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Manifesto da Comissão Regional de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do Estado do Rio de Janeiro


Data de Publicação: 22 de novembro de 2021


WhatsApp Image 2021-11-19 at 15.28.53            Considerando que o Racismo Estrutural constituiu o Brasil como um país fundado na segregação e perpetua relações de discriminação, humilhação e extermínio da população negra, ao lado de diversas outras formas de violência contra mulheres, indígenas, LGBTQIA+, população em situação de rua, pobres, periféricos e privados de liberdade;

Considerando que a Psicologia, implicada em seu compromisso ético-politico e técnico-ciêntifico, tem o enfrentamento ao racismo regulamentado desde 2002 na forma da Resolução CFP 018/02, no manual de Relações Raciais-Referências Técnicas para atuação de psicólogas/os (CFP, 2017), nas normas presentes nos seguintes Códigos:Código de Ética (CFP, 2005) e Código deProcessamento Disciplinar – CPD (CFP, 2019);

Considerando que o racismo,as desigualdades sociais, o genocídio sistemático da juventude negra nas favelas e periferias do Estado do RJ, a violência simbólica da perseguição às religiões de matrizes africanas,apesar da noção de laicidade religiosa instituída legalmente no país, são todos fonte de sofrimento psíquico;

Considerando que a falta de acesso a meios materiais e simbólicos para uma vida digna e justa da população negra impõe o reconhecimento das subjetividades marcadas por múltiplas experiências psicossociais, atravessadas por relações de dominação e exploração perpetradas historicamente pelas classes dominantes em nosso país;

Convocamos as/os psicólogas/os a incorporar em sua reflexão científica e em sua prática profissional o enfrentamento ao Racismo Estrutural, dever ético que requer um posicionamento orientado para a superação de quaisquer formas de violência, sejam elas físicas ou simbólicas.

A luta pela libertação de negros e negras tem expressão coletiva nos quilombos, movimentos sociais, favelas, campo, florestas e ruas. Opressões e genocídios de povos subalternizados derivamde um sistema global capitalista-neoliberal, supremacista branco e hetero-cis-patriarcal, contra o qual se ergue historicamente o movimento negro, honrando seus ancestrais numa estratégia internacionalista e afro-diaspórica.

Por fim, é imprescindível homenagear e lembrar “Os heróis dos barracões, o Brasil das Dandaras, Marias, Mahins, Marielles, malês,Lecis, Jamelões. Mulheres, tamoios, Zumbis”, “quem foi de aço nos anos de chumbo”, Virginia Bicudo, Neuza Santos Souza, Juliano Moreira e tantas/os outras/os negras/os, psicólogas/os do Brasil e de alhures. Vidas negras importam!

Neste dia 20 de novembro de 2021, Dia da Consciência Negra, de celebração e de mobilização, o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) através de sua Comissão Regional de Direitos Humanos, e do Eixo de Relações raciaisrepudia o genocídio da população negra, atravessado pelo escárnio dos que se omitem diante da confirmação das mais de 600 mil mortes no Brasil em razão da Covid-19, muitas evitáveis. Reafirmamos o compromisso da Psicologia com o antirracismo, a liberdade religiosa, a laicidade do Estado brasileiro, a democracia e os princípios de igualdade, liberdade e justiça social para todos os povos.

 

Salve o povo negro! Zumbi vive!