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Último evento preparatório reúne estudantes e psicólogos no Rio de Janeiro


Data de Publicação: 13 de março de 2007


Foi realizado, no dia 10 de março, o último evento preparatório para o Congresso Regional de Psicologia. O evento, realizado na Uni-Rio, foi composto por duas mesas redondas e tinha como objetivo motivar a criação de teses a serem apresentadas e votadas nos pré-Congressos.

Foto de José Novaes.

O evento preparatório da cidade do Rio de Janeiro foi aberto pelo conselheiro-presidente do CRP-RJ, José Novaes.

Foto da mesa “O Psicólogo Problematizando sua Prática”

A mesa “O Psicólogo Problematizando sua Prática”, com a participação de Diva Lucia Gautério Conde, Luiz Fernando Monteiro, Neide Ruffeil e Flavia Moreira Oliveira.

O evento foi aberto pelo conselheiro-presidente do CRP-RJ, José Novaes, que explicou aos presentes o funcionamento e as etapas do Congresso e convocou a todos a inscreverem propostas.
Em seguida, foi realizada a mesa “O Psicólogo Problematizando sua Prática”, com a participação de Neide Ruffeil, psicóloga e membro da Comissão Regional de Direitos Humanos; Flavia Moreira Oliveira, psicóloga e doutoranda em psicologia social pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro e Diva Lucia Gautério Conde, psicóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O mediador foi Luiz Fernando Monteiro, psicólogo conselheiro da Comissão de Auditoria e Controle Interno (CACI) do CRP-RJ.

Flavia deu início à mesa, falando sobre a história da psicologia do trabalho, citando o antigo Instituto de Seleção e Orientação Profissional, extinto nos anos 90, como exemplo. Segundo ela, esta psicologia surgiu para ajudar a suprir as necessidades da crescente industrialização no país: “Esta psicotécnica veio para ajudar na adaptação do trabalho ao homem e vice-versa. A questão, na época, era achar o homem certo para o lugar certo. Caso o homem não se adaptasse, a falha estava nele, e não no trabalho.” Ela demonstrou que apesar deste histórico a psicologia do trabalho foi umas das ares que mais ajudou no desenvolvimento da psicologia: “Ela foi responsável por divulgar o trabalho do psicólogo no país e por promover discussões sobre a formação e atuação do profissional”.

Diva foi a segunda a falar, contando sobre sua participação em um serviço de orientação profissional feito em um pré-vestibular comunitário no Caju. Segundo a psicóloga, o objetivo da iniciativa era desconstruir a orientação tradicional, voltada para vocação: “Nosso objetivo não era tentar encontrar nos alunos sua vocação, sua essência, algo que lhes fosse inato. Buscamos apresentar uma abordagem sócio-histórica da orientação, em que pudéssemos trazer, junto com os alunos, a partir de sua trajetória e contexto de vida, a escolha da profissão”. Ela chamou atenção para a necessidade da Psicologia retornar á área de educação. “Precisamos pensar a aprendizagem, o conhecimento, o que significa escolher ser acadêmico, estudar”, afirmou Diva.

Neide encerrou a mesa, falando sobre sua experiência como psicóloga do setor de Recursos Humanos de uma instituição bancária. Ela falou sobre a diferença entre o trabalhão prescrito ao empregado e o trabalho realizado e sobre como o funcionário reage a essa diferença e a hostilidade do meio em que trabalha: “O trabalhador faz escolha o tempo todo, escolhas estas que dependem de sua história, de sua vivência. É preciso analisar os usos que o trabalhador faz de si e que o meio faz dele dentro desse processo. É preciso entender que no centro da discussão sobre o trabalho está a atividade humana e as microcriações diárias que ela proporciona”.

Foto da mesa “Psicologia e Intervenção nos Sistemas Institucionais”.

À tarde, foi realizada a mesa “Psicologia e Intervenção nos Sistemas Institucionais”.

À tarde, foi realizada a mesa “Psicologia e Intervenção nos Sistemas Institucionais”, com a participação de Cely Miranda da Silva Salles, psicóloga coordenadora de psicologia da Secretaria de Administração penitenciário do Rio de Janeiro; Esther Arantes, psicóloga e membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia; Mônica Cunha, fundadora do Movimento de Mães pela garantia dos direitos dos Adolescentes no Sistema Sócio-Educativo – “Movimento Moleque” e Eliana Olinda Alves, psicóloga do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A mediadora foi Irene Bulcão, técnica responsável no CRP-RJ pelo Centro de Referências Técnicas em Políticas Públicas (CREPOP).

Sempre focando a intervenção da Psicologia em diversas instituições, as participantes puderam comentar suas experiências em diferentes campos. Esther trouxe a luta da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia pela garantia dos direitos dos encarcerados. Cely falou sobre os projetos da Coordenadoria de Psicologia da Secretaria de Administração Penitenciária. Eliana discorreu sobre o trabalho dos psicólogos do Tribunal de Justiça e Mônica falou da criação do Movimento Moleque e do trabalho que a organização vem fazendo na recuperação de jovens que sofreram medidas sócio-educativas.

As quatro participantes salientaram a necessidade do questionamento por parte dos psicólogos das práticas vigentes e da discussão de novas práticas. Elas também chamaram atenção para o paradoxo da grande importância do trabalho prestado pelos profissionais psicólogos dentro dessas instituições e do igualmente grande desrespeito sofrido por estes mesmos profissionais durante seu trabalho. Segundo Eliana, “é preciso tomar cuidado para que o profissional não seja assujeitado pelas outras forças da instituição, já que os laudos que escreve, as decisões que toma, podem ter influência direta na vida das pessoas”. Cely afirma que “apesar da criação de vários dispositivos que facilitariam o trabalho, este trabalho não é respeitado por muitos”. As participantes mostraram a necessidade dos próprios psicólogos darem valor ao próprio trabalho e às próprias questões, participando das discussões.

O evento foi encerrado com um debate e uma nova convocação do conselheiro-presidente do CRP-RJ para que os psicólogos apresentassem teses ao COREP e ao CNP. “Esta é a oportunidade dos psicólogos fazerem valer a sua opinião”, disse Novaes. As teses para o VI CNP podem ser apresentadas através do link www.crprj.org.br/corep.

Texto: Carolina Selvatici

13 de março de 2007