela I Conferência Estadual LGBT, realizada entre os dias 16 e 18 de maio.

Participaram do evento a psicóloga Isadora Severo Garcia (CRP 05 /28520), mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RJ, assistente do Programa Gênero e Prevenção de Violência do Instituto Promundo, e o psicólogo Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (CRP 05/26077), conselheiro vice-presidente do CRP-RJ, coordenador da pesquisa “Psicologia e Homofobia: impactos da Resolução CFP 001/99”.

Isadora exibiu um vídeo que apresentava situações típicas de jovens LGBT, como a descoberta e aceitação de suas condições dentro das famílias. O filme foi criado a partir de idéias surgidas a partir de uma pesquisa realizada entre jovens brasileiros. Isadora trabalhou com rapazes entre 18 e 24 anos, de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Entre os jovens, havia alguns consensos, como o de não suspeitar que um rapaz sem trejeitos considerados femininos pudesse ser gay. Havia ainda, entre os depoimentos, a necessidade de explicar uma causa para a homossexualidade.

A psicóloga explicou que, na cidade do Rio de Janeiro, jovens gays moradores da Zona Sul ou de bairros de classe média têm percepção e conflitos diferentes sobre sexualidade, em comparação a jovens moradores de comunidades: “No espaço comunitário, vivências de discriminação e preconceito seriam muito mais difíceis”, disse ela.

Participantes lembraram que os pais não sabem lidar com filhos homossexuais: a educação, as orientações a que pais e mães estão acostumados são direcionadas a filhos heterossexuais – os pais dificilmente sabem como conversar e orientar filhos gays. Da mesma, forma, alguns apontaram o despreparo de professores, que muitas vezes também não conseguem administrar as relações com alunos não-heterossexuais. Ainda sobre a discussão no seio das famílias, Pedro Paulo lembrou que o próprio conceito de “família” deve ser repensado atualmente.

Discutiu-se ainda a própria idéia de homofobia, já que o conceito, classificando uma atitude como “fobia”, estaria patologizando um ato. Nesse sentido, houve também discussão sobre a criminalização de atos homofóbicos.

Pedro Paulo questionou se a penalização resolveria problemas de violência contra homossexuais, transgêneros e outros: “A solução é criar uma resolução atrás da outra?”, questionou o psicólogo, lembrando dos quase dez anos da Resolução n° 01/99, do Conselho Federal de Psicologia, que determina que homossexualidade não deve ser tratada como doença, distúrbio ou perversão.

Pedro afirmou que há uma série de outras questões além das que envolvem violência física contra a população LGBT. Ele apontou, por exemplo, a situação de psicólogos que atuam na área de Recursos Humanos, que comumente recebem orientações sobre como deve ser feita ou não a contratação de indivíduos homossexuais.

Texto e foto: Jean Souza

30 de junho de 2008