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II Seminário de Psicologia e Direitos Humanos discute a medicalização da vida


Data de Publicação: 13 de novembro de 2006


Cerca de 500 pessoas, entre psicólogos, estudantes e outros profissionais, se reuniram, nos dias 10 e 11 de novembro, para debater a questão da medicalização da vida no II Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos. O evento, realizado no auditório Paulo Freire da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio), foi organizado pela Comissão Regional de Direitos Humanos e pela coordenadoria técnica do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro.

II Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos reuniu psicólogos, estudantes e outros profissionais para debater a questão da medicalização da vida.

II Seminário Regional de Psicologia e Direitos Humanos reuniu psicólogos, estudantes e outros profissionais para debater a questão da medicalização da vida.

A psicóloga Suyanna Barker deu início ao evento, apresentando a programação e os objetivos do encontro. Em seguida, foi realizada uma mesa de abertura, com a presença de José Novaes, conselheiro-presidente do CRP-RJ; Cecília Coimbra, membro da Comissão Regional de Direitos Humanos; Vera Dodebei, coordenadora do programa de pós-graduação em Memória social da Uni-Rio; Guaracira Gouvêa de Sousa, do programa de pós-graduação em Educação da Uni-Rio e, representando a decania da Universidade, o professor do departamento de museologia da Uni-Rio, Marcos Miranda. Os participantes da mesa parabenizaram a iniciativa e agradeceram a presença de todos, explicando a importância da discussão do tema. Cecília e Novaes salientaram a importância da questão dos direitos humanos para a atual gestão do CRP-RJ. “Esta discussão é prioridade dentro de nossa gestão”, afirmou Cecília.

Após a mesa, foi realizada uma conferência, que contou com a presença da

Conferência com Suely Rolnik debateu o tema “Medicalização: Estratégias contemporâneas de controle da vida”.

Conferência com Suely Rolnik debateu o tema “Medicalização: Estratégias contemporâneas de controle da vida”.

psicóloga e professora da PUC-SP, Suely Rolnik, e foi coordenada pela psicóloga, membro da Comissão Regional de Direitos Humanos, Ana Carla Souza Silveira da Silva. Partindo do tema “Medicalização: Estratégias contemporâneas de controle da vida”, Suely falou sobre como o capitalismo atual vêm controlando as forças da subjetividade e impedindo a criatividade e, consequentemente, a potência de vida. “É natural que o homem, em situações de crise, se sinta fragilizado. É essa fragilidade que vai ser a força motora de mudanças, que vai incentivar a criatividade e criar coisas novas. Mas isso não acontece no atual sistema”, afirmou Suely.

Segundo a psicóloga, o que o sistema atual faz é criar uma identificação com determinadas imagens – “Paraísos artificiais”- e mostrar que esses paraísos são acessíveis via consumo. Quando colocamos toda nossa força subjetiva para tentarmos nos identificar com esses paraísos, nós abrimos mão de usá-la para outro tipo de criação. Assim, a criatividade é bloqueada: “Estamos em um sistema que não nos faz mais sentido, que nos deixa fragilizados. Mas ao invés dela ser uma força motora, ela passa a ser humilhada, por comparação com os paraísos artificiais. E quando a fragilidade é desprezada, as pessoas ficam pasteurizadas, não conseguem pensar, criar. Bloqueia-se o processo vital”.

Após a conferência, um debate foi realizado com os presentes.

Após a conferência, um debate foi realizado com os presentes.

Ela ainda explicou que esse processo foi muito forte em países da América Latina e África que tiveram regimes ditatoriais. “O capitalismo aparecia como uma salvação após anos de opressão, um novo regime em que as subjetividades seriam respeitadas.” Suely salientou que o Brasil sofreu ainda mais com esse processo. “A maneira como nos adaptamos às coisas, como, de maneira antropofágica, absorvemos o que nos chega, provocou uma aceitação desta nova modalidade de vida muito grande, que nunca é questionada. Acho que é por isso que, apesar de toda a desigualdade provocada por este sistema, demorou-se tanto a discutir seus problemas”, afirmou.
Mas Suely afirma que esta situação esta mudando. “Ao que tudo indica, as coisas estão melhorando. Mas não há final feliz ou infeliz. Esta é uma luta contínua, diária. E a beleza da vida não está em conseguirmos um regime perfeito, mas sim no movimento das idéias, na disputa”.

Após a conferência, um debate foi realizado com os presentes. Suyanna encerrou a programação do dia, convidando a todos a voltarem no dia seguinte para continuar a discussão.



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