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CRP-RJ CELEBRA 50 ANOS COM DEBATE SOBRE A HISTÓRIA DA PSICOLOGIA NO SUL FLUMINENSE


Data de Publicação: 3 de setembro de 2024


O Conselho Regional do Rio de Janeiro – CRP-RJ, realizou no dia 22 de agosto na Universidade Federal Fluminense (UFF) – Campus Volta Redonda o evento “Os caminhos da Psicologia no Sul Fluminense: 50 anos do CRP-RJ”. O evento contou a história da Psicologia na região, desde o movimento antimanicomial, a criação da subsede do CRP-RJ, a atuação profissional em diferentes áreas, a importância da regionalização da Psicologia, e a necessidade de se manter em constante luta por novos espaços e direitos.

A atividade foi uma preparação para o 12º Congresso Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, que ocorrerá em 2025.

 

Abrindo o evento, o psicólogo Tiago da Silva Cabral (CRP 05/39728), coordenador da Comissão Gestora Sul Fluminense e da Comissão de Comunicação Social e Editorial do CRP-RJ, lembrou que a instituição pública formadora de profissionais da Psicologia, já recebeu o CRP-RJ em outros eventos e agradeceu mais uma vez a acolhida da universidade.

 

Mesa de Abertura Institucional

A mesa de abertura foi composta por Tiago Cabral, Viviane Martins (CRP 05/32170), vice-presidenta e colaboradora da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-RJ, Felipe Degani (CRP 05/46254), psicólogo, conselheiro e coordenador da Comissão de História e Memória do CRP-RJ e Ricardo Sparapan Pena (CRP 05/49339), psicólogo, professor e coordenado do curso de Psicologia da UFF Volta Redonda.

Viviane Martins, vice-presidenta, dialogou sobre a necessidade de se comemorar os 50 anos de forma descentralizada, valorizando a história local. Falou sobre a importância da atuação da Psicologia em garantir os direitos humanos, argumentando que para garantir a atuação, é crucial estar presente no território, discutindo com os profissionais, por fim, falou sobre as etapas do 12 COREPSI, convocando as(os) presentes a enviarem suas propostas.

Honrado em poder está presente na comemoração dos 50 anos do CRP-RJ na região, Ricardo Sparapan Pena agradeceu a oportunidade e colocou a UFF à disposição para contribuir com a realização de evento no sul fluminense. Ele menciona a importância da UFF como um espaço de formação de psicólogas(os) para a região, destacando a importância do projeto pedagógico do curso e reconhece a importância do CRP-RJ em promover a regionalização e descentralização da Psicologia para orientar para além da fiscalização. Por fim, o psicólogo enfatiza a necessidade de se manter em constante movimento, lutando por novas conquistas e por garantir o acesso da população aos serviços de Psicologia.

O conselheiro Felipe Degani destacou a honra para o CRP-RJ em ter a UFF sediando a comemoração dos 50 anos. Ele comentou que este é o segundo evento relacionado aos 50 anos do CRP-RJ, sendo o primeiro realizado na 17ª Mostra, que ocorreu de 1° a 3 de agosto, na UERJ. Felipe Degani agradeceu o trabalho da Comissão Gestora da subsede Sul Fluminense, reforçando a importância da descentralização da comemoração dos 50 anos e elucidou sobre a criação do Sistema Conselhos realizada em 27 de agosto de 1974, não sendo apenas um marco histórico, mas um resultado de lutas e articulações do movimento de profissionais da Psicologia para conquistar espaços e direitos. E finaliza explicando que os conselhos regionais foram criados para dar voz à categoria e garantir a qualidade da atuação profissional.

Finalizando a mesa institucional, Tiago Cabral enfatiza que a atuação da Psicologia em Políticas Públicas é crucial, e que essa Psicologia tem um papel político fundamental. Para ele, a Psicologia não deve ser vista como uma profissão neutra, mas sim como uma força política que busca defender os direitos humanos e promover a transformação social. O coordenador da Comissão gestora do Sul Fluminense destacou que a política vai muito além de um confronto, mas sim, de um encontro entre pessoas que buscam um objetivo em comum. Ele usa a comemoração dos 50 anos do CRP-RJ como um exemplo, mostrando que a união da categoria é um corpo político que reivindica seus direitos e luta por um espaço conquistado a duras penas. Ainda sobre o COREPSI, Cabral relembrou que a subsede da região é fruto de uma proposta recebida em um pré-corepsi, e aproveitou para convidar as(os) profissionais e estudantes a enviarem suas propostas.

