
O Presidente do CRP-RJ falou sobre os rumos da Psicologia na sociedade atual.
Às 16 horas da segunda-feira, dia 28 de agosto, o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP/RJ) inaugurou a semana de comemoração ao Dia do Psicólogo com a mesa redonda “Psicologia e Saúde: Dialogando entre o espaço público e o privado”, que teve a presença das debatedoras Andréa Luz, coordenadora de saúde mental da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SM-RJ), Fernanda Starling, psicóloga da Rede D’Or, e da psicanalista e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ana Cristina Figueiredo, como mediadora da mesa.
O evento foi aberto pelo Presidente do CRP-RJ, José Novaes, que após um breve discurso sobre os rumos da Psicologia na sociedade atual, seu caráter cada vez mais multidisciplinar e a programação da Semana do Psicólogo, passou a palavra ao Conselheiro presidente da Comissão de Saúde Nélio Zuccaro. Com o auxilio de slides, Nélio falou sobre o trabalho da Comissão de Saúde, a importância do trabalho do psicólogo nos dias de hoje, valorizando também a relação entre a saúde pública e a Psicologia.
A mesa-redonda foi aberta pela mediadora Ana Cristina Figueiredo, que iniciou o debate com uma explanação sobre o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) na década de 80, implantando uma nova compreensão da saúde como um direito do povo e um dever do Estado. Além disso, falou sobre a contribuição da Psicologia para o SUS e da participação ativa do CRP na saúde brasileira por meio do levantamento de questões e discussões.

O debate de iniciou com uma explanação sobre o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) implantando uma nova compreensão da saúde como um direito do povo e um dever do Estado.
A coordenadora de Saúde Mental do SMS/RJ, Andréa Luz, falou sobre o posicionamento e a atuação dos psicólogos na rede de saúde mental em hospitais públicos. Além de ressaltar a importância do profissional de Psicologia, que ela classificou como detentor de “uma escuta mais ampliada”, pela sua atuação junto ao paciente, a família e a outros profissionais da área médica e social, Andréa ratificou a enorme contribuição que a categoria tem oferecido a sociedade. Para ela, o psicólogo deve aprender a dar suporte para equipes, a escutar outras áreas, ganhar espaços além dos consultórios numa forma de pluralizar a análise e a escuta.
Em sua explanação, Fernanda Starling, psicóloga da Rede D’Or, abordou a questão da sensibilidade do profissional de Psicologia pelo sofrimento humano, e o espaço de escuta que produz a humanização, transformações e cidadania. Para a psicóloga, dar a palavra promove mudanças nos pacientes e a vontade de sair da condição de doente. Ela acrescenta ainda que a conseqüência deste tipo de trabalho positivo é a mudança de atitude da equipe multidisciplinar de saúde, que passa a olhar o paciente integralmente e não apenas a sua doença.
A psicóloga levantou também uma indagação sobre a relação entre a Psicologia e os Planos de Saúde, uma vez que o psicólogo, ao abrir o espaço para a “escuta”, aumenta a qualidade e diminui o tempo de internação, e conseqüentemente os custos hospitalares. Starling questionou o não uso de recursos de convênios e uma maneira de conseguir reembolso do plano de saúde para as consultas de Psicologia.
Com a participação da platéia composta de estudantes, conselheiros do CRP, profissionais da categoria e interessados, que lotou o auditório da CRP-RJ, foram discutidos também a diferença entre o trabalho em hospitais privados e públicos, o tratamento pela palavra em ambas esferas, o resgate da cidadania pela escuta e a cobrança de resultados provando a eficiência do profissional.
Após o debate, foi exibido o vídeo “Aconselhamento em DST/Aids” produzido pelo Ministério da Saúde. A partir de uma abordagem didática e documental sobre a importância da prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a AIDS, o vídeo suscitou um outro tema de discussão pertinente à Psicologia: a multidisciplinaridade entre os diversos campos da ciência e do saber, alem do engajamento necessário para o sucesso do trabalho em equipe.
O vídeo foi seguido da segunda mesa redonda do dia, que tinha como tema “Um diálogo entre a Psicologia e o SUS” e foi composta pelas debatedoras Nadia de Grazia, psicóloga do Sistema Municipal de Saúde (SMS) de Duque de Caxias e do Sistema Penitenciário (DESIPE) do Rio de Janeiro, Marly Cruz, psicóloga e coordenadora do Programa de Avaliação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) da FIOCRUZ e do Sistema Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ) e pela mediadora Margarete P. Ferreira, assistente em DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ).

A segunda mesa redonda do dia teve como tema “Um diálogo entre a Psicologia e o SUS”.
Marly Cruz iniciou a discussão mostrando projeções e slides sobre a história do nascimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a mudança gradual da atuação dos psicólogos, desde o isolamento dos problemas coletivos nos anos 50 e 60, passando pela crise da Psicologia Social na década de 70 aos dias de hoje. Para Cruz, o vídeo contribuiu para levantar diversas questões relevantes sobre a Psicologia e a problemática da Saúde Coletiva que num período pré-SUS se caracterizava pela desigualdade de acesso aos serviços e pelo distanciamento entre o social e o profissional fora do espaço dos consultórios.
A psicóloga Nadia de grazia dissertou acerca do trabalho solitário nos sistemas penais e do aconselhamento que carece de compreensão e humanização do trabalho dos profissionais. Segundo Nadia, é preciso “integrar socialmente e proporcionar mais qualidade de vida aos detentos estimula o respeito e a confiabilidade dos psicólogos que atuam na área social”.
O evento foi encerrado com um novo debate, em que muitas questões suscitadas no debate anterior foram retomadas, como a questão da busca por soluções coletivas a partir da integração de diversos profissionais e da “escuta” como processo de tratamento da subjetividade e da construção de espaços sociais e coletivos que interferem nas formas psíquicas de sofrimento.