O segundo dia da 16ª Mostra de Práticas em Psicologia foi realizado no dia 21 de julho e contou com mais de 670 pessoas credenciadas.
A manhã foi movimentada com as apresentações de trabalhos e a segunda Roda de conversa do Crepop.
CREPOP na Mostra – EDUCAÇÃO BÁSICAIsabel Scrivano (CRP 05/26162), psicóloga, doutora em Psicologia (UFRJ), psicóloga técnica em Assuntos Educacionais (IFRJ) e conselheira do CRP-RJ foi a convidada da segunda roda, que ocorreu na manhã do dia 21, sexta-feira.
Scrivano iniciou a roda com uma pergunta disparadora sobre as percepções das participantes sobre a educação, provocando o público presente que falou sobre o aumento da violência nas escolas, além do aumento dos maus tratos às crianças e abuso infantil e desafios no relacionamento entre a escola e as famílias.
A partir das pontuações trazidas pelo público, Scrivano seguiu ressaltando como a agenda neoliberal tem afetado a educação brasileira, dificultando a inclusão e ampliando o abismo social entre estudantes oriundos das escolas públicas e privadas. A expansão do modelo de ensino pelas apostilas com ênfase no empreendedorismo e no tecnicismo, empobrecendo o currículo e os conteúdos generalistas e ampliados, que ainda são os mais cobrados em concursos, vestibulares e Enem, empurram ainda mais os estudantes da escola pública para um lugar de mão de obra desqualificada, portanto barata.
A psicóloga destacou também sobre a questão do adoecimento dos professores e demais funcionárias da escola como um todo: “o constante sucateamento da Educação, com diminuição de recursos, aplicação dos mesmos seguindo uma agenda neoliberal que, inclusive, culminou com o Novo Ensino Médio, tem sido um grande desafio para a comunidade escolar, entendendo os atravessamentos do racismo, machismo, entre outras violências vivenciadas na escola. Além da desvalorização social e financeira da profissão, tem contribuído como grande fator de adoecimentos entre esses profissionais. E pessoas adoecidas não são capazes de promover um ambiente de aprendizado saudável, tornando-se um grande círculo vicioso na nossa Educação”.
Scrivano defendeu ainda a articulação realizada pelas psicólogas escolares com outros atores da educação e da sociedade como um todo, para tornar realidade a regulamentação da Lei 13.935/2019 que estabelece como obrigatória a atuação de psicólogas e assistentes sociais nas instituições de Educação Básica do país.
Mesa Temática 1 – “Alienação Parental e o fazer ético da Psicologia”
A primeira mesa temática da Mostra contou com membros da COE, Núcleo de Justiça, Comissão Especial de Trabalho e COMSCC, que trouxeram a discussão sobre Alienação Parental e o fazer ético da Psicologia.
As(os) palestrantes convidadas(os) desta mesa foram Alfredo Assunção (CRP 05/60474), psicólogo, pesquisador, coordenador da Comissão de Psicologia e Trabalho-Condições, Processos e Organizações do CRP-RJ, especialista em Gestão de Pessoas pela UFF, mestre e doutor em Psicologia pela UFRJ, professor da UERJ e orientador de mestrado e doutorado na Universidade Eduardo Mondlane em Moçambique; Micael Jayme Casarin Castagna (CRP 05/55269), mestre em estão pensados Psicologia (PPGP-UFRJ), conselheiro e presidente da Comissão de Orientação e Ética do CRP-RJ, psicólogo clínico por abordagem transdisciplinar, mediador escolar e pesquisador de racialidades, branquitude e produção de subjetividade; Pamela Rossy Duarte (CRP 05/43748), feminista, psicóloga e psicanalista, atuante no Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher Vítima de Violência de Gênero da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, especialista em Psicologia jurídica e colaboradora do Núcleo de Psicologia e Sistema de Justiça do CRP-RJ; e Juliana Gabriel Pereira (CRP 05/29063), sócia-diretora da Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem (Aequitas), psicóloga clínica, conselheira e coordenadora da Comissão de Meios e Soluções Consensuais de Conflitos (COMSCC) do CRP-RJ, facilitadora de diálogos e de processos negociais para a Construção de Consenso e mestre em Mediação e Negociação de Conflitos pela APEP/IUKB Institut Universitaire Kust Bosch, Buenos Aires, Argentina
O mediador Alfredo iniciou a mesa ressaltando “muito de vocês são estudantes. No futuro vocês irão encontrar a psicologia que estamos fazendo agora. Quando vocês forem para a prática é essa psicologia plural, diversa, com olhar crítico e sempre na preocupação da saúde da população e de nós, psicólogos, que vocês irão encontrar e dar continuidade”.