 

Mesa de Debates – Da luta antimanicomial ao SUS e SUAS: Histórias da Psicologia no Sul Fluminense

A primeira mesa de debates levou o tema “Da luta antimanicomial ao SUS e SUAS: Histórias da Psicologia no Sul Fluminense” que discutiu sobre o contexto da reforma psiquiátrica com as histórias do sul fluminense. A mesa foi composta por Etienne Menezes de Santana Dutra Ferreira (CRP 05/36704), psicóloga pela Universidade Severino Sombra, especialista em Neuropsicologia Clínica e Educacional pela CESJF, é atualmente Coordenadora da Saúde Mental de Resende, já atuou como Coordenadora do CREAS e da Saúde Mental em Mendes e também na Proteção Social Básica, em psicologia clínica e reabilitação neuropsicológica, Roberto Carlos da Silva (CRP 05/44636), psicólogo (UNESA/Resende), especialista em ciência, arte e cultura na saúde, é mestre em Ensino de Biociências e Saúde, ambas na FIOCRUZ, atua com reabilitação psicossocial em CAPS, desinstitucionalização, intervenções culturais na produção comunitária e educação popular, Edna Candida Quintino (CRP 05/12328), psicóloga, nascida em Volta Redonda, com raízes em uma família de metalúrgicos, formou-se em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, fez especialização em Educação Permanente e Multiprofissional em Saúde e Saúde Pública cursa especialização em Gestão em Saúde Mental, já atuou com diferentes públicos, incluindo pessoas com deficiência intelectual e Síndrome de Down, adolescentes em conflito com a lei, mulheres vítimas de violência e risco de morte, e possui experiência significativa no atendimento ao idoso e em saúde mental e Fernando Faleiros (CRP 05/71692), integrante da Comissão Gestora Sul Fluminense e mediador da mesa.

Etiene em sua fala introduz a temática da luta antimanicomial, contextualizando a reforma psiquiátrica e a Lei 10.216/2001 (Lei Paulo Delgado), um marco legal que visa a desospitalização dos pacientes com sofrimento mental e a reintegração social. Ela explica que esta luta busca ressignificar a atenção em saúde mental, considerando o sujeito em sua integralidade, em seu território e em sua complexidade e destacou a importância da criação do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e do seu desenvolvimento. A psicóloga ainda ressalta que a Psicologia tem um papel fundamental na ressocialização, e na reinserção dos pacientes com sofrimento mental.

A psicóloga Edna Quintino destacou a importância da desconstrução do modelo manicomial e a necessidade de se repensar o atendimento em saúde mental, questionando o papel tradicional da(o) psicóloga(o). Quintino coloca em discussão a expectativa que muitas vezes o usuário tem em relação as(ao) psicóloga(o), de que ele se limite a uma sala de atendimento, e questiona se esse modelo ainda prevalece. A palestrante também fala sobre a importância de se ressignificar a psicologia na saúde mental. Ela acredita que a(o) psicóloga(o) não deve apenas tratar o sofrimento mental, mas construir com o usuário aspectos importantes da vida, como a autonomia e a capacidade de escolha.

Roberto Carlos da Silva, contextualiza sua fala trazendo informações sobre o contexto histórico de Volta Redonda, uma cidade nova, construída a partir da demanda de industrialização, que possui características particulares em relação à saúde mental. Da Silva mencionou também o início dos hospitais psiquiátricos da região que eram sucateados e que as pessoas eram tratadas de forma violenta e desumana. Ele relata que, com a criação do CAPS, o objetivo era desospitalizar os usuários e reintegrá-los à sociedade, mas que essa proposta ainda enfrenta obstáculos. Roberto Carlos ainda falou que a desistitucionalização não se limita à saída do hospital, mas também à construção de uma nova forma de cuidar, considerando as necessidades, o contexto social e a singularidade de cada pessoa. Ele destaca a necessidade de se lutar por políticas públicas que garantam o direito do usuário de saúde mental à vida digna e à autonomia.

Terminando a mesa, Fernando Faleiros falou da importância de acompanhar e entender a história da região Sul Fluminense, reconhecendo que cada município tem características e realidades particulares e mencionou que Volta Redonda, por exemplo, tem um passado de intensa industrialização que a sua história se mistura com as lutas dos trabalhadores por direitos e pela construção de uma sociedade mais justa. Ele comenta que a criação da subsede do CRP-RJ no Sul Fluminense foi um resultado de anos de luta e de trabalho dos profissionais locais.

