O 2º Encontro do Ciclo de Roda de Conversa “A Psicologia em situações de Emergências e Desastres, atuação, desafios e limites”, ocorreu no dia 23 de julho no auditório da subsede do Conselho Regional de Psicologia na Baixada.
O CRP-RJ, por meio da Comissão Especial de Emergências e Desastres, encaminhou o tema às estudantes e profissionais que atuam em diversas formas nos atendimentos da população em situação de vulnerabilidade.
A conselheira presidenta do CRP-RJ Mônica Sampaio (CRP 05/44523) abriu o evento dando boas vindas aos presentes e provocou a discussão do tema, “Qual é o papel da Psicologia nas Emergências e Desastres? Será que é distribuir cesta básica? Será que é visitar as famílias? O evento de hoje nos orienta como funciona o nosso papel, o que podemos fazer e qual é o fluxo que devemos seguir.”
Mônica falou, ainda, sobre o 1º Encontro do Ciclo que ocorreu no dia 20 de julho, em Angra dos Reis, e que lotou o auditório da Defesa Civil do local. Ela aproveitou para chamar a categoria para o último encontro que será no dia 6 de agosto em Petrópolis, e sobre a Referência Técnica para Atuação de Psicólogas (os) na Gestão Integral de Riscos, Emergências e Desastres
produzida pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas – CREPOP, em conjunto com a categoria, e que pode ser acessada clicando aqui.
Seguindo o evento, o mediador da mesa Thiago da R. D. Rodrigues (CRP 05/50505), mestre em Desen.Territorial e Políticas Públicas, psicólogo do SUS e colaborador do CRP-RJ chamou para compor a mesa do evento Ariel Pontes, psicóloga/UFRJ (CRP 05/64806), que coordenou o Programa de Restabelecimento de Laços Familiares (RLF) da Cruz Vermelha Brasileira – Rio de Janeiro, pós graduada em Psicologia das Emergências e Desastres e em Defesa Civil / Unyleya, Pesquisadora do Grupo de ensino, extensão e extensão de saúde em emergências e desastres (GEPESED- UFRJ) e colaboradora da Comissão Especial de Emergências e Desastres do CRP-RJ; Juliana Gomes da Silva, formada em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá (UNESA), mestre em Psicologia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), doutoranda em Psicologia (UFRRJ), pesquisadora do Laboratório de Subjetividade, Trabalho e Políticas Públicas (LABSUTP), que atua em políticas públicas de assistência social como servidora pública municipal onde ocupa, há 5 anos, o cargo de superintendente de proteção social básica, pesquisa primeira infância no SUAS e o papel do psicólogo nas políticas de assistência social e mãe do Heitor de 6 anos; Thais Sâmela Castro de Moraes, psicóloga transdisciplinar (CRP 05/60745), especialista em assistência a usuários de álcool e drogas pelo PROJAD-IPUB, mestranda em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS/IP/UFRJ), colaboradora da Comissão Especial de Psicologia em Emergências e Desastres do CRP-RJ e atuante no CAPS ad em Nova Friburgo; e Thaís Vargas Menezes (CRP 05/33228), conselheira da XIV Plenária e coordenadora da Comissão de Orientação e Fiscalização – COF.
O papel da Comissão e da Psicologia foi abordado na fala inicial da mesa por Ariel, “É muito importante falarmos sobre qual é o papel do psicólogo. O nosso papel começa na prevenção, na gestão integral de riscos e desastres. A percepção de risco precisa ser falada, o psicólogo pode atuar nessa percepção fazendo uma mapeamento da comunidade, como exemplo. Essa psicologia é formada no antes do risco também”.
Ariel Pontes afirma também que as profissionais que desejam atuar em emergências e desastres precisam ser treinadas e ser auto capacitadas, pois o sofrimento, perdas e mortes são o cenário que a profissional terá para trabalhar. Lembrou do autocuidado que os profissionais dessa área precisam ter bem como as referências técnicas possuem o material a base para o profissional ter sobre o assunto de como agir nesse âmbito.
O retorno aos eventos presenciais e a reconstrução do sair do digital para o presencial foi versado na fala inicial da psicóloga Juliana Gomes, que abordou que a desigualdade extrema é uma emergência e isso torna agravante a situação de vulnerabilidade quando ocorrem desastres. Ela citou também o atendimento multidisciplinar, a importância do fortalecimento de vínculos com o CRAS nos momentos de emergência e sobre o projeto de prevenção. “O fortalecimento de vínculo com sua comunidade já se faz organizar um local para abrigo nos momentos de desastre. O projeto de prevenção deve abranger a comunidade como um todo e não só uma determinada localidade. O projeto de cidade de inclusão que faça saneamento básico e que não joguem as pessoas para conglomerados sem assistência’’.
Representando como coordenadora da COF, Thaís Vargas relembrou grandes desastres como da barreira de Mariana ocorrido em 2015, em Minas Gerais, que foi uma imprudência e não um desastre natural, questionamento esse levantado sempre pelas políticas públicas.
A preparação e orientação das profissionais na qualidade do trabalho foram tratados na fala da psicóloga que observou que ‘’a ferramenta de trabalho da categoria é a própria profissional da psicologia e a responsabilidade de se atualizar e se instrumentalizar é nossa e de responsabilidade ética’’.
O cuidado e a responsabilidade ética de continuar dando assistência às pessoas após o fato ocorrido são de extrema importância, concluiu Thais.
É sempre importante lembrar que psicólogas (os) também podem contribuir auxiliando nos processos que contenham informações sobre riscos identificados, medidas de segurança e ações que envolvam a garantia de direitos psicossociais quando uma mudança de local for necessária.