A agenda de eventos do CRP-RJ no Norte e Noroeste Fluminense continua a todo o vapor com a realização de mais dois eventos na região. Em São João da Barra, foi realizada mais uma edição do “Dialogando com o CRP-RJ” para debater a importância da prevenção ao câncer de mama. Em Campos, aconteceu o debate “Nise: no coração da loucura” sobre a Reforma Psiquiátrica brasileira.
Confira abaixo a cobertura dos eventos e fique de olhos nos próximos eventos do CRP-RJ na região.
Dialogando com o CRP-RJ – Psicologia e Oncologia, as intervenções possíveis da atuação da (o) psicóloga (o)
No dia 27 de outubro, o CRP-RJ promoveu, em São João da Barra, uma edição do “Dialogando com o CRP-RJ” para debater a temática “Psicologia e Oncologia: as intervenções possíveis da atuação da (o) psicóloga (o)”. Organizado pelo CRP-RJ, por meio da Comissão Gestora no Norte – Noroeste Fluminense, em parceria com a INOVAR, o evento contou com a presença da psicóloga Érika Maria Sampaio Vidal (CRP 11/03607).
A psicóloga dividiu com os presentes a sua experiência na área de oncologia, vivenciada em São Luís (Maranhão) e destacou a importância da atuação da (o) psicóloga (o) por todos os setores da Psicologia Hospitalar, desde a confirmação do diagnóstico, passando pelo período do tratamento e de internação e nas fases terminais da doença. Foram apontadas ainda as alterações emocionais que um paciente com câncer sofre no processo de adoecimento, entre elas: raiva, culpa, impotência, desesperança, apreensão e luto.
Encerrando o debate, as (os) participantes discutiram a importância da ampliação das políticas voltadas a essa população com câncer, repensando possíveis mudanças na prestação, ampliação e humanização dos serviços, já que a oferta de serviços voltados para pacientes com câncer inexiste no município de São João da Barra.
Cine Debate – Nise: o coração da loucura
No dia 1º de novembro, aconteceu, no Auditório da Faculdade de Medicina de Campos dos Goytacazes, o Cine Debate “Nise: o coração da loucura”.
Abrindo o evento, foi exibido o filme “Nise: o coração da loucura”, que narra a proeminente trajetória de Nise da Silveira que, ao sair da prisão e voltar aos trabalhos no Hospital Psiquiátrico Pedro II, no subúrbio do Rio de Janeiro, recusa-se a empregar o eletrochoque e a lobotomia no tratamento dos esquizofrênicos. Isolada pelos médicos, resta a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma revolução regida por amor, arte e loucura.
As discussões sobre o filme iniciaram com a fala do médico psiquiatra Cláudio Teixeira, que apontou o histórico de lutas da Nise da Silveira como uma das primeiras mulheres a ocupar tal posição na Medicina e Psiquiatria nos anos de 1940. Foi ressaltada a característica do repúdio da Nise à quaisquer forma de violência.
O enfermeiro Jethro iniciou sua fala destacando o trabalho com a emergência em Saúde Mental no município e seus desafios. Ele ressaltou a importância da realização de um acompanhamento de base, por exemplo, nas situações em que um médico clínico-geral se recusa a atender uma pessoa em sofrimento psíquico porque atribui tal atendimento ao especialista psiquiatra. Conforme afirmou, os Centros de Atenção Psicossocial integrados às Unidades Básicas de Saúde produzem o suporte em rede, tornando desnecessária a internação psiquiátrica.
Fátima dos Santos Siqueira Pessanha (CRP 05/9138), psicanalista e colaboradora da Comissão Gestora do CRP-RJ no Norte e Noroeste Fluminense, destacou a falta de leitos psiquiátricos em Hospitais Gerais, garantia prevista em lei.
As psicólogas Valéria Lysandro e Elisa Mayerhoffer lançaram luz sobre os aspectos clínicos da prática da Nise da Silveira, quando, em sua atuação, aposta na singularidade do sujeito do inconsciente e nega sustentar práticas de violência. Distinguindo o cuidado da prática da tutela, “a Nise não cuidava de seus clientes porque era ‘boazinha’, mas sim por sustentar a sua clínica”.