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O quinto dia de atividades comemorativas pelo dia do Psicólogo


Data de Publicação: 5 de setembro de 2006


No penúltimo dia da semana em comemoração ao Dia do Psicólogo aconteceu o evento mais concorrido, com a exibição do filme Estamira do diretor Marcos Prado. O Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, José Novaes, apresentou o filme e abriu o evento, agradecendo a presença de estudantes e profissionais que lotaram o auditório do CRP-RJ.

Após a exibição do documentário, que conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, a mediadora e colaboradora da Comissão de Direitos Humanos do CRP-RJ, Ana Carla Souza Silveira da Silva, abriu a mesa-redonda – composta pelo psiquiatra da Pestalozzi, Marcio Loyola e pelo poeta, militante do Movimento da Luta Antimanicomial e usuário de serviço de saúde mental, Jorge dos Remédios – fazendo observações sobre discussões e reflexões pertinentes a partir do filme , como o desafio atual da Reforma Psiquiátrica em lidar e cuidar da loucura no contexto neoliberal.

O debate que se seguiu se caracterizou pela troca de impressões e reflexões dos espectadores e dos debatedores. Marcio Loyola abriu o debate apontando diversas passagens relevantes do filme que o emocionaram e o fizeram refletir acerca da atual filosofia sócio-cultural capitalista. O psiquiatra ressaltou a questão da medicalização, que, para ele, era uma forma de controlar e calar a verdade da Estamira. De acordo com Marcio, Estamira deixa uma mensagem clara de que é preciso cuidar do outro, proteger para não faltar. “É preciso buscar propor uma proximidade com o paciente, com o outro senão tudo vira remédio. A loucura é o descuido de ouvir o outro, é a vida enclausurada que distancia os homens”, afirmou Marcio.

O poeta e usuário de um serviço aberto de saúde mental, Jorge dos Remédios, dissertou sobre o tratamento dado aos doentes mentais exemplificado pelo primeiro contato de Estamira com a Psiquiatria. Outro ponto importante ressaltado por ele foi a noção ecológica da personagem, que tinha um controle remoto natural.  O poeta contou um pouco sobre as suas experiências de vida e declamou dois de seus poemas, além de um poema de Carlos Drummond de Andrade, pelos quais foi muito aplaudido.

A colaboradora Ana Carla falou sobre a maneira como o filme afeta os psicólogos e os profissionais da saúde, além de questionar o papel dos profissionais de Psicologia na sociedade e nos serviços atuais de Saúde Mental. Para ela, é preciso fazer uma análise crítica da atuação destes profissionais, já que podem produzir práticas reducionistas na assistência cotidiana da pessoa com sofrimento mental.

Marcio ressaltou a importância de não se copiar o modelo de atendimento, como diz Estamira, pois cada pessoa que chega para ser atendida é diferente e por isso deve ter um tratamento diferenciado.  Para ele, enxerga-se apenas a doença e os sintomas sem valorizar a fala dos pacientes, que têm algo a dizer. O que se faz é calar essa voz, a verdade pela medicação. Ele afirma que “pensar o sintoma como algo que revela a pessoa é melhor do que pensá-lo como um déficit a ser silenciado e eliminado”.

O presidente do CRP/RJ, José Novaes, fechou o debate agradecendo a presença de todos, convidando a platéia para a Assembléia Orçamentária no dia 28 de setembro, para o Seminário de Direitos Humanos que será realizado nos dias 10 e 11 de novembro e para a I Mostra Regional de Práticas em Psicologia do Rio de Janeiro em março de 2007.

Para saber mais sobre o filme, acesse www.estamira.com.br.