Mycael Castagna que já participou da Comissão Organizadora de Mostras passadas falou sobre a importância de discutir as práticas profissionais, tanto com estudantes como com profissionais. “Essa troca anual da categoria, tanto com o Conselho quanto com os estudantes, é muito importante. O evento é uma oportunidade que o Conselho tem de escutar e explicar às (os) profissionais e estudantes como funciona a instituição, seja para os profissionais que já trabalham em cima do Código de Ética, quanto para os estudantes que estão aprendendo”.
Seguindo com as falas da mesa, a próxima foi Pamela Rossy. A colaboradora do Núcleo de Psicologia e Sistema de Justiça explicou as atividades do núcleo pensando na aproximação com as(os) psicólogas(os) que atuam no sistema de justiça, seja ele judiciário, Defensoria Pública ou Ministério Público. “Precisamos pensar que as psicólogas do SUS, do SUAS e as psicólogas clínicas também atendem às demandas da justiça. O núcleo tem feito rodas de conversas específicas com as profissionais da Defensoria Pública e do judiciário justamente para escutar as colegas, levar essa escuta para o Crepop nacional, para serem produzidas referências técnicas nas quais tenham orientações para a categoria que atua no sistema de justiça”. Rossy falou, ainda, sobre as demandas de alienação parental que chegam, sobre os documentos adequados e sobre as possibilidades e limitações da psicologia nessa temática.
Alfredo Assunção explicou sobre as demandas de alienação parental que chegam para a Psicologia: “nós pensamos em ferramentas que tentam produzir o mínimo de sofrimento e o máximo de saúde para as famílias que nos procuram. Tentamos produzir na sociedade menos sofrimento para esse assunto que é bem delicado”.
A coordenadora da COMSCC Juliana Gabriel explicou sobre as denúncias que chegam na COE e na COMSCC no âmbito da questão da alienação parental. “90% dos processos que chegam para nós em relação a alienação parental, possuem laudos mal elaborados. Laudos onde uma das partes ficam de fora, e nisso entra a alienação parental. Essa parte que fica de fora faz a denúncia de alienação e o processo vai parar no judiciário”, explicou.
Ao final das falas, o público presente colaborou com falas sobre o tema.
Mesa Temática 2 – “Nova Resolução CFP sobre Laicidade e seus desdobramentos: gênero e sexualidade, saúde mental, atenção às drogas e formação Psi”A mesa ocorreu no mini-auditório da universidade contando com um público bastante expressivo para conferir a temática sobre a nova resolução CFP sobre laicidade e seus desdobramentos.
