A Comissão de análise para concessão do Título de Especialista (CATE) realizou na quinta-feira, dia 31 de agosto, a apresentação de uma pesquisa realizada para avaliar o impacto da implementação do Título junto à categoria profissional do Rio de Janeiro. A pesquisa, realizada a pedido do Conselho Federal de Psicologia, foi concluída em 2005 e debatida pela primeira vez durante o Fórum de Debates sobre o Título de Especialista, realizado em dezembro de 2005.
A pesquisa foi apresentada pela conselheira presidente da CATE, Márcia Badaró, e pela psicóloga colaboradora da CATE, Eliana Viana. Eliana apresentou os dados obtidos através de questionários enviados aos psicólogos inscritos no CRP-RJ. Ela citou vários dados interessantes, como o número de psicólogos que pediram o título (apenas 10,7% dos profissionais) e as principais críticas apontadas pelos psicólogos. Salientou a falta de informação dos psicólogos sobre o assunto, mostrando que 46% dos entrevistados não tinha conhecimento das resoluções que instituíram o Título.
O Título de especialista foi implantado em 2000, pela resolução 014/00. Ele não é obrigatório, é apenas uma referência à dedicação do psicólogo na área da especialidade, não consistindo condição para o exercício profissional. O próximo concurso para obtenção do Título será realizado no dia 10 de setembro, em São Paulo.
Márcia comentou os dados obtidos, mostrando que a concessão do Título não supriu as expectativas dos profissionais. “Leis e resoluções são feitas para criar limites e coibir abusos, mas temos que pensar quando os limites produzem cerceamento. Vemos que a especialização cria dois territórios o do saber/poder contra o do não-especialista. O especialista passa a ser o único que pode, que tem competência para falar sobre aquele assunto. O resto das pessoas apenas pode executar o que é dito pelo especialista. Sem contar que parece que, com a especialização, estamos dizendo aos psicólogos que eles não precisam saber de outros aspectos de sua profissão, apenas de suas especialidade”.
Eliana completou a análise de Márcia dizendo que parece ser contraditório que o Conselho Federal esteja dando importância à especialidade. “No momento, vemos que os serviços de saúde, inclusive a psicologia, caminham cada vez mais para a multidisciplinariedade. E nós com o Título, estamos fragmentando. Será que é isso que queremos para a psicologia?”.
Márcia e Eliana irão agora apresentar esta pesquisa no Congresso Ciência & Profissão, que acontecerá do dia 05 a 9 de setembro.