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Documentos da Comissão Nacional da Verdade passam a integrar Arquivo Nacional


Data de Publicação: 28 de julho de 2015


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O acervo da Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi entregue na manhã desta sexta, dia 24 de julho, ao Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro. Entre os documentos, também está o material levantado pela Comissão Estadual da Verdade do Rio e das demais comissões estaduais espalhadas pelo país.

São mais de mil documentos que passarão a ser disponibilizados na página oficial do Arquivo Nacional. Há depoimentos feitos por familiares e pelas vítimas diretas da ditadura militar; artigos; vídeos; fotografias; notas e reportagens que saíram durantes esses anos nos jornais brasileiros, entre outros.

Contudo, no sítio da Comissão Nacional da Verdade continuará a ser mostrado todo o conteúdo da extensa pesquisa sobre Memória e Verdade (http://www.cnv.gov.br/).

Muito emocionada, Hildegard Angel, irmã do desaparecido Stuart Edgard Angel e filha de Zuzu Angel, resumiu assim o ato da entrega: “A ditadura passa, mas o sofrimento jamais passa. A ditadura não sai de nós. Ela sai do país, mas não nos deixa. É uma fissura que jamais se fecha. Contá-la, recontá-la é uma missão que jamais se esgota (…). Temos a obrigação cotidiana de recontar essa história para que ela não caia no esquecimento”, complementou.

Estiveram presentes as psicólogas Vera Vital Brasil (CRP 05/ – Coordenadora do Projeto Clínicas do Testemunho do RJ (Comissão de Anistia/MJ), membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e do Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça – e Sílvia Helena Calmon Bemfica (CRP 05/8795) da Comissão Regional de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro.

Vera destacou que a transmissão do acervo para o Arquivo Nacional abre para o conhecimento da sociedade essas memórias anteriormente ocultadas. “Para nós que estamos acompanhando de perto este trabalho, ter este material disponível é muito importante. Isto significa um avanço na luta pela memória, pela verdade e pela dignificação das pessoas que foram diretamente afetadas pela violência do Estado”, disse.

Ela complementou ainda que é muito importante que os movimentos sociais possam lutar fortemente para que se crie um órgão de investigação, para que se dê seguimento ao trabalho da CNV porque ainda existe uma lacuna. “Este trabalho é valioso, ele abriu caminhos e espaços para a discussão e a investigação sobre a questão dos camponeses e dos indígenas no Brasil [desde os assassinatos na época da ditadura], por exemplo. É preciso irmos mais adiante, pois a história do nosso país precisa ser reconstruída com a verdade, com aquilo que ficou abafado durante anos, encerrou.

De acordo com Sílvia Helena, a entrega desse material é muito importante para os cidadãos brasileiros. “É uma documentação importante para o nosso país e para a comunidade internacional. Temos o compromisso de fazer que essas e outras histórias nunca mais sejam esquecidas. É preciso conhecer para não esquecer. Temos que fazer lembrar essas torturas, esses assassinatos; é preciso lembrar cada momento ruim daquela época para que nunca mais aconteça”, finalizou a colaboradora do CRP RJ.

 

Julho de 2015



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