A mesa foi composta por Bruna Menezes, colaboradora da Comissão Especial de Estudantes do CRP-RJ desde 2020, é estudante de Psicologia UNIFASE (10º período), que desenvolve estudos nas áreas de saúde mental infantojuvenil, gênero e mídias; Héder Bello (CRP 05/51594), psicólogo, mestre e doutorando pelo Instituto de Psicologia (UFRJ), coordenador do Eixo de Laicidade do CRP-RJ e um dos organizadores da publicação “Tentativas de Aniquilamento de Subjetividades LGBTIs”; Victoria Antonieta Tapia Gutiérrez (CRP 05/20157), psicóloga, especialista em Terapia de Família pelo IPUB- UFRJ, especialista em Atendimento ao Usuário de Álcool e Drogas pelo IPUB-UFRJ, conselheira, coordenadora da Comissão Especial de Estudantes, do Eixo de Políticas sobre Álcool e outras Drogas e do Eixo de Políticas para População Migrante de Refugiada do CRP-RJ. A mediação ficou com Ágnes Cristina da Silva Pala (CRP 05/32409), psicóloga, doutoranda em Ciências dos Cuidados em Saúde – Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa (UFF), professora e supervisora de estágio em Daseinsanalyse – Faculdade Maria Thereza (Famath), especialista em Psicologia Fenomenológica Hermenêutica (USU), mestre em Estudos da Subjetividade – Psicologia (UFF), especialista em Psicossomática e Cuidados Transdisciplinares com o Corpo (UFF), conselheira do CRP-RJ, coordenadora da Comissão Gestora do Leste Fluminense, da Comissão de Análise de Registro de Psicóloga Especialista (CARPE), da Comissão Especial da Análise do Cadastro do E-psi e colaboradora do Eixo de Laicidade.
Ágnes Pala abriu a mesa falando sobre a resolução CFP 07/2023 que orienta que psicólogas e psicólogos devem atuar segundo os princípios éticos da profissão, pautando seus serviços com base no respeito à singularidade e à diversidade de pensamentos, crenças e convicções dos indivíduos e grupos, para considerar o caráter laico do Estado e da Psicologia como ciência e profissão. “Quando falamos de resolução precisamos entender que ela é uma norma que estabelece instruções sobre um determinado assunto. Essa resolução é de valor gigantesco para garantir que a prática da nossa profissão tenha um rigor ético, garantindo os direitos humanos”.
Em seguida, Héder Bello contextualizou acerca da pluralidade e diversidade sexual passando pela reforma protestante, cristianismo, capitalismo e laicidade. “Meninos vestem azul, meninas vestem rosa. Isso se deu a partir da reforma protestante depois que foi criada uma divisão de trabalho e remodelação de que o trabalho é uma forma de expor na terra, com dons e talentos, a atribuição divina que lhe foi atribuída”, explicou.
Segundo Bruna Menezes, laicidade ainda é tabu na cidade de Petrópolis, onde mora. A cidade imperial se constitui em cima de uma história com nuances religiosas, e “isso atrapalha a prática da Psicologia, inclusive na formação, pois não se encontra essa temática sendo debatida.”
A última fala da mesa foi de Victória Gutiérrez, que pontuou sobre a resolução discutida, álcool e outras drogas e comunidades terapêuticas. “É importante trazer mais informações sobre as comunidades terapêuticas e a atenção específica ao usuário de álcool e outras drogas. Algumas pessoas perguntam sempre porque se faz a diferenciação do álcool e outras drogas. Porque muita gente não compreende o álcool como droga, por isso a gente enfatiza ele, para as pessoas entenderem que mesmo lícita, ele é uma droga. E nesses ambientes a questão sobre laicidade é fundamental, pois os preceitos nos quais se baseiam as CTs e a forma como lida com os usuários é totalmente fundamentada em crenças religiosas”, disse.
CREPOP na Mostra – Sistema PricionalA terceira roda de conversa do Crepop foi sobre o Sistema Prisional e ocorreu na sexta-feira, 21 de julho, no início da tarde. A convidada para este debate foi a conselheira do CRP-RJ e coordenadora do Crepop, Luísa Bertrami (CRP 05/54879), doutora em Psicologia Social (UERJ) e pesquisadora do GEPSID/UERJ.
Bertrami começou sua fala apontando a importância deste encontro, pois há uma escassez da formação sobre a atuação da psicologia nos espaços de privação de liberdade. A psicóloga reafirmou o papel ético da psicologia nesses espaços, que devem considerar também as disputas políticas presentes na instituição.
