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CRP-RJ REALIZA EVENTO NA ZONA NORTE SOBRE QUESTÕES ÉTNICO-RACIAIS


Data de Publicação: 18 de setembro de 2024


No dia 24 de agosto, sábado, o CRP-RJ, por meio da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnicos Raciais, promoveu o evento “Psicologia na Contra-Colonialidade” para profissionais e estudantes de Psicologia.

A atividade foi realizada na Arena Carioca Fernando Torres, localizada na rua Bernardino de Andrade, 200 – Turiaçu, Rio de Janeiro. O encontro também foi uma preparação para o 12º Congresso Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, que ocorrerá em 2025.

Entre os assuntos abordados pelas(os) palestrantes, destacaram-se temas sobre a saúde mental de corpos colonizados, políticas públicas de acolhimento e racismo.

Para assistir às palestras na íntegra, acesse o canal oficial do CRP-RJ no YouTube @realCRPRJ.

Abertura Institucional

O encontro foi apresentado por Thais Lourenço (CRP 05/62992), colaboradora da Comissão Especial de Eventos e Coordenadora Adjunta da Comissão Especial de Relações Étnico-Raciais do CRP-RJ.

A mesa de abertura institucional foi composta por Vagner Fernandes, jornalista e representante da Arena Carioca Fernando Torres, Pedro Paulo Bicalho (CRP 05/26077), conselheiro-presidente XIX Plenário do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Viviane Martins (CRP 05/32170), vice-presidenta e colaboradora da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-RJ, e Thiago Rodrigues (CRP 05/50505), coordenador da subsede Baixada e Coordenador da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais da CRP-RJ. 

Emocionada, Thais Lourenço abriu o evento lendo um texto sobre a valorização da trajetória de pessoas negras e suas resistências, bem como a afirmação do lugar que foi negado por séculos as pessoas negras.

O representante da Arena Vagner Fernandes celebrou a realização do evento no local que foi um espaço construído para democratizar a cultura na região. Ele também comentou os dados do IBGE – Instituto Brasileiro Geografia e Estatísticas de, no qual 45% das(os) brasileiras(os) se declararam pardas(os), considerando uma desconstrução dos estigmas impostos historicamente no processo de exclusão da população preta. 

Pedro Paulo Bicalho, conselheiro-presidente do CFP, falou sobre a colonização se manter até os dias de hoje, pois sempre foi uma tecnologia de poder e produção de processos de subjetivação, e para fazer Psicologia é preciso atuar na contra-colonialidade. Bicalho citou Nina Simone ao apontar o atraso de 22 anos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em se posicionar sobre a existência de políticas manicomiais com a Resolução n.º 487/2023. Ele também afirmou que a reação contrária do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), onde à medida é fundamentada no lucro e no medo de que pessoas estejam livres. 

A vice-presidenta do CRP-RJ, Viviane Martins, destacou a importância da Psicologia romper barreiras territoriais no estado do Rio de Janeiro e estar presente nos espaços de discussão onde os corpos colonizados ocupam na grande maioria. Martins também questionou sobre a exaltação aos pensadores europeus e estadunidenses ser maior do que as(os) pesquisadores brasileiras(os). Por fim, ela informou sobre a proposta de reserva de vagas na construção de chapas do CRP-RJ e CFP, que asseguram a presença de pessoas diversificadas. 

Thiago Rodrigues refletiu sobre a decolonialidade ter se tornado uma apropriação das academias, alertando que pessoas brancas podem utilizar a ideia da misticidade para dominarem locais de fala que não as pertencem. Rodrigues também apresentou as atividades realizadas e os membros da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnicos Raciais. 

