Em comemoração ao 18 de maio, Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o Núcleo Estadual do Movimento da Luta Antimanicomial/RJ está distribuindo uma carta aberta à população para incentivar a discussão quanto ao fim dos manicômios brasileiros. O CRP-RJ apóia essa iniciativa e publica aqui a carta, lembrando que o Núcleo realiza reuniões sobre o assunto toda as terceiras quartas-feiras do mês, às 18 horas e nas últimas sextas-feiras do mês, às 14 horas, no Auditório do SINMED-RJ, na Avenida Churchill, 97, 11º andar, auditório, Castelo, no Rio de Janeiro. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail: [email protected]
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO
“POR UMA SOCIEDADE SEM MANICÔMIOS”
18 DE MAIO – DIA NACIONAL DA LUTA ANTIMANICOMIAL
Todos os anos, no dia 18 de maio, o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, seus diversos Fóruns e Núcleos Estaduais promovem ampla discussão acerca da loucura e de suas formas de cuidado e atenção.
Comemoramos avanços, denunciamos arbitrariedades que ainda existem. Reivindicamos em relação à assistência, a ampliação da rede de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos: Centros de Atenção Psicossocial, (CAPS), Centros de Convivência, Serviços Residenciais Terapêuticos, Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais, Ambulatórios de Saúde Mental etc. Assim, como queremos a atenção e o respeito da rede de assistência da saúde como um todo.
Buscamos junto à sociedade, tanto a superação do estigma, do preconceito, da exclusão social das pessoas com transtorno mental, quanto o acesso facilitado a estes serviços, incluindo aqui os internos que cumprem medida de segurança em Casas de Custódia e Tratamento da Secretaria de Estado e Administração Penitenciária.
Procuramos garantir o amplo exercício de cidadania dos usuários de serviços de saúde mental e a conquista do direito a uma vida digna através de sua inserção social. Reconhecemos seu valor e capacidade de participar ativamente da vida produtiva e política de nossa sociedade.
Desejamos que esta data seja mais uma possibilidade de relembrar e demarcar o processo permanente de lutas e denúncias contra o modelo psiquiátrico centrado no manicômio, na internação; e de tomar iniciativas concretas para a mudança radical do quadro assistencial psiquiátrico brasileiro.
Hoje enfrentamos grande recessão, com alta taxa de desemprego, perdas de benefícios, desvalorização das instituições públicas e ampliação de projetos de privatização. Percebemos que toda essa lógica corresponde a ofensiva neoliberal, que promove o esvaziamento das políticas públicas, atingindo a todos.
Também nos deparamos com os grandes e graves cortes financeiros do setor público, em destaque na área da saúde / saúde mental, inviabilizando a manutenção e a criação de novos programas assistenciais e sociais.
O fim das instituições manicomiais representa não apenas uma mudança no modelo assistencial psiquiátrico, mas uma mudança na forma de como a sociedade lida com os portadores de sofrimento mental das mais diversas formas. A transformação que desejamos é mais ampla, pois ocorre no âmbito da cidadania, da relação entre as pessoas e as instituições sociais.
Nós, do Movimento da Luta Antimanicomial, queremos convidá-los a conhecer melhor nossas idéias e participar desta luta que é de todos os que desejam uma vida mais digna. Queremos nossa Sociedade Sem Manicômios e isso significa uma sociedade justa e solidária, sem violência, sem exclusão.
NÚCLEO ESTADUAL DO MOVIMENTO DA LUTA ANTIMANICOMIAL/RJ