Mesa de Debates – Histórias da Psicologia no Sul Fluminense: dos cursos à Subsede

A última mesa do evento teve o tema “Histórias da Psicologia no Sul Fluminense: dos cursos à Subsede”. Ela relatou a trajetória da Psicologia na região, mostrando as lutas, as conquistas e os desafios que a categoria enfrentou ao longo dos anos.
Sua composição foi formada por Tiago Cabral, Priscila Pires Alves (CRP05/19967), psicóloga e mestre em Psicologia Social (UFRJ), doutora em Psicologia Social (UERJ) e Pós-doutora (UnB). Atualmente é professora associada e chefe do departamento de Psicologia de Volta Redonda, da Universidade Federal Fluminense, possui experiência em Psicologia Social e Comunitária e Gestalt-terapia, Pesquisadora do Laboratório Ambientes Digitais de Aprendizagem para Criança Autista (ADACA), é Supervisora de estágios clínicos em Gestalt-Terapia na UFF/VR, Carolina Maria dos Santos Silva (CRP 05/29816) e Rogéria Cristina Francisquini (CRP 05/37069), colaboradora e conselheira e membros da Comissão Gestão Sul Fluminense.

Priscila Aves, explica que o curso de Psicologia da UFF, onde ela atua, foi criado em 2011, com o objetivo de regionalizar a formação e interiorizar a prática da Psicologia. Ela comenta que, antes da criação do curso gratuito, os alunos da região tinham que se deslocar para o Rio de Janeiro para cursar Psicologia em uma instituição pública, o que criava dificuldades e limitava o acesso à formação para muitas pessoas. Com isso, ela destaca que a territorialização da prática da Psicologia é um desafio fundamental, e que os cursos de Psicologia da região precisam levar em consideração as realidades locais, e adaptar o projeto pedagógico para formar profissionais capazes de atender as demandas específicas de cada município. Priscila menciona também que o conselho tem um papel fundamental na formação e na luta por uma Psicologia mais justa e igualitária e ainda convidou profissionais e estudantes para lerem o código de ética.

Integrantes da Comissão Gestora da região, Carolina Maria dos Santos Silva e Rogéria Cristina Francisquini dividiram as falas sobre a subsede.

Rogéria Francisquini comenta que, ao ser convidada para falar sobre a história da subsede, teve a sensação de que o tempo passou rapidamente, mas que essa história é fruto de muitos anos de luta e trabalho. Ela destaca que a batalha para a abertura da Subsede Sul Fluminense foi longa e complexa, com diversos profissionais se unindo para conquistar esse espaço. Em relação à escolha de Volta Redonda como local para a Subsede, a conselheira destaca que a cidade é um ponto estratégico para a região, por ser um município central e com fácil acesso para os demais municípios do Sul Fluminense.

Carolina Silva  conta um pouco sobre sua trajetória profissional na área da assistência social. Ela explicou como o CRP-RJ se articulou com a UFF para realizar um estudo que avaliasse a demanda por serviços de Psicologia na região e a possibilidade de se criar uma subsede. Esse estudo foi realizado em 2019, e a proposta de abertura da subsede foi apresentada no Corep do mesmo ano. Ela destaca que foi uma luta para concretizar a abertura da subsede, e que foi necessário trabalhar com diversas regiões do Sul Fluminense, participando de reuniões e eventos, buscando construir um consenso sobre a necessidade dessa ação. A conselheira conta que, em 2022, o estudo foi finalizado e aprovado pelo CRP-RJ, em que Volta Redonda seria a escolhida como local para a Subsede, pois a cidade é um ponto estratégico e de fácil acesso para os demais municípios da região. Ela finaliza sua fala ressaltando a importância da ação do CRP em aproximar a categoria das realidades locais, e que a abertura da Subsede é uma conquista importante para a psicologia no Sul Fluminense.

Finalizando, Tiago Cabral, ao falar sobre a interiorização da Psicologia no Sul Fluminense, destaca a importância de momentos que afetam e provocam a mudança, e que as(os) psicólogas(os) precisam se manter em constante questionamento para que a categoria não se torne “engessada” por práticas tradicionais. Cabral destaca a importância de se ter um olhar crítico sobre a atuação da psicologia nas Políticas Públicas, reconhecendo que o sistema ainda é marcado por práticas tradicionais e que é necessário lutar por uma transformação mais profunda.


As comemorações dos 50 anos do CRP-RJ continuarão por todas as regiões do estado do Rio. Acompanhe nossas redes sociais para saber quando será a comemoração na sua região.

 



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