Nem a chuva foi capaz de impedir que psicólogas (os), militantes, usuários, familiares e demais profissionais da rede de Saúde Mental fossem às ruas do Centro do Rio de Janeiro, na tarde do dia 17 de maio, para marcar a importância do Dia da Luta Antimanicomial, celebrado nacionalmente em 18 de maio.
O ato público reuniu centenas de pessoas no Largo da Carioca e teve um tom severo de crítica e resistência ao desmonte em curso da Reforma Psiquiátrica brasileira. Os manifestantes presentes dispararam palavras contra a “PLC 37” – aprovada na última quarta-feira (15) pelo Senado –, que intensifica a atuação das Comunidades Terapêuticas nas políticas de álcool e drogas, facilitando a internação involuntária. “Essa aprovação significa um imenso retrocesso nas políticas de drogas”, descrevia um folheto distribuído aos presentes.
O evento começou após a leitura do “Manifesto do Dia da Luta Antimanicomial”, também distribuído aos presentes, que recebeu o titulo de “Liberdade acima de tudo, Antimanicomiais ao lado de todos: por uma sociedade sem fascismo e sem manicômios! Liberdade! Liberdade!”.
O ato, porém, demonstrou que, apesar do cenário adverso, é fundamental a mobilização coletiva na celebração da loucura e da diversidade. Um dos destaques foi o desfile do bloco carnavalesco “Comuna que te pariu”, composto por usuários e ex-usuários e que já é presença assídua no movimento.
Os usuários da Rede de Saúde Mental também tiveram a oportunidade de mostrar os seus talentos durante um “open mic”, onde apresentaram poemas, poesias, canções e também manifestos pela manutenção da política de Saúde Mental.
João Vinicius (CRP 05/36531), psicólogo servidor do município do Rio de Janeiro, militante do Movimento da Luta Antimanicomial – Núcleo do Rio de Janeiro e um dos organizadores do evento, lembrou que a “luta é um movimento social que existe há mais de 30 anos”. Ele também destacou a importância de estar na rua: “estar trocando com as pessoas, ocupando a rua com cultura, música, liberdade, com arte, para tentar desconstruir um pouco esse estigma que a loucura tem e esse preconceito que vem se fortalecendo nessa cultura de conservadorismo e ascensão do fascismo”.
O CRP-RJ apoia o movimento pela Luta Antimanicomial e se fez presente ao ato representado pela colaboradora da Comissão de Saúde do CRP-RJ Débora Esteves Muller (CRP 05/46269), que destacou que “a participação do CRP-RJ é fundamental, uma vez que se trata de uma organização que representa uma categoria diretamente envolvida com a questão da saúde mental da população”.
Conforme afirmou, “como psicólogos, não poderíamos deixar de estar presentes na luta diária do movimento que busca maior cidadania a uma parcela da população que durante muito tempo foi – e ainda é – desrespeitada no que tange aos seus direitos mais básicos, desde os cuidados em saúde até a luta por liberdade e dignidade, direitos esses que devem ser comuns a todos os seres humanos”.