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Avaliação Psicológica e Psicologia Hospitalar são debatidas durante a I Jornada


Data de Publicação: 1 de abril de 2019


A primeira mesa temática do evento debateu “Avaliação Psicológica” e teve a participação dos professores de Psicologia Cristiane Moreira, da UCP, Diogo Fagundes, da FMP/FASE, e Gisele Rabelais, da UNESA-Petrópolis.

“A Avaliação Psicológica vem carregada, historicamente, de um preconceito muito grande, até pelo fato de ela estar sempre vinculada ao conceito de testagem psicológica. Mas sabemos que a Avaliação Psicológica é algo muito mais complexo do que meramente uma testagem e, sem sombra de dúvida, ela permite uma aproximação dos fenômenos psicológicos”, afirmou o professor Diogo Fagundes, iniciando o debate.

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Gisele, Cristiane e Diogo (da esq. para dir.)

O palestrante lembrou que cerca de 90% dos processos éticos contra psicólogos atualmente em tramitação no CRP-RJ provêm de documentos escritos a partir da Avaliação Psicológica. “Automaticamente quando pensamos nisso, ou seja, as denúncias contra psicólogos em função de Avaliação Psicológica, precisamos, minimamente, pensar sobre o processo de formação em Psicologia. Alguma coisa está acontecendo de errado com relação a isso”, argumentou.

“Desde a primeira mesa, vem sendo dita a importância da construção de uma Psicologia brasileira. Acho que ficamos muito tempo na formação discutindo uma história da Psicologia internacional e negligenciando a história da Psicologia brasileira, o que certamente nos ajudaria a entender melhor as nossas práticas e nossas dificuldades”, alertou Cristiane Moreira.

“Associa-se, de forma reducionista, a Avaliação Psicológica à aplicação de testes. Eu nem acho que devemos assumir uma fala de desconstruir o teste, pois ele é um instrumento importante. Temos, sim, que entender esses instrumentos, saber para que servem. Na verdade, é a escolha do instrumento, o uso que eu faço dele e a favor de que ou de quem que devemos considerar porque temos um arsenal de possibilidades de intervenção, mas precisamos conhecê-las e fazer um uso ético delas”, defendeu.

Encerrando a mesa, Gisele Rabelais corroborou a fala da professora da UCP, destacando que a Avalição Psicológica compreende um processo muito mais amplo do que apenas o teste em si. “Utilizamos o teste como um dos instrumentos importantes na Avaliação Psicológica, que envolve muitas outras ferramentas de intervenção e muito mais conhecimento”, ponderou.

“O teste é algo que não devemos demonizar, mas, pelo contrário, devemos valorizar porque é a única coisa que é só da Psicologia. Quer dizer, o teste é um instrumento particular do psicólogo, que, por sua vez, é claro, precisa ser bem utilizado e, quando bem utilizado, pode ser muito útil”, afirmou a professora da UNESA. “Quando pensamos uma avaliação, é preciso que ela seja muito bem planejada e dinâmica, pois acredito que a Avalição Psicológica pode ser também um espaço de escuta e acolhimento”, finalizou.

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Jaina, Elisameli (ao microfone) e Leonardo

PSICOLOGIA HOSPITALAR

A segunda e última mesa temática do evento foi sobre o tema “Psicologia Hospitalar”. Integraram o debate os professores Leonardo Sousa, da UNESA de Petrópolis, Elisameli Paiva, da UCP, e Jaina Bastos, da FMP/FASE.

Jaina Bastos iniciou sua fala lembrando que a prática psicológica no contexto hospitalar – assim como nos demais contextos – deve observar as diretrizes estabelecidas pelo pelo Código de Ética do Psicólogo. “É muito importante estarmos sempre atentos ao nosso Código de Ética porque ele nos dá as ferramentas de como atuar junto ao ser humano e à sociedade”, afirmou.

Para a professora da FMP/FASE, “o psicólogo deve ajudar o paciente hospitalizado a elaborar a sua experiência. Mas, para isso, o trabalho em equipe é muito importante”. Contudo, conforme ressaltou, a prática da (o) psicóloga (o) hospitalar não deve focar apenas a pessoa hospitalizada. “É claro que algumas situações de fragilidade acontecem nesse momento, como o medo de um diagnóstico, a ansiedade de uma cirurgia ou tratamento. Mas também não podemos perder de vista que esse indivíduo hospitalizado muitas vezes tem um acompanhante, que também deve ser acolhido. É preciso ter esse olhar mais ampliado”, disse ela.

Elisameli Paiva contextualizou a história da Psicologia Hospitalar no Brasil, a qual, segundo a palestrante, data da década de 1950, isto é, uma década antes da regulamentação da profissão. Ainda conforme revelou, os primeiros escritos acadêmicos sobre essa prática começaram a despontar na década de 1970, mas fo na década seguinte quando aconteceu, em São Paulo, o primeiro encontro nacional de psicólogas (os) hospitalares.

Em seguida, Elisameli Paiva compartilhou sua experiência na atuação junto a pacientes portadores do HIV/AIDS durante a década de 1980. “Como a AIDS era uma doença nova na época, não tínhamos um paciente que não viesse a óbito. Era assustador. Nós não estávamos preparados, nem do ponto de vista da estrutura hospitalar nem do ponto de vista científico, porque as informações sobre a doença ainda eram frágeis. A situação era tão grave que estávamos diante de duas epidemias: uma era a AIDS, a outra era uma doença social, de exclusão, preconceito e isolamento dos portadores da doença”, revelou.

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Integrantes da Comissão de Estudantes da Região Serrana

Leonardo Sousa definiu a prática da Psicologia Hospitalar como “um cenário de guerra constante, minuto a minuto”, pois a (o) profissional deverá estar preparada (o) para atender pacientes com situações e demandas distintas. Ela também explicou que, para atuar na área, é importante que a (o) psicóloga (o) domine jargões e expressões do universo médico-hospitalar. O palestrante compartilhou também experiências profissionais no espaço hospitalar defendendo que a (o) psicóloga (o) tenha um olhar ampliado não apenas para as necessidades do paciente hospitalizado como também para a suas relações sociais e familiares.

Encerrando o evento, aconteceu uma roda de conversa entre os estudantes, que compartilharam suas experiências e expectativas com relação à formação em Psicologia.

Integram a Comissão de Estudantes do CRP-RJ na Região Serrana: Vanessa Jabour Moreira Rodrigues (4º período da UNESA-Petrópolis), Pâmela Mendonça Teixeira de Brito (10° período da UCP), Larissa Pereira Decoló (4º período da UNESA-Petrópolis), Claudia Regina de Sousa (7º período da UCP), Júlia de Oliveira Queiroz Mury (7º período da UCP), Juliana dos Santos Duarte
(5º período da FASE) e Daniele Ataide da Silva (9º período da UCP).



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