auto_awesome

Noticias






CINEPSI COM O DOCUMENTÁRIO “CADÊ VOCÊ” É REALIZADO EM CAXIAS, NO DIA 17 DE AGOSTO


Data de Publicação: 28 de agosto de 2023


O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), por meio do Eixo de Violência de Estado e Enfrentamento à Tortura, promoveu para psicólogas(os), estudantes de Psicologia e demais segmentos da sociedade, mais uma edição do CinePsi, desta vez no auditório da Unigranrio em Duque de Caxias.

O evento discutiu sobre violência de Estado, tortura e ações voltadas para a categoria, possibilitando a ampliação das práticas psis atravessadas por questões ligadas a esta temática.

O documentário exibido nesta edição foi o “Cadê Você”, produção da Rio de Paz. Ele traça um paralelo entre as vítimas de torturas e desaparecidos na ditadura civil militar no Brasil e as vítimas atuais da violência policial no Estado do Rio de Janeiro, herança dos Anos de Chumbo (1964-1985) que permanece até os dias atuais, em plena democracia. 

Após a exibição do documentário, a mesa se formou para o debate.

O encontro foi mediado pelo conselheiro Lucas Gonzaga (CRP 05/49596), psicólogo, doutorando em Psicologia (UFF), professor da Unigranrio e conselheiro coordenador do Eixo de Violência de Estado e Enfrentamento a Tortura do XVII plenário do CRP-RJ, que recebeu as palestrantes Giselle Florentino, graduada em Ciências Econômicas pela UFRRJ, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Instituto de Estudo Sociais e Políticos da IESP/UERJ e coordenadora executiva da Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial, Amanda Araújo, mestranda em Ciências Sociais pela UFRRJ, integra a equipe de pesquisa “Mapeamento exploratório sobre desaparecidos e desaparecimentos forçados em municípios da Baixada Fluminense – RJ” em parceria com o Fórum Grita Baixada e colabora como pesquisadora do Observatório Fluminense (OF/UFRRJ) e do Grupo de pesquisa CORRE – experimentações etnográficas em territórios urbanos e Nívia Raposo, mãe e voz de Rodrigo Tavares Raposo, integrante do Movimento de Mães e Familiares de Vítimas de Violência Letal do Estado, coordenadora do Movimento Parem de Nos Matar e integrante do Coletivo Portal das Favelas.

Para Lucas, o tema é muito caro para a Psicologia, para os Direitos Humanos, para o país, e mais ainda para a Baixada Fluminense, “onde os desaparecimentos forçados são muito presentes”, disse.
O psicólogo vem participando de espaços que discutem os atendimentos das pessoas que tiveram seus direitos violados ou familiares que tiveram seus parentes desaparecidos. Ele acredita na necessidade de uma clínica mais próxima desses tipos de caso. “São espaços de muito sofrimento e é um grande desafio pensar em estratégias de cuidados como uma clínica mais atenta, pois a luta também é terapêutica.” Lucas falou também sobre possíveis ações de fortalecimento de políticas públicas que poderiam contribuir para a diminuição dos índices de desaparecimentos forçados, para a extinção dos genocídios e para a não-naturalização do racismo institucional.

Nívea Raposo contribuiu como mãe de um filho desaparecido forçadamente. “Meu filho foi morto por milícia. E eu não sabia como agir. A gente aprende na prática! Ninguém está livre de ser morto ou até encarcerado. Por isso esses debates são importantes”, afirmou entrelaçando sua fala com as redes de apoio que contam com os movimentos e coletivos que lutam pela causa.
Ela, que mora na Baixada, pontuou que o índice de desaparecimentos forçados é alto na região. “Se os nossos casos não têm importância, porque colocaram uma delegacia especializada em desaparecimentos na Baixada?”, deixou o questionamento.
Mãe de Rodrigo Tavares Raposo, conta que a posição do familiar que não sabe para onde o parente foi, é mais difícil que a posição do familiar que pode fazer a cerimônia de enterro do corpo ou o que existe dele. “No final, só queremos enterrar nossos filhos, pelo menos o que ficou deles”, falou emocionada.

A mesa seguiu com Amanda Araújo que expressou a delicadeza do tema e do documentário, e a necessidade de falar sobre o assunto. A mestranda apontou resultados do mapeamento exploratório sobre desaparecidos e desaparecimentos forçados em municípios da Baixada Fluminense. A pesquisa trouxe um pouco da ligação entre a milícia e o tráfico nos desaparecimentos. “Conforme os autos de resistência sobem, os desaparecimentos caem”, pontuou.
Araújo ainda ressaltou a questão da saúde mental da família do parente desaparecido, principalmente das mães, comungando com a fala anterior de Lucas.

Giselle Florentino falou sobre os impactos dos desaparecimentos que ocorrem na Baixada Fluminense, maior índice do Estado. Florentino afirmou que quando os casos acontecem com mulheres cis ou trans, ainda sofrem retaliação sexual e física. 

“A milícia não é um grupo paralelo ao Estado. Esse grupo possui lideranças no Estado. No legislativo, no executivo e também no judiciário”, declarou. A mestranda, que participou do documentário, contou sobre a experiência e comentou que “foi doloroso fazê-lo”. 

No final, os presentes puderam compartilhar suas experiências com os palestrantes.


Veja na íntegra o debate desta edição do CinePsi, acessando o canal oficial do YouTube https://www.youtube.com/live/mXabuHHDuRU?feature=share



WhatsApp-Image-2023-08-28-at-10.57.34-AM-300x194.jpeg
WhatsApp-Image-2023-08-28-at-10.57.35-AM-1-300x225.jpeg
WhatsApp-Image-2023-08-28-at-10.57.35-AM-300x201.jpeg