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NOTA SOBRE A OPERAÇÃO POLICIAL NO SALGUEIRO


Data de Publicação: 2 de dezembro de 2021


WhatsApp Image 2021-12-02 at 13.23.46A Comissão Regional de Psicologia e Direitos Humanos, através do seu Eixo de Violência de Estado e Enfrentamento à Tortura, do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro vem se manifestar sobre a operação policial no Salgueiro, em São Gonçalo, que já vitimou oito pessoas até a data de hoje.

Conforme amplamente noticiado na imprensa, a morte de um Sargento na última segunda-feira (20) no Complexo do Salgueiro foi seguida de uma série de operações da PM no local. No mesmo dia oito corpos foram encontrados por moradores no mangue com sinais de tortura. Após a incursão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar fluminense no local, até a data de hoje, somaram-se mais três corpos.

Apesar da polícia negar que tenha ocorrido excessos ou realizado tortura, nesta ação no complexo do Salgueiro, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e a Defensoria Pública vem acompanham o caso e suspeitando que a operação, foi uma “operação vingança”.

O Estado brasileiro é o principal responsável por este modus operandi nas favelas brasileiras, existindo uma nítida militarização a incidir sobre corpos marginalizados e periféricos, especialmente de populações negras, estabelecendo portanto, um padrão de operação “legitimado” por uma política de Estado que  produz dinâmicas de submissão da vida pela morte, operando desde perspectivas necropolíticas no exercício do poder. Segundo texto publicado por Buba Aguiar, do Coletivo Fala Akari, da Favela de Acari, zona norte do Rio de Janeiro:

Todo o aparato usado pelo estado nas operações policiais, que violam os direitos do povo favelado, é digno de situação de guerra, além do discurso para o uso de tais ferramentas, o da “guerra às drogas”, ser falacioso e com viés explicitamente racista, ainda tem o fato de que os dois lados mais vistos nessa chamada guerra, agentes de segurança pública e varejistas de drogas, não estão em pé de igualdade.

Diante das mortes e suspeitas de tortura e a forma como ocorreu a operação no Complexo do Salgueiro, o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, através do Eixo de Violência de Estado e Enfrentamento à Tortura,  repudia o ato de violência e abuso de autoridade, postula pela implicação do poder político do Estado Fluminense, na pessoa de seu executivo, comandante das forças policiais do RJ e responsável último pela cadeia de comando e controle das forças policiais e de suas normas e padrões de operação. Em face do ocorrido no sábado nos manifestamos em apoio de que seja feita uma investigação sobre esta operação policial, em um processo independente e imparcial, conforme apontou o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.