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CRP-RJ realiza evento sobre Educação Inclusiva na Uerj


Data de Publicação: 25 de abril de 2008


No dia 24 de abril, o CRP-RJ, através de sua Comissão de Educação, realizou mais um evento em prol da Educação Inclusiva. Foram organizadas cinco mesas redondas com psicólogos, educadores e outros especialistas no tema na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A Comissão de Educação do CRP-RJ realizou mais um evento em prol da Educação Inclusiva.

A Comissão de Educação do CRP-RJ realizou mais um evento em prol da Educação Inclusiva.

A mesa de abertura teve participação da conselheira-secretária do CRP-RJ, Noeli Godoy, que representou o conselheiro-presidente, José Novaes; da coordenadora da Comissão de Educação do Conselho, Francisca de Assis Alves; da coordenadora do Núcleo de Educação Inclusiva da Uerj, Edicléia Mascarenhas; e da  psicóloga e vice-diretora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Uerj, Rosana Glat.

Rosana abriu a mesa falando sobre a importância da parceria do CRP-RJ com a Uerj na realização do evento. Ela destacou que “a Psicologia vem de um modelo clínico em que o atendimento à pessoa era feito em cima de suas supostas patologias e não em termos de ajudá-la a ter uma vida mais rica e desenvolver seu potencial”. Para a psicóloga e educadora, o caminho para a inclusão é exatamente “ir além da avaliação e da testagem”.

Noeli falou sobre as ações do CRP-RJ na luta pela inclusão. “O CRP, desde a gestão anterior, vem com um norte político voltado para os Direitos Humanos. O diferencial dessa gestão é a criação da Comissão de Educação. É preciso pensar a posição da Psicologia dentro da Educação. Não é só problema do professor. É uma coisa com que o psicólogo e toda a sociedade têm que estar preocupados”.

Francisca completou que um dos objetivos da Comissão de Educação é construir políticas públicas dentro da Educação Inclusiva. “Não queremos que seja uma discussão interna, mas uma discussão coletiva. Eu penso a Educação Inclusiva não como uma luta do portador de necessidades especiais, mas como uma luta maior pela democracia”.

Edicléia completou a mesa destacando a importância de se combater qualquer tipo de discriminação. “Sabemos que há muito a se fazer, não só em nosso país, mas em nível mundial. O importante é não deixarmos passar, não banalizar, nenhuma discriminação”.

A mesa "Etnia e Trabalho", com a participação de, da esquerda para direita, Conceição Corrêa das Chagas, Rosilene Cerqueira, Anna Helena Moussatché e Eudênio Antônio do Nascimento.

A mesa “Etnia e Trabalho”, com a participação de, da esquerda para direita, Conceição Corrêa das Chagas, Rosilene Cerqueira, Anna Helena Moussatché e Eudênio Antônio do Nascimento.

A mesa seguinte, com o tema “Etnia e Trabalho”, contou com a presença da psicóloga Conceição Corrêa das Chagas, doutoranda em Psicossociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do professor Eugênio Antônio do Nascimento, mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e da professora doutora Anna Helena Moussatché, do Instituto de Psicologia da Uerj. O debate foi mediado pela psicóloga Rosilene Cerqueira, conselheira do CRP-RJ.
Conceição abriu a discussão falando sobre a importância do papel do excluído no processo de inclusão. “O excluído, em geral, silencia e tenta esconder sua exclusão. Enquanto ele fizer isso, a sociedade não vai agir. Ele também não pode agir sozinho. Quando ele se une, aí sim as coisas começam a acontecer”.

Eugênio falou sobre a falta de preparação da escola pública para formar mão-de-obra qualificada. “Em Angra dos Reis, foi instalado um novo estaleiro que não encontrou mão-de-obra na cidade, apesar do número de desempregados. É uma cidade de mar cujas escolas públicas não preparam os alunos para conseguirem um retorno desse ecossistema”.

Anna Helena abordou a importância da Psicologia dentro do processo educativo. “Tem que haver psicólogos acompanhando o processo cognitivo dos alunos. Nossa escola, atualmente, não consegue ir além do ‘não aprendeste a ler e escrever, não passarás’”.

A terceira mesa redonda do evento teve como tema “Gênero e Inclusão Digital”. A professora doutora Márcia Souto Maior, da Faculdade de Educação da Uerj, falou sobre gênero, abordando a educação de meninas. Segundo ela, há uma diferença na educação de acordo com o sexo. “Esperam-se diferentes características de meninos e meninas. E essa diferenciação não se dá só na escola, mas, pelo tempo que a criança passa na escola, ela tem um grande peso nessa questão”.
Já a professora doutora Eloíza Oliveira, coordenadora do Laboratório de Desenvolvimento e Aprendizagem, tratou da inclusão digital dentro da sociedade atual, pós-industrial. “O virtual pode ser um universo acolhedor e amigável, mas também pode ser altamente excludente. Isso vai depender muito das políticas empregadas. A exclusão digital aprofunda a exclusão sócio-econômica”.

Na mesa seguinte, “Psicologia e Diversidade”, estiveram presentes os psicólogos Hélio Ferreira Orrico, deficiente visual; Luciana Ruiz, deficiente auditiva; e Lilia Pinto Martins, deficiente física. Os três falaram sobre os desafios enfrentados dentro da profissão e do cotidiano. “De que maneira essa minha condição física vai influir diretamente no relacionamento com o paciente também deficiente? Muitas vezes, tive que me defrontar com situações de rejeição, mas, em muitas vezes, ajudou na aproximação”, afirmou Lilia.

3-crprj-realiza-evento-sobre-educacao-inclusiva-na-uerj03Na última mesa redonda do evento, a psicóloga, professora e colaboradora do CRP-RJ Mariana Fiore, a conselheira do CRP-RJ Francisca de Assis Alves e a também conselheira Karine Mourão debateram o tema “Educação e Psicologia: Inclusão Possível?”. Mariana destacou a questão da normalização dos alunos. “Não gosto muito do termo ‘educação inclusiva’, pois ele está muito ligado à questão da deficiência como patologia. Na verdade, ao longo da História, várias camadas foram sendo excluídas. Me pergunto se existe desejo de trabalhar com a heterogeneidade. Será que nós, enquanto psicólogos e professores, precisamos ficar presos a essa normalização? A gente acaba pegando essa norma e encaixando todos os alunos nela”.

Já Francisca destacou a importância de ampliar o conceito de “inclusão”. “É preciso haver transdisciplinaridade. Não acredito na separação entre psicólogos e professores. Ver de uma perspectiva ampliada a inclusão é uma questão que diz respeito a todos, não somente àqueles divergentes da norma devido à sua singularidade”. Karine completou afirmando que “a educação não deveria precisar de adjetivos. A educação, por si só, deveria ser inclusiva”.

Após as mesas redondas, o público assistiu a duas apresentações culturais que mostram que a inclusão é possível. A primeira foi da cantora deficiente visual Inês Helena, que encantou os presentes com clássicos da MPB. Em seguida, dançarinos do grupo “Rodas da Inclusão” fecharam o evento, com uma apresentação de dança de salão sobre cadeiras de rodas.



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