A penúltima mesa de debates da Jornada de Psicologia Hospitalar reuniu psicólogas (os) do Hospital Federal de Bonsucesso, do Hospital Federal do Andaraí e do Hospital Federal Cardoso Fontes para apresentarem suas práticas em cada uma dessas instituições.
A responsável técnica do Hospital do Andaraí, Ana Carolina Velasco (CRP 05/32857), iniciou o debate falando sobre a prática da Psicologia na instituição e destacando a importância da atuação da (o) psicóloga (o) dando suporte aos sujeitos em situação de hospitalização para que possam lidar melhor com a situação.
“A missão institucional do hospital do Andaraí é prestar assistência à saúde seguindo as premissas do Sistema Único de Saúde”, iniciou a palestrante. “A missão do Serviço de Saúde Mental do hospital é atender o sujeito em seu sofrimento, e, a partir da escuta, prestar suporte para que ele possa lidar com a situação do adoecimento” acrescentou a psicóloga.
“Nossa proposta de trabalho é o acolhimento dos pacientes desde a emergência. Nos últimos anos, temos conseguido atuar numa assistência de emergência que vem se consolidando cada vez mais”, defendeu ela, revelando também que a equipe de Psicologia oferece “plantões diurnos, sete dias por semana. Agora encontramos, também, profissionais em plantão noturno, mas, por enquanto, somente durante a semana”.
Márcia Natal Abreu (CRP 05/9628), responsável técnica do Hospital Federal de Bonsucesso, deu continuidade ao debate destacando que a instituição é uma referência em média e alta complexidade na região da Zona Norte do Rio de Janeiro.
“A missão do hospital é promover a atenção integral à saúde, oferecendo à população um atendimento humanizado e multiprofissional, conforme preconiza o SUS”, explicou a psicóloga. “É o maior hospital da rede pública do estado do Rio em volume de atendimentos. Em média, são 5 mil consultas ambulatoriais por mês, 1.200 atendimentos de emergência e 1.300 internações”, apontou.
“Nossa missão, no Serviço de Psicologia, é oferecer uma escuta diferenciada, privilegiando a expressão dos sentimentos e focando os aspectos psíquicos inerentes ao processo de adoecimento ou aos processos de produção de saúde”, afirmou Márcia Natal.
Encerrando a mesa, a responsável técnica do Hospital Federal Cardoso Fontes, Helen Abreu Oliveira (CRP 05/3467), falou sobre a realidade da instituição na qual atua, localizada em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. “É um hospital geral que presta serviços de média e alta complexidade, com serviços de emergência, integrado à rede SUS. Nossa missão é prestar essa assistência de forma humanizada”, afirmou.
“Como hospital integrado à rede SUS, nós, psicólogos que atuamos nesse espaço, temos uma responsabilidade ético-política”, reiterou a palestrante. “O nosso referencial teórico é a Clínica Ampliada e trazemos também experiências de Saúde Mental para dentro do hospital. Por isso, entendemos o sujeito como um protagonista do seu próprio cuidado”, argumentou.
INSTITUTOS DO CÂNCER, DE CARDIOLOGIA E INTO
Os “Institutos Federais: Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) e Instituto Nacional de Cardiologia” tiveram seus representantes como palestrantes convidados para a última mesa de debates da “Jornada de Psicologia Hospitalar”.
Abrindo a mesa, Mônica Marchese Swinerd (CRP 05/21413), responsável técnica do INCA, falou sobre os “40 anos da Psicologia no INCA” e destacou os desafios da (o) psicóloga (o) no trabalho no campo da Oncologia.

Da esq. para dir.: Mônica, Rosilene, Renata e André
“Para além das questões de equipes reduzidas e da precariedade que vivemos, temos uma série de outros desafios em nosso trabalho como psicólogos na área. A primeira coisa é a questão do tempo, um fator muito importante quando se fala em câncer. É comum o paciente chegar e logo perguntar sobre o tempo de vida que tem. Então, existe essa urgência que se apresenta, uma urgência que não pode ser medida pelas políticas públicas ou protocolos de instituição. É comum escutarmos desses pacientes coisas do tipo: ‘eu tenho um câncer crescendo em mim’ ou ‘tenho um inimigo que não para de crescer’. Este é o primeiro desafio que se coloca para um psicólogo: escutar, acolher esse sujeito diante de um diagnóstico que, de imediato, coloca a questão da finitude”, argumentou.
Em seguida, Renata Medeiros (CRP 05/27957), responsável técnica do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), falou sobre o Centro de Atenção Especializada (CAES) e o seu funcionamento no INTO.
“O CAES existe em função dessa crescente especialização de cirurgias ortopédicas; ele vai se estruturando em torno desses cirurgiões especialistas a partir de uma equipe multidisciplinar composta por psicólogo, assistente social, enfermeiro, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, dependendo do tipo de centro de atendimento especializado. Esses centros foram pensados a partir da ideia de Clínica Ampliada do SUS, buscando dar ao paciente um atendimento de forma mais integral”, explicou.
O último palestrante foi André Raymundo de Souza Cardoso (CRP 05/22309), responsável técnico do Instituto Nacional de Cardiologia, que falou sobre a origem da instituição e destacou as principais atividades desenvolvidas pela (o) psicóloga (o) na instituição.
“Temos psicólogos inseridos nos programas de transplantes, na reabilitação cardíaca, nos cuidados paliativos e também participamos dos ‘rounds’, que são sessões clínicas da equipe de saúde. Também atuamos nos atendimentos às solicitações de parecer a casso clínicos diversos em junto a grupos pré-operatórios”, apontou o psicólogo.
Encerrando o evento, Rosilene Souza Gomes (CRP 05/10564), conselheira-coordenadora da Comissão de Saúde do CRP-RJ, ratificou a defesa do SUS e a importância da luta e da resistência pela manutenção de um sistema de saúde universal e gratuito.
“Somos todos aqui – as pessoas que apresentaram – profissionais do SUS e disso não abrimos mão. Nós queremos reafirmar, em cada fala, discurso e encontro, o SUS 100% público, gratuito e universal. É isso que pretendemos, é essa a nossa batalha e nossa luta”, finalizou.