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“Produção de subjetividades na contemporaneidade” é tema do último debate da 12ª Mostra


Data de Publicação: 12 de setembro de 2018


A última mesa de debates da 12ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia teve como tema “Produção de subjetividades na contemporaneidade” e ocupou o auditório da UERJ, na tarde do dia 31 de agosto.

Com a mediação de Roseli Goffman (CRP 05/2499), conselheira presidente do CRP-RJ, esse debate contou com a presença de Edimilson Duarte de Lima (CRP 05/17918), mestre e doutor em Psicologia Social pela UERJ, professor e coordenador do curso de Psicologia da UNIABEU e autor do livro “Imaginário Social sobre a Loucura: cultura e prática de cuidado em Saúde Mental”; Rosa Pedro, doutora em Comunicação pela UFRJ, professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRJ e diretora adjunta de Pós-Graduação do Instituto de Psicologia da UFRJ; e Jesus Moura, mestre em Psicologia pela UFPE, conselheira e coordenadora da Comissão de Direitos Humanos do CRP 02, integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP e docente do Centro Universitário Estácio do Recife.subjetividades1

Edimilson foi o primeiro a falar e trouxe a questão da interferência da violência na subjetividade dos indivíduos, como essas atravessamentos produzem efeitos, “a questão da violência e de uma ‘cultura do medo’, também muito propagada com o auxílio da mídia, atravessa os indivíduos de foram determinante, também produzindo subjetividades. A produção de subjetividade é uma dinâmica, é a relação indivíduo-sociedade, e por isso, a constituição dos sujeito na contemporaneidade não passa ao largo dessas questões de medo, conflito e violência”. “Resistir é, hoje, uma ação política, e clínica também, porque nós fazemos uma leitura do que esse social nos apresenta, enquanto produção de subjetividades. Lembro ainda que vivemos numa sociedade de consumos marcada por um capitalismo avassalador e perverso. E o problema não é só o capitalismo, mas o que produzimos a partir dele. Mas, nós podemos criar algum tipo de mecanismo, e a Psicologia tem isso de uma forma ampla, principalmente através de uma prática interdisciplinar, nós temos condição de entender que processo é esse e resistir servindo a uma transformação social”, finalizou o psicólogo.

Rosa Pedro, problematizou o advento da tecnologia na produção de subjetividade, mostrando que discursos de ódio, campanhas e informações das mídias sociais estão subjetivando os indivíduos. Ela pontuou que tecnologia e sociedade não são externos um ao outro, mas sim fazem parte de uma dialética que os torna intrínsecos. “A relação entre tecnologia e sociedade não é uma relação de coisas externas uma a outra, mas sim formariam um tecido sócio-técnico. Com essa ideia, nós saímos um pouco de um certo determinismo sociológico que diz que nós produzimos a técnica e somos responsáveis por ela. Em contrapartida temos também um determinismo tecnológico, no qual as tecnologias se ‘emancipam’ de nós e nos tornamos ‘escravos’ dela. Parece ficção científica, mas é o que experimentamos quando se fala que somos dependentes de celulares, computadores e outras tecnologias”, explicou a psicóloga. “O humano e o não-humano estão tecendo essa rede social. A Psicologia tem que pensar sobre isso e não colocar as tecnologias somente numa lógica instrumental. Com essas tecnologias outra relação com o mundo está sendo produzida, outra cognição”, pontuou. “Desde quando o homem não se subjetiva com os suportes técnicos/tecnológicos?”. E concluiu, falando a respeito das tecnologias de vigilância, que torna invisível quem vê por trás das lentes das câmeras, “a cidade ‘inteligente’ e a vigilância ampliada monitora os indivíduos no sentido de modular os comportamentos e as formas de viver. Nós somos monitorados e convocados a monitoras através de nossos celulares e dispositivos, sempre a postos para fornecer informação sem saber exatamente a quem. Há uma ‘fé’ de que com recursos tecnológicos nos vemos mais e melhor. Mas, o que significa essa visão? Quem vê? De que lugar? Quem está invisível?”.

Por fim, Jesus Moura falou sobre as opressões do cotidiano que subjetivam e produzem, inclusive discursos de ódio. “Atrás da tela do computador as pessoas fazem um discurso de ódio, mas na vida real muitas vezes se calam. Temos que entender que as opressões atravessam as subjetividades e produzem um ódio que está sendo disseminado nas redes sociais, que por sua vez produzem novas subjetividades”, explicou. A psicóloga falou ainda sobre a questão do racismo e como este é um dos principais temas nesse discurso de ódio tão presente nas mídias sociais, atualmente, com a radicalização e polarização dos discursos e dos posicionamentos ideológicos e políticos, “um dos principais alvos do racismo é autoestima. Por que é aí que se mina a segurança de uma pessoa. Assim, ela se sente oprimida e diminuída. A Psicologia tem que se apropriar desse lugar, sua atuação pode e deve focar nessa problemática da destruição da autoestima. É preciso separar a Psicologia do ódio e nossas práticas falam disso. Até porque não são as mídias sociais apenas, é a vida, é o real que está tomado pelos discursos de ódio.”, finalizou. subjetividades2

A conselheira presidente do CRP-RJ e mediadora da mesa, Roseli, fez uma contribuição para o debate falando sobre o discurso de ódio presente, inclusive, nas postagens que chegam às mídias sociais do Conselho. “O indivíduo pega apenas um aspecto da ciência e com esse suposto cientificismo diz que a pauta de Direitos Humanos, por exemplo, não é Psicologia”, pontuou a psicóloga.

O evento teve transmissão ao vivo na nossa página do Facebook.

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