Dando continuidade aos debates no IV Seminário em Comemoração ao Dia da (o) Psicóloga (o), a segunda mesa teve como tema “Poliformismo Sexual” e contou com a participação de João Diego, psicólogo clínico e institucional atuante no CAPSi de Nova Iguaçu, pós-graduando em Teoria Psicanalítica e prática clínico-institucional e participante do Fórum do Campo Lacaniano de Nova Iguaçu, Vanúsia Amaral, conselheira suplente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Nova Iguaçu e membro do Fórum do Campo Lacaniano de Nova Iguaçu, e Juraci Brito, psicólogo do DEGASE e conselheiro-coordenador do Eixo de Socioeducação da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ.
A primeira fala da mesa foi de Juraci Brito, que destacou que a sexualidade nas instituições de Socioeducação é permeada pela violência, pois o cárcere visa instituir e disciplinar tudo que foge ao seu controle. “Que sexualidade é possível na instituição de encarceramento? Eu começo com essa pergunta. Sabemos que a sexualidade que foge à norma na sociedade é marcada por diversas formas de violência, quiçá numa instituição que tem na sua tradição o controle dos corpos e da vida”, afirmou.

Juraci, João e Vanúsia na 2ª mesa de debates
“A discussão que se trava nesse campo”, acrescentou o conselheiro do CRP-RJ, “sempre acaba voltada às questões das sexualidades marcadas pela biologização ou pelo controle da natalidade. Pouco se fala numa sexualidade como expressão, como condição de vida, como produção de subjetividade”.
O psicólogo do DEGASE apontou, ainda, a situação dos adolescentes transgêneros nas unidades de internação. “A população trans muitas vezes fica na invisibilidade quando entra no sistema socioeducativo, principalmente nas unidades masculinas, onde a lógica do macho é defendida, assim como nossa sociedade, que funciona dentro da heteronormatividade. Quando outra forma de expressão da sexualidade se apresenta, normalmente é tomada com violência”, afirmou.
João Diego, por sua vez, compartilhou suas experiências como psicólogo que atua no CAPSi, um equipamento da rede de Saúde Mental voltado a crianças e adolescentes. Ele também apontou que a sexualidade da criança é um tema completamente rechaçado em nossa sociedade.

Integrantes da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada
“Esse discurso ‘criança não namora’, ‘criança não se masturba’, ‘criança não dá beijinho’ ou ‘criança não tem sexualidade’ vem maquiado de boa intenção, no intuito de proteger as crianças da pedofilia. Porém, quando analisamos esse discurso como um todo, vemos que a estrutura discursiva por detrás dessas enunciações é muito perversa. Digo isso porque ela é incentivada por um conservadorismo religioso que há todo o momento tenta moralizar as nossas condutas e fechar os olhos às manifestações da sexualidade infantil”, argumentou.
Encerrando as falas da mesa, Vanúsia Amaral destacou que “a população idosa é obrigada a reprimir a sua sexualidade”. Segundo ela, “considerar a sexualidade na velhice está no nível do horror para nossa sociedade”. Em seguida, a psicóloga abordou a invisibilidade que a população idosa possui em nosso sociedade. “Nas minhas pesquisas, encontrei uma gama de literatura a respeito da velhice, mas pouco se fala a respeito do sujeito que está vivendo o processo de envelhecimento”, revelou.
“Cabe a nós, profissionais da Saúde, debater sobre isso para que possamos propor e lutar por políticas públicas que garantam o cuidado integral da população idosa. Precisamos reconhecer que a saúde do idoso está diretamente ligada à sua sexualidade, do modo como ele a vive, a expressa e de forma lida com ela”, afirmou.
A última mesa do evento debateu a temática “O corpo e a sexualidade” e teve participação de Wagner Vaz, mestre em Psicologia pela UFRRJ e psicólogo voluntário da CVB-RJ, e Tiago Santos, psicólogo e colaborador da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada. Veja aqui a cobertura da última parte do evento.