O Conselho Regional de Psicologia, por meio da Comissão Especial de Eventos, coordenada pela conselheira vice-presidente Mônica Sampaio (CRP 05/44523), realizou o evento “Psicologia, rua e saúde: carnaval pra quem?”, no dia 18 de fevereiro, no auditório da sede, no Centro do Rio.
Mônica Sampaio abriu o evento dando as boas-vindas ao público que lotou o espaço, “é muito importante nos reunirmos aqui para falar sobre a importância das mais diversas expressões artísticas para a promoção da saúde e pensar o papel da Psicologia nesse contexto”.
O conselheiro presidente do CRP-RJ Pedro Paulo Gastalho de Bicalho (CRP 05/26077) ressaltou que “realizar um evento como este é para nos lembrarmos que carnaval é resistência. É o momento de nós tomarmos a rua, lembramos que a cidade é nossa e que o direito à cidade não é algo que fique somente restrito aos quatro dias de carnaval”.
Conferência de Abertura
Luiz Antônio Simas, historiador e escritor, vencedor de dois Prêmios Jabuti, foi o conferencista que ministrou a palestra de abertura ao lado da mediadora Fernanda Canavêz, psicóloga e colaboradora do CRP-RJ.
O historiador falou sobre o conceito de re-existência, que é diferente da resistência. Na re-existência as diferentes culturas criam outras formas e redes de proteção social, e, nesse sentido, o Carnaval para o Rio de Janeiro apresenta um sentido transgressor e transvalorador por excelência.
Segundo Simas, “o símbolo da cidade do Rio de Janeiro é um pedaço de pau, pois parece que a chave para olhar, pensar e entender a cidade, é mergulhar em outras gramáticas. Eu sempre digo isso para os meus alunos: se você quer entender algo, pesquise em outras gramáticas. O pedaço de pau que bateu em corpos, mas a grande transgressão promovida por algumas culturas, foi a capacidade de transformar o pedaço de pau que dá no corpo na baqueta que dá no coro do tambor para criar o mundo. Não é resistência, é ‘reexistência’”
Debate e apresentação cultural
Em seguida, aconteceu uma apresentação cultural feita por Munique Mattos, artista, compositora e performer, e Oswaldo Luiz Freitas Maia, psicólogo e um dos coordenadores do bloco “Tá Pirando, Pirado, Pirou!”.
A segunda mesa contou com Helena Theodoro, escritora, doutora em Filosofia e pós-doutora em História Comparada, que levantou o tema do evento ao refletir sobre a importância do carnaval como forma de escape e de visibilidade para a comunidade negra.
“O carnaval para nós de base africana é um espaço de encontro. O espaço da rua para a comunidade negra, é de visibilidade, de luta permanentes, de recriação e criatividade profunda. Nele, a sensação de pertence dentro de uma escola, faz com que você se sinta incluso. É dessa forma que a comunidade negra se encontra através das escolas de samba e nos blocos”, explicou a professora.
Richarlls Martins, psicólogo, mestre em Políticas Públicas em Direitos Humanos (UFRJ) e doutorando em Saúde Coletiva pela Fiocruz e professor do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ, também esteve presente na mesa, e enfatizou o carnaval como sentido político e como sendo um dispositivo, para as questões de preconceitos à classe, gênero e raça.
Segundo o psicólogo, “a imagem do carnaval ligada com a política, representa muito como nós, historicamente, nos espaços do carnaval, conseguimos dar um outro sentido das estruturas de poder. Além disso, o carnaval é um dispositivo, no sentido que ele produz uma disposição, para colocar questões que são inerentes a pratica da nossa profissão, uma delas é que 75% das vítimas de homicídios são pessoas negras”.
No encerramento, o coletivo carnavalesco “Tá Pirando, Pirado, Pirou!”, criado em 2005, fez uma apresentação, tocando suas marchinhas de carnaval. Ele é formado por usuários e profissionais da rede pública de saúde mental do Rio de Janeiro.
O evento teve transmissão ao vivo e on-line pela página do CRP-RJ no Facebook. Clique aqui e confira.