Antes do encerramento, Viviane Martins descreveu as etapas de Ações de Mobilização, Pré-COREP, COREPSI (Congresso Regional de Psicologia), CNP (Congresso Nacional de Psicologia) e o processo eleitoral do sistema conselhos. O COREPSI e o CNP ocorrem a cada três anos, sendo a próxima edição em 2025. O COREPSI reúne psicólogas(os) e estudantes para discutir propostas a serem apresentadas no CNP, onde serão debatidas e implementadas na próxima gestão subsequente. Martins ressaltou a importância de profissionais e estudantes participarem deste processo coletivo e democrático de elaboração e execução de políticas para a Psicologia. 

 

Para saber mais sobre o 23º Congresso Nacional de Psicologia e suas etapas acesse https://cnp.cfp.org.br/12/ 

Começo – “Quem segura o dia de amanhã na mão?”: As políticas do atraso e seus impactos na saúde mental.

A mesa teve o tema “Quem segura o dia de amanhã na mão? As políticas do atraso e seus impactos na saúde mental”, abordando tópicos sobre a precariedade da saúde para corpos colonizados.

O palestrante convidado foi o Pastor Henrique Vieira, deputado federal (PSOL-RJ), ator, poeta e professor. Ele também é presidente da frente parlamentar em defesa da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica na câmara dos deputados.

Henrique Vieira falou sobre três tópicos que considera como políticas do atraso, sendo o primeiro deles o esvaziamento do sentido coletivo e comunitário da vida, no qual existe uma privatização do limite do sentido da vida das pessoas e as performances do indivíduo dentro no sistema capitalista ser baseada pela competição, individualidade, consumismo e perfeccionismo. 

Como segundo tópico, Vieira definiu o medo, onde destacou que há uma funcionalidade na produção da violência e uma intencionalidade na produção do medo, sendo uma maneira de manter a desigualdade social na sociedade. 

Por fim, Henrique comentou sobre a ideia de negação da diversidade humana, no qual tornou-se algo a ser corrigido, por escapar da verdade colonial. O pastor também criticou um projeto de lei de 2023, que visava proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo com justificativas baseadas no cristianismo. 

Meio – “O meu lugar…”: A importância da comissão permanente de relações étnico-raciais no combate ao racismo nas instituições.

Com o tema “A Psicologia na Contra-Colonialidade no Sul Fluminense”, a mesa trouxe pautas relacionadas a políticas públicas e a Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnicos Raciais. 

A mediação da mesa foi realizada por Carina Cruz (CRP 05/37581), psicóloga clínica, colaboradora da Comissão de Relações Raciais do CRP-RJ, e co-coordenadora da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) (ANPSINEP) do Rio de Janeiro.

Participaram da mesa Luciene Lacerda (CRP 05/09715), psicóloga, doutoranda em educação, mestre em saúde coletiva, especialização em educação para a área de saúde, saúde do trabalhador e ecologia humana, e foi coordenadora do curso “Política Integral de Saúde da População Negra” de 180 horas na UFRJ, Noeli Godoy Para’i Goytaká, psicóloga, indígena etnia Goytaká, doutora em Psicologia, trabalho, saúde e subjetividade e vice-presidenta da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) do Rio de Janeiro, e Viviane Martins (CRP 05/32170), vice-presidenta e colaboradora da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-RJ.

A psicóloga Luciene Lacerda dialogou sobre a política nacional de saúde da população negra, falando sobre o enfrentamento ao racismo, atenção aos agravos na promoção de saúde e valorização das contribuições da cultura afro-brasileira. Lacerda ressaltou que o objetivo da política é garantir o acesso da população negra residente em diversas áreas à saúde, incluir temas étnico-raciais na educação e a utilização do quesito cor na produção de informações epidemiológicas.

Noeli Godoy Para’i Goytaká, vice-presidenta da ABRAPSO do Rio de Janeiro, destacou a importância da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnicos Raciais do CRP-RJ, pois serve de orientação aos profissionais que tiveram uma educação acadêmica eurocentrada. Segundo Godoy, as (os) psicólogas (os)  precisam ter a  responsabilidade do bem-viver para lidarem com corpos-território que têm o histórico de serem perseguidos e invadidos. 