Segundo Bertrami, “a prisão possui um objetivo declarado, que é o da ressocialização, mas a sua função real é a gestão dos corpos indesejáveis. O Código Penal é de 1940, e nós estamos em 2023. O Código e a execução penal tem um viés racista. Alguns crimes, como os chamados de ‘colarinho branco’ dificilmente vão parar na prisão. Temos que questionar sempre quem são as pessoas consideradas ‘perigosas’”. A Referência Técnica sobre esta atuação, a partir da qual Bertrami desenvolve seu diálogo com o público presente, discute sobre a relação da criminologia com a psicologia, resgatando a influência da antropologia criminal e a produção de conhecimento sobre a “delinquência”, embasada em teorias racistas e eugênicas.
A doutora pontuou ainda a relação entre Psicologia e Justiça, questionando “esta relação é permeada por tensões, e isso impacta bastante na atuação da psicóloga. Temos que pensar ‘para que a justiça nos convoca?’”; refletindo sobre a imposição do exame criminológico como prática da Psicologia nas prisões, a fim de medir a periculosidade e dizer da história e do futuro do sujeito que está sendo examinado.
Em 2010, foi promulgada a Resolução CFP nº 09/2010, que proibia a Psicologia de realizar exame criminológico, uma vez que ele é incompatível com o Código de Ética e com os preceitos éticos e técnicos da profissão. Devido à repercussão, o CFP precisou suspender a resolução e criar um grupo de trabalho para debater sobre o tema, o que resultou na Resolução CFP nº 011/2011, que normatizava a atuação profissional dizendo que se a psicóloga fizer o exame ela não pode fazer previsões, nem medir periculosidade. Em 2015, essa resolução foi cassada e suspensa sua aplicação no território nacional. Bertrami, após este histórico, finalizou ressaltando a importância da psicóloga realizar uma análise atenciosa da demanda que chega do Judiciário e da prisão, além de pensar sobre como usar os instrumentos disponíveis, numa perspectiva técnica e, sobretudo, ética, construindo a partir dessas demandas intervenções que respondam às demandas da Psicologia enquanto ciência e profissão.
COF na Mostra – Oficina de Elaboração de Documentos PsicológicosO segundo dia da Mostra também contou com mais uma oficina da Comissão de Orientação e Fiscalização que apresentou o tema “Elaboração de Documentos Psicológicos”.
Mais uma vez a sala estava lotada com profissionais e estudantes que se reuniram com a conselheira coordenadora da COF Thaís Vargas Menezes (CRP 05/33228), para o debate.
A psicóloga explicou sobre como elaborar um documento, sempre tendo atenção a quem está pedindo e com qual finalidade.
Os tópicos sobre relatórios, parecer psicológicos, estruturas, validade, modalidade e guarda de documentos também foram abordados na oficina. “Ler o documento com o paciente é importante para que ele possa ser discutido e debatido junto, principalmente aqueles que serão utilizados nos processos jurídicos”, lembrou Luciana Janeiro Silva (CRP 05/37932), colaboradora do CRP-RJ.
Thais também instruiu que as(os) profissionais e estudantes presentes sempre se baseiem nos princípios fundamentais do Código de Ética, normas técnicas e nas resoluções que o CFP lança para ter embasamento nas questões sobre produção de documentos.
Esteve presente também contribuindo para a oficina, Alfredo Assunção Matos (CRP 05/60474).
Neste dia, a COF montou uma sala de orientações exclusiva para poder atender aos participantes.
CREPOP na Mostra – RELAÇÕES RACIAISA terceira roda do dia21 de julho, foi pautada na Referência Técnica sobre Relações Raciais. O convidado para fazer este diálogo foi Bruno Pereira da Silva Rosa (CRP 05/67901), que fez sua fala acompanhado por outras (os) integrantes da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico Raciais do CRP-RJ, cujo coordenador, o conselheiro Thiago Rodrigues (CRP 05/50505), esteve presente.
