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Envelhecimento é tema de debates durante 26ª Rodas e Encontros em Nova Iguaçu


Data de Publicação: 20 de outubro de 2017


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Mônica Sampaio apresenta dados sobre o envelhecimento no Brasil

“É notório que a população brasileira está envelhecendo. E o que nós, psicólogos, temos a contribuir nesse processo?”, questionou Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/), conselheira-coordenadora da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada Fluminense, na abertura da 26ª edição do Rodas e Encontros, que aconteceu no dia 10 de outubro no auditório da subsede do CRP-RJ em Nova Iguaçu.

O encontro, cujo tema foi “Dia Internacional do Idoso”, teve como proposta debater a atuação da Psicologia junto à temática do envelhecimento e reuniu psicólogas (os), estudantes e até mesmo um grupo de cuidadores do CISANE (Centro de Integração Social Amigos da Nova Era).

Para instigar o debate, Mônica apresentou alguns dados relevantes sobre o envelhecimento no Brasil segundo o IBGE. Segundo ela, dados da ONU estimam que uma em cada nove pessoas no mundo atualmente possuam 60 anos ou mais. Ainda segundo projeções da ONU, a expectativa é de que, em 2050, essa proporção aumente em um para cinco.

“Em 1940, a expectativa de vida média do brasileiro era de 41 anos. Em 2010, a expectativa aumentou para 73 anos. Isto é, o brasileiro está vivendo mais, mas, de uma forma geral, o idoso no Brasil não envelhece com qualidade. Por isso, é preciso que sejam criadas mais políticas públicas para essa população”, afirmou a conselheira do CRP-RJ.

Em seguida, teve início o debate, mediado pela psicóloga e colaboradora da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada Jacqueline dos Santos Soares (CRP 05/41408).

A primeira palestrante foi Ruth Ester Conceição dos Santos (CRP 05/49452), psicóloga clínica que atua junto a idosos em Mesquita, apresentando o trabalho “A arte de envelhecer com saúde emocional”.

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Mesa de debates (da esq. para a dir.): Ruth, Josefa, Jacqueline e Vanúsia

“O envelhecimento se dá como um processo dinâmico, paralelo ao desenvolvimento. Começamos a envelhecer a partir do nascimento. Podemos destacar três áreas desse envelhecimento / desenvolvimento: o campo biológico, o campo social e o campo emocional”, explicou a psicóloga.

“Precisamos pensar como o idoso chega à terceira idade e como está a saúde desse idoso”, questionou Ruth, tecendo, a seguir, críticas à proposta de reforma previdenciária do governo federal, a qual, segundo ela, leva em consideração uma condição de envelhecimento elitista e que não corresponde à realidade de parcela majoritária da população brasileira.

Finalizando sua fala, Ruth destacou a importância do Estatuto do Idoso na garantia dos direitos dessa população. “O Estatuto é uma possibilidade que não podemos ignorar e devemos lutar para que tudo que está lá de fato seja cumprido”, defendeu.

A segunda palestrante foi a psicóloga Josefa de Barros Reis (CRP 05/49474), representante do CRP-RJ no Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa de Nova Iguaçu, apresentando o trabalho “Alguns aspectos psicossociais do cuidado à pessoa idosa”.

“A população brasileira está envelhecendo devido não somente ao aumento da população com idade superior a 40 anos, mas também por causa da redução das taxas de natalidade e do aumento da mortalidade de jovens faixa etária entre 15 e 25 anos”, afirmou a psicóloga. “Está chegando um momento em que haverá o aumento da demanda de atendimentos a pessoa idosa e a Psicologia deve estar preparada para atender a essa demanda”.

Conforme destacou Josefa, “o envelhecimento é um processo natural, multifatorial, heterogêneo e mediado pela cultura, abrangendo especificidades políticas, psíquicas, sociais e ambientais”. Ainda segundo ela, “o envelhecimento em si não é um fator desencadeador de doenças. O envelhecimento é uma construção de tudo o que o indivíduo viveu e compreende diversas mudanças cognitivas, fisiológicas e psicossociais”.

baixada 2A psicóloga defendeu a “desmistificação da imagem social do envelhecimento”, porque “no Brasil, o envelhecimento é muito negativado, pois não são considerados os ganhos advindos com ele, que é um processo natural e não pode ser combatido”.

Encerando as falas da mesa, Vanúsia Barbosa de Oliveira Amaral (CRP 05/52315), psicóloga clínica, pós-graduanda em Gerontologia, colaboradora do Fórum do Idoso de Nova Iguaçu e conselheira suplente no Conselho dos Direitos da Pessoa Idosa de Nova Iguaçu, apresentou o trabalho “Relato de uma experiência psicanalítica na clínica com o idoso”.

“Algo que sempre me incomodou é o fato de a literatura acadêmica falar de envelhecimento, as pessoas falarem de envelhecimento, mas pouco se fala sobre quem está passando pelo processo de envelhecer”, enfatizou Vanúsia no início de sua fala.

“É preciso produzir um novo conceito, uma nova visão sobre o envelhecimento, refutando a ideia do envelhecimento como algo ligado à morte”, apontou a psicóloga. “A velhice convoca todos a buscar um conhecimento diferente do sofrer daquele sujeito que está passando pelo processo de envelhecimento. Isso demanda de nós um cuidado e uma escuta diferenciada”.

“Escuto com muita frequência as pessoas falarem: ‘Meu pai envelheceu e virou criança de novo’. Não e nunca será! Existem grandes diferenças entre um idoso e uma criança. Uma criança não tem 60 anos de vivência, 80 anos de história. Uma criança está aprendendo a andar, um idoso está desaprendendo a andar. Uma criança perde um dente e faz uma festa, para o idoso, perder o dente não é sinônimo de alegria”, afirmou Vanúsia.



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