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Dia 8 de Março


Data de Publicação: 8 de março de 2022


mulher

Dia 8 de março é a data que marca a luta contra as opressões vividas pelas mulheres e por garantia de direitos mais dignos.

Pensar em diretos das mulheres perpassa inevitavelmente uma série de questões que interpelam interseccionalmente as diferentes mulheridades, como maternidade, acesso a renda, moradia, alimentação, saúde e redes de proteção.

Desde o início da disseminação do vírus COVID-19, as mulheres foram um grupo intensamente impactado pelos problemas sociais e emocionais gerados pela pandemia, afetando de modo complexo as diferentes experiências de mulheridades que nunca são excludentes entre si, mas se entrecruzam, numa dinâmica em que ser mãe é importante atravessamento que se soma com marcações de classe, raça, território entre outras.

O desemprego e a falta de renda atingiram em cheio às mulheres. As que conseguiram se manter empregadas tiveram que lidar com a tentativa de equilibrar suas funções laborais em conjunto com diferentes sobrecargas nos espaços domésticos e afetivos, como por exemplo a sobrecarga nas funções de cuidar dos filhos, dos que adoecem, da casa.

As que dependiam de renda básica foram impactadas pela falta de planejamento de uma política que subsidiasse às necessidades mais urgentes. Além disso a falta da rede de apoio que vinha das políticas públicas como o desmonte sistemático das redes SUAS e SUS, modificações nas dinâmicas de funcionamento de escolas e creches que pudessem acolher crianças, foram algumas das situações produziram como efeito a precarização e o acirramento da sobrecarga de mulheres que, em maioria, são responsáveis pelo sustento e manutenção das famílias.

Em 2022 os salários das mulheres ainda são, em média, 27% menores. E nos casos daquelas que são mães e não contam com redes de apoio, precisam escolher se vale a pena trabalhar fora, pois será preciso pagar alguém para ficar com os filhos.

O trabalho doméstico é tão invisibilizado quanto fundamental para todo o funcionamento social. Por ainda ser um trabalho culturalmente associado à mulheres é desvalorizado pela sociedade que glorifica apenas o trabalho remunerado e formalizado.

Outro fator de extrema importância a ser analisado foi o aumento nos casos de violência doméstica. Além de diferentes sobrecargas, mulheres sofreram e ainda sofrem ainda mais violência no período de isolamento em suas residências, afetando, por consequência, também a saúde emocional das crianças.

Segundo a obra de Simone de Beauvoir, o destino que a sociedade propõe tradicionalmente à mulher é o casamento, e podemos inferir que ainda nos dias atuais o casamento aparece predominantemente atrelado à estrutura machista e patriarcal que compõe nossa sociedade. Normas morais que direcionam o que é “dever da mulher” tentam determinar esse lugar invisibilizado e subalternizado. Não obstante, esse “dever da mulher” é a motivação de boa parte dos casos de violência à mulher e de feminicídio.

Todos esses fatores devem ser levados em consideração pelas (os) profissionais da Psicologia, visto que é nosso compromisso analisar criticamente a realidade, promover saúde e qualidade de vida às mulheres e mães considerando interseccionalmente as suas diferenças como elementos constituintes das diversas experiências do ser mulher e mãe, buscar eliminar as opressões, e lutar para que as políticas públicas sejam eficazes e bem aplicadas em todos os âmbitos, garantindo uma possibilidade de vida digna às mulheres do Brasil.

Psicólogas e psicólogos estão atuando na Educação, no SUS, no SUAS, na Segurança Pública, na Justiça, na Clínica, e devemos estar criticamente comprometidas(os) com as mulheres que buscam ou que chegam aos serviços, ofertando um atendimento condizente com o contexto singular vivenciado por elas e, quando for o caso, também seus filhos, para que possamos auxiliar na transformação daquela realidade.

O CRP-RJ, assim como todo o Sistema Conselhos de Psicologia, se orgulha em dizer que cerca de 88% das profissionais de Psicologia são mulheres. Justamente, por isso, referenciamos em nossos textos o gênero feminino. Não compactuamos com invisibilização e com nenhum tipo de produção de violência, seja ela simbólica ou literal. E é com este posicionamento que reafirmamos o dia 8 de março não como um dia festivo de entregar rosas descontextualizadas, mas sim como um dia de luta das mulheres por uma sociedade mais igual e digna. Mulheres precisam de direitos conquistados e assegurados, de políticas públicas eficazes e de políticas de reconhecimento e redistribuição de acessos, muito mais do que apenas flores e chocolates.



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