Bruno iniciou refletindo sobre as produções no campo das relações raciais que contribuíram para a formação desse conhecimento na Psicologia e lembrou que é preciso exercitar o desmonte da estrutura racista que permeia tudo na sociedade, incluindo a graduação: “nós vivemos ainda uma Psicologia feita por brancos para brancos, numa graduação totalmente eurocentrada. Como podemos discutir relações raciais na graduação?”, questionou.
No que Rodrigues complementou: “nossos passos vêm de longe e não param. Não vamos deixar de estudar e citar autores brancos/europeus, mas precisamos também ler e citar os nossos. Precisamos ir contra a invisibilização deste tema, falar sobre os atravessamentos raciais em questões de saúde, saúde mental, suicídio”.
Diversas estudantes presentes na roda refletiram sobre como se identificaram enquanto pessoas negras durante a graduação em Psicologia, mas como isso não se deu pelas discussões em sala de aula. “Nós continuamos sendo vistas como objetos de estudo e não como sujeitos. Vamos colocar a branquitude e seu sistema de privilégios como objeto a ser estudado e debatido também” finalizaram.
Mesa Temática 3 – “Luta territorial: desastres sociais, modos de atuação e seus impactos”Esta mesa contou com a presença de Conceição de Maria Gama Carvalho Mathias (CRP 05/39882), psicóloga conselheira do CRP-RJ, coordenadora da Comissão Regional de Psicologia e Direitos Humanos e do Eixo de Políticas para as Mulheres, colaboradora do Eixo de Gênero e Diversidade sexual e da Comissão Gestora da Subsede Norte e Noroeste Fluminense; de Marwyn Soares de Souza (CRP 05/65099), psicólogo, colaborador da Comissão Gestora do Norte Noroeste Fluminense, integrante do Eixo de Práticas Anticapacitistas do CRP-RJ, especialista em Neuropsicopedagogia e Psicopedagogia, pós-graduando em Fenomenológica Decolonial e Clínica Ampliada; de Victoria Antonieta Tapia Gutiérrez (CRP 05/20157), psicóloga, especialista em Terapia de Família pelo IPUB- UFR, especialista em Atendimento ao Usuário de Álcool e Drogas pelo IPUB-UFRJ, conselheira, coordenadora da Comissão Especial de Estudantes, do Eixo de Políticas sobre Álcool e outras Drogas e do Eixo de Políticas para População Migrante e Refugiada do CRP-RJ; e Ramiro Gonzalez de Almeida Junior (CRP 05/70188), psicólogo, co-fundador dos grupos Inconformados Psi de acolhimento e reflexão sobre masculinidades, e do grupo Descolonizando a Psicologia, pós-graduando em Psicologia e Brasilidades (Instituto Parentes) e colaborador do CRP-RJ no Eixo de Gênero e Diversidade Sexual, como mediador.
Conceição Gama abriu o debate falando: “quando pensamos em território e em desastres, precisamos pensar o quanto isso é atravessado pelas particularidades das pessoas, dos territórios e das situações. Essa temática atravessa muitas especificidades de vivências como raças, classes, orientações sexuais, deficiências, álcool e outras drogas, infância e juventude e todas as violações de direitos básicos necessários”.
O mediador da mesa Ramiro Gonzalez falou sobre o tema não ter neutralidade. “Cada um fala a partir de um corpo-território em existência. Ninguém fala a partir de um lugar neutro. Ninguém fala a partir de uma ideia que somos todos seres humanos iguais. Precisamos falar da Psicologia enquanto pisamos nesse solo, fruto de uma invasão. Com critérios epistemológicos, racistas, machistas, LGBT fóbicos e tudo o que, geralmente, hegemonicamente aprendemos na graduação”.
Marwyn Soares falou sobre a construção coletiva do tema da mesa, movimento colonial, território, mobilidade humana, experiências e práticas psi. “A subsede Norte-Noroeste sempre pensa nos processos de interiorização que fazemos em nossas práticas, e como que a atuação do interior é diferente da atuação da Psicologia na capital, por conta da dimensão territorial e a dimensão das pessoas que são atendidas pelas políticas públicas”, pontuou.
