Por Alexandre Trzan, psicólogo, professor e conselheiro do CRP-RJ
Veio a óbito na madrugada de 07/05/2016, o professor Celso Pereira de Sá, que tive a honra de entrevistar , em 19/10/2012 durante o X Encontro Clio-Psyché realizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e que abaixo reproduzo alguns trechos .
O psicólogo e professor Celso Pereira de Sá teve uma forte e relevante história acadêmica atrelada à UERJ e, ao longo de mais de 45 anos, destacou-se nacional e internacionalmente nos campos da pesquisa e teoria da análise do comportamento social, behaviorismo radical, das representações sociais e da memória social.
Por indicação de seu amigo Helmuth Kruger, Celso Pereira de Sá decidiu-se pelo curso de Psicologia da então Universidade do Estado da Guanabara (UEG), que, em 1975, passou a chamar-se Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde se formou em 1971, vindo a lecionar na Universidade Católica de Petrópolis, faculdade de Humanidades Pedro II (FAHUPE) e Universidade Gama Filho.
Na UERJ, onde teve sua principal trajetória acadêmica e profissional, passou a lecionar em 1977, a convite da professora Yonne Moniz Reis, então diretoria do Instituto de Psicologia e Comunicação Social, instituição onde lecionou até 2011, período em que atuou nos cursos de graduação do Instituto de Psicologia (IP) e no programa de pós-graduação em Psicologia Social (PPGPS), tendo sido também Diretor do IP, diretor do Centro de Educação e Humanidades e vice-reitor desta Universidade.
Ele considerou-se autodidata no estudo da filosofia do behaviorismo radical, embora sempre tenha contado com o apoio – desde a graduação, passando pelo mestrado e doutorado – do professor Eliezer Schneider, também interessado no tema.
Entretanto, Celso Sá, voltou seus estudos ao behaviorismo radical de Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), que privilegia o estudo dos efeitos do comportamento sobre a possibilidade de sua emissão futura.
Ele sempre buscou, sobretudo, articular saberes da psicologia, sociologia e outras ciências humanas e sociais, o que comprovam suas pesquisas e estudos sobre a teoria das representações sociais que o consagrou neste campo, no qual atuou também como facilitador e organizador da II Conferência sobre Representações Sociais em 1994, marco importante na consolidação e crescimento dos vínculos entre profissionais estrangeiros e brasileiros.
Celso Sá, que é referência também na pesquisa e teoria sobre a memória social de regimes políticos brasileiros, como a Era Vargas, os Anos Dourados e a Ditadura Militar, encontrava-se aposentado desde 2011, ainda atuando como professor permanente do programa de pós-graduação em Psicologia Social da UERJ.
A psicologia brasileira perde um grande representante, uma pessoa querida e estimada por colegas, alunos e por quem mais pôde conhecê-lo de perto.