A vice-presidenta do CRP-RJ, Viviane Martins, explicou a necessidade de se ter comissões permanentes nos espaços de discussões etno-raciais, pois atravessam todas as comissões do conselho. Ela relembrou que todas as conquistas foram obtidas a partir de lutas e debates na categoria. Por fim, Martins convocou a aproximação dos estudantes e profissionais para auxiliarem no progresso das pautas raciais e discussões. 

Começo – “Tudo que nós tem é nós”: Cuidado e educação também se faz em coletivo

A última mesa apresentou o tema “Tudo que nós tem é nós”: Cuidado e educação também se faz em coletivo”. As mediadoras foram Natasha Iane Magalhães (05/61840), mestra em Psicologia, subjetividades e exclusão social, pesquisadora das intersecções entre saúde mental e militância, e Yvanna Brito (CRP 05/66298), prounista graduada pela Universidade Veiga de Almeida, pós-graduada em terapia cognitivo comportamental e Colaboradora do CRP-RJ.

Os participantes foram Tatiana Moreira, da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es), Sheila Machado Dias, do Kitembo – Laboratório de Estudos de Subjetividade e Cultura Afro-brasileira, Jamai Matos Pereira, do Coletivo Negro de Psicologia Neusa Santos, Marcus Cezario, do Coletivo Negro Virgínia Leone Bicudo/UFRJ, e Amanda Noeli Godoy Para’i Goytaká, do Coletivo Matriarcado Ancestral (Coletivo de Mulheres Indígenas, afeto, proteção e cuidados espirituais para mulheres em vulnerabilidades. 

A psicóloga Natasha Iane Magalhães iniciou a mesa defendendo os coletivos e reconhecendo que a Psicologia não é uma oposição à militância, pois esse discurso inviabilizou a atenção à saúde mental da população negra e indígena.  

Yvanna Britto definiu a coletividade enquanto construção de políticas públicas a fim de possibilitar maior inclusão educacional, considerando a mobilidade e seguindo o caminho da contra colonialidade.  

Membra da Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es), Tatiana Moreira falou sobre a produção de conhecimento e políticas de profissionais negros para discutir sobre os efeitos do racismo na subjetividade.

Sheila Dias, do Kitembo, explicou o uso da Psicologia com saberes ancestrais, destacando a comunidade das pessoas negras que se ajudam.

Representante do Coletivo Negro de Psicologia Neusa Santos, Jamai Matos, contou sobre os alunos terem se unido para criar o coletivo a partir da ausência de personagens negros na faculdade. 

Marcus Cezario, do Coletivo Negro Virgínia Leone Bicudo/UFRJ, comentou sobre o grupo combater os desafios impostos pelo raciais, mas também ser um espaço de afeto entre semelhantes. Ele também falou sobre o posicionamento dos professores de Psicologia da UFRJ ser distante das práticas do CFP e CRP-RJ.  

Integrante do Coletivo Matriarcado Ancestral (Coletivo de Mulheres Indígenas, afeto, proteção e cuidados espirituais para mulheres em vulnerabilidades, Amanda Godoy contou sobre as práticas da premissa básica decolonial, entendendo que a colonização afetou tudo e todos.  

Oficina cultural de charme

O evento foi encerrado com a aula de charme aos presentes, ministrada por Marlon Fernandes, contribuinte no movimento hip-hop no grupo conexão crew patrocinado pela prefeitura do rio, atuou como dançarino na peça ‘a vida de um b-boy’ e tem 18 anos de experiência na categoria break dance, Luiza Gomes, dançarina, atriz, charmeira, administradora do drip dos crias e participante do projeto intercessão, e atua como Luzinha na série “Passinho – Ritmo dos sonhos pela Disney Plus”, e Ruan Costa, coreógrafo, DJ e instrutor de dança charme no projeto Intercessão com 10 anos de trajetória e trabalha com os gêneros neo soul, rhythm and blues nacional e afrobeat.

 

 



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