Finalizando a rodada de falas da mesa, Victoria Gutiérrez falou enquanto coordenadora da Comissão de Emergências e Desastres e coordenadora do Eixo de Políticas para População Migrante e Refugiada do CRP-RJ. “Ponderamos em colocar a Comissão de Emergências e Desastres nessa mesa, não só pelas questões de deslizamentos e alagamentos, pois é muito além disso. A questão passa pelo território. Porque algumas emergências são mais noticiadas e recebem mais atenção do que outras? A Comissão foi chamada a compor essa mesa para pensar quais são, exatamente, as pessoas atingidas, quando acontecem esses casos”, finalizou.
Mesa Temática 4 – “Acolhimento institucional: um olhar a partir dos marcadores sociais da exclusão”As(os) convidadas(os) dessa mesa foram Cláudia Simões Carvalho (CRP 05/30182), psicóloga com especialização em Psicologia Jurídica e Gestão de Saúde pela UERJ, atuante no Sistema Único de Assistência Social e conselheira-tesoureira do CRP-RJ; Maycon da Silva Pereira (CRP 05/57178), psicólogo, conselheiro do CRP-RJ, coordenador do Eixo de Gênero e Diversidade Sexual e do Eixo de Políticas e Práticas Anticapacitistas, coordenador adjunto da Comissão Intergestora de Regionalização e Descentralização – CIRD -, e especializando em atendimento clínico das diversidades sexuais e de gênero e em inclusão da pessoa com deficiência, atuante na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de Armação dos Búzios e na Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Armação dos Búzios; Matheus Branco Leal (CRP 05/55287), psicólogo, especialista em Saúde Pública e Saúde da Família, conselheiro do CRP-RJ e coordenador do Núcleo de Saúde/Saúde Mental. Na mediação, Yvanna da Silva Brito (CRP 05/66298), psicóloga formada pela Universidade Veiga de Almeida, pós-graduanda em Terapia Cognitivo-Comportamental, colaboradora na Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico Raciais e colaboradora na Comissão Gestora da Subsede Baixada Fluminense.
Yvanna Brito abriu o debate dando as boas-vindas aos presentes e falou sobre o conceito de vulnerabilidade e as dificuldades que as pessoas negras sofrem, principalmente as mulheres negras.
Em seguida, o psicólogo Maycon falou sobre o objetivo de tecer ideias com o tema da mesa. Ele, que é pessoa com deficiência, relatou as dificuldades que passa e que o atravessa com marcadores sociais da exclusão. “É muito gratificante estar aqui nesta 16ª Mostra e eu aproveito para fazer um questionamento a vocês. Quantas vezes vocês viram uma pessoa com deficiência conseguindo passar pelas barreiras nesse espaço? De que modo podemos refletir essa realidade?”
Claudia Simões falou sobre a falta de segurança e proteção que atinge a todos. Sobre o SUAS e a proteção básica, explicou: “o SUAS é esse grande sistema de proteção social brasileiro, que é enorme, mas capilarizado, pois em todo o território nacional há um equipamento do SUAS. E nós, psicólogos, estamos lá. E a proteção básica é justamente para promover o acolhimento das pessoas e famílias em vulnerabilidade social”.
Finalizando as falas da mesa, o psicólogo Matheus Leal falou sobre a função social do manicômio, da regulamentação das comunidades terapêuticas e da atenção básica. “Esse espaço é muito especial, pois podemos trazer cada vez mais o debate das políticas públicas que é fundamental. Que a gente consiga transformar a realidade para atingirmos a igualdade de direitos com acolhimento institucional. Precisamos pensar qual é a função social dos espaços de acolhimento institucional e torná-los realidade.”
Veja na íntegra as mesas temáticas acessando o canal oficial do CRP-RJ no YouTube.