No dia 17 de maio de 2006, quarta-feira, às 18 horas, estudantes e psicólogos se reuniram no auditório do CRP-RJ, para a apresentação do projeto “Ética na formação do psicólogo: questões contemporâneas”. O evento, que fez parte das Quart’éticas, reuniões bimensais realizadas pela Comissão de Orientação e Ética (COE) para discutir a Ética na psicologia, apresentou o produto de um grupo de trabalho que vem realizando estudos críticos sobre a forma como a Ética vem sendo apresentada e discutida nos cursos de formação em psicologia. Segundo a psicóloga Ana Lúcia Furtado, presidente da Comissão de Orientação e Ética do CRP-RJ, o objetivo desse grupo, que já visitou três universidades, é fazer uma “crítica ao ensino restrito somente ao CEPP, para uma concepção mais ampla que valorize a formação do sujeito ético, perpassando todo o curso de formação e as relações que nele se estabelecem”.
A exposição do trabalho foi feita pelo doutor em psicologia pela PUC – Rio e professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Uerj, Marcelo Santana Ferreira e pela bacharel em psicologia e aluna do décimo período da FAMAT, Maria Aparecida dos Santos. Marcelo começou a apresentação, explicando que o texto-base para o projeto é “A Hermenêutica do Sujeito”, de Foucault. Segundo ele, é preciso sempre ressaltar a importância da filosofia na ética. “A ética é uma área da filosofia. Não podemos esquecer disso. Devemos sim sempre nos aproveitar das idéias dos filósofos como Foucault, que problematizaram o que era pensado como verdade. Isso é muito importante para nossa pesquisa”. Ele afirmou que, no caso do projeto, o que se busca problematizar é a noção antiga de que o ensino da ética deve apenas ser dado em uma matéria, baseado no Código de Ética. “A Ética tem que perpassar toda a formação, do início ao fim. O que acontece hoje é que o aluno aprende sobre o código de ética em uma matéria no primeiro período e acabou. Ele até pode aprender sobre a diferença entre ética e moral, mas depois ou se esquece do que estudou pela falta de uso ou não consegue fazer uma relação entre o que aprendeu e a prática”.
Aparecida complementou dizendo que o grande problema do modo como a ética é ensinada hoje é que ela não estimula a reflexão. “Os psicólogos saem da faculdade sem saber como elaborar questões sobre si mesmos, sobre sua própria ética. Não se entende realmente o porquê, apenas se toma o Código de Ética como regra. E ficamos sem saber exatamente o que torna um psicólogo ético, engajado com a sociedade”. Salientou ainda a importância da formação ética para além da profissão. “Quando um sujeito ético é trabalhado e formado, ele passa a usar a ética em todas as questões da sua vida. Em um tempo como o nosso, em que cada vez se vê menos isso, a formação ética na universidade se torna essencial”, disse.
Ana Lucia esclareceu que o grupo de trabalho é uma modalidade regimentalmente prevista pelo CRP-RJ. Qualquer grupo de psicólogos pode apresentar projetos à Comissão de Direitos Humanos do Conselho, que avaliará sua pertinência com relação às propostas políticas da gestão e encaminhará ao plenário para posterior avaliação e referendo. Ela encerrou o evento lembrando que outros serão realizados pela COE ainda esse semestre. Confira sempre o nosso site para novas informações.