O Sistema Conselhos de Psicologia, por meio do Crepop – Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas -, acaba de lançar a “Referência Técnica para Atuação de Psicólogas (os) na Gestão Integral de Riscos, Emergências e Desastres”, com o objetivo de promover uma reflexão crítica e histórica sobre a inserção da Psicologia no campo das emergências e dos desastres, ampliando as possibilidades da atuação das (os) psicólogas (os) no gerenciamento de riscos e vulnerabilidades.

A publicação contém importantes referenciais técnicos, éticos e políticos sobre a atuação profissional junto pessoas acometidas nestas situações emergenciais. Não restrita a grandes desastres ambientais, a ação da Psicologia se estende para situações sociais que atingem grande número de pessoas na sociedade brasileira. A seca, o desemprego e outras questões socioeconômicas, também constituem este campo de riscos, emergências e desastres, no entendimento da Psicologia.

Esta é parte de uma visão crítica proposta pela Psicologia brasileira, que questiona o que normalmente é caracterizado como riscos, emergências e desastres. É preciso uma compreensão sobre a situação brasileira, na qual a extrema vulnerabilidade social é naturalizada, de forma que deixamos de tratá-las e nomeá-las como desastrosas e emergenciais. Mesmo as situações de desastres ambientais, devem ser analisadas por um viés mais crítico, pois estes desastres, muitas vezes estão longe de serem imprevistos, e muito tem a ver com a forma como lidamos com as mais diversas questões naturais, raramente voltados para a prevenção.

É papel fundamental da Psicologia, o questionamento e a visão não normalizada de situações violadoras dos direitos humanos, promovendo o enfrentamento constante das injustiças e desigualdades sociais. É necessário que psicólogas e psicólogos se integrem intersetorialmente às políticas públicas de Saúde, Assistência Social, Educação, Defesa Civil etc. Nessa direção, essa Referência Técnica é um instrumento potente para demarcação do compromisso ético-político da Psicologia com a sociedade brasileira.

Não é de hoje que a Psicologia vem atuando junto a esta temática: em 2011, na Região Serrana do Rio de Janeiro, houve uma grande tragédia ambiental, na qual psicólogas (os) atuaram  junto aos sobreviventes e familiares de vítimas. Em 2018, no âmbito nacional foi formado um grupo de trabalho com o propósito de articular as ações do Sistema Conselhos de Psicologia sobre riscos e desastres, ampliando as discussões sobre o tema e promovendo a participação dos Conselhos Regionais de Psicologia, categoria e sociedade civil. No mesmo ano, também foi iniciada a elaboração desta Referência Técnica.

Infelizmente, não foram poucos os grandes desastres nos últimos anos: Morro do Bumba, Região Serrana (2011), desastre de Mariana e Brumadinho, entre tantos outros. E desde 2020, a pandemia de Covid-19, impactando em escala global a vida das pessoas.

Esta Referência aborda todas essas questões e vai além: é necessário explicitar que o impacto da pandemia foi muito maior para com as pessoas em vulnerabilidade social. A falta de acesso à saúde, as condições mínimas sanitárias e de habitação, o desemprego, a falta de acesso à educação com escolas fechadas e aulas pela internet, a falta de água e condições mínimas de higiene foram sentidos de forma muito mais agressiva nas periferias da cidade. E isso é caso de emergência e desastre.

Para ler a Referência Técnica para Atuação de Psicólogas (os) na Gestão Integral de Riscos, Emergências e Desastres, clique aqui.

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