A subsede do CRP-RJ em Nova Iguaçu foi o palco de mais uma edição do Cine Psi – Baixada, que, em sua 47ª edição, trouxe para o debate a temática “Psicologia Organizacional e Saúde do Trabalhador”. O evento foi promovido pela Comissão Gestora da Subsede Baixada no dia 21 de julho, reunindo diversos profissionais e estudantes de Psicologia.
O evento teve início com a exibição de trechos dos filmes “Homens de Honra” (2001), “O amor é contagioso” (1998) e “Os 12 trabalhos de Asterix” (1976). Em seguida, teve início o debate, mediado pela psicóloga e colaboradora da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523).
O debate teve participação das psicólogas Maíra Andrade Madeira (CRP 05/32352), psicóloga organizacional com especialização em Avaliação Psicológica, Gestão Empresarial, Gestão Estratégica de Pessoas e Diretora do NIDH, Vanessa Rodrigues (CRP 05/33328), psicóloga e coach com MBA em Gestão de Pessoas e especialista em Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica, e Renata Fiúza (CRP 05/33791), pós-graduanda em Educação Coorporativa com ênfase em Humanização do Trabalho pela UERJ e especialista em Psicologia do Trânsito.
Maíra iniciou sua fala ressaltando um dos principais desafios da prática da Psicologia nas organizações. “Muitas empresas decidem que querem um psicólogo, mas acreditam que o psicólogo não pode olhar o funcionário da empresa como uma pessoa, um sujeito. Os gestoras esperam de nós uma atuação voltada para números, planilhas, resultados e esquecem que o produto deles, na verdade, são as pessoas que trabalham na empresa”.
“O RH é um mediador entre as empresa, a gestão, e o colaborador, seu funcionário. Às vezes, o gestor acha que o psicólogo olha somente para o lado do colaborador e ele, por sua vez, acha que só olhamos o lado da empresa. Nosso papel é tentar mediar essa relação. O papel do psicólogo no RH não é fazer terapia com o colaborador, mas podemos, e devemos, ouvi-lo e encaminhá-lo para um acompanhamento se entendermos que ele precisa de ajuda”, destacou.
Vanessa, por sua vez, falou sobre a condução do trabalho em equipe e o papel do psicólogo nessa tarefa. Ela falou também da atuação do líder no processo de motivação da equipe. “Se conectar com o ser humano é muito importante em nosso ambiente de trabalho. Há pessoas que têm grande domínio técnico, mas pouca habilidade em lidar com os demais. E isso é importante levar em consideração no momento de selecionar determinada equipe”.
Renata centrou sua fala na importância da qualidade de vida no trabalho, que, segundo ela, precisa ser priorizada nas empresas. “Hoje a maioria das empresas reconhece que o profissional com qualidade de vida produz mais, é mais criativo e está mais bem disposto a resolver os problemas. E ainda: aliar o bem-estar profissional ao pessoal deixa o ambiente de trabalho muito mais saudável e leve. Um colaborador que tenha suas diversas necessidades satisfeitas tende a produzir mais e melhor, ficando mais motivado e menos exposto ao estresse e às diversas doenças do trabalho”, complementou.
“Constantemente, ouvimos dizer que pessoas são mais importantes do que coisas”, acrescentou Renata, “por isso, digo também que pessoas são mais importantes do que processos. E o RH precisa ter esse olhar mais humanizado para o colaborador. Às vezes, o RH está com o olhar voltado somente para os processos, os prazos, as metas e a produtividade e acaba esquecendo a as relações e o sujeito”.
Após o debate com os participantes, a conselheira do CRP-RJ e membro da Comissão Gestora Viviane Siqueira Martins (CRP 05/32170) convidou todas (os) para o evento comemorativo que a Subsede promoverá pelo Dia da (o) Psicóloga (o) no dia 18 de agosto. A conselheira falou também da importância da mobilização da categoria para a 9ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia, que acontecerá nos dias 30 e 31 de julho e 1º de agosto, no Rio de Janeiro.
Entrevista
Confira abaixo a entrevista exclusiva feita com a psicóloga Maíra Andrade Madeira (CRP 05/32352) sobre a prática da Psicologia Organizacional:
Há quanto tempo você atua na área organizacional como psicóloga? Como é o cotidiano de atuação da(o) psicólogo nesse área?
Eu atuo há dez anos como psicóloga organizacional. Quando me formei, comecei a atuar com Avaliação Psicológica (AP), levando a AP às empresas e tentando tirar o foco da(o) profissional de Psicologia nos trabalhos burocráticos. Isso porque é a partir da AP que conseguimos traçar o perfil mais adequado do nosso candidato para, assim, colocá-lo dentro da vaga ou trabalhar melhor com ele dentro de um processo de treinamento ou avaliação de desempenho.
Quais são os principais desafios dessa prática?
Mostrar a cara da Psicologia porque, no dia a dia, acabamos tendo muitas atividades de natureza burocrática e, muitas vezes, nossa atuação acaba indo mais para o lado da administração e da pedagogia. Nosso foco tem de ser mostrar que estamos ali, como psicólogos, para cuidar das pessoas, da saúde do trabalhador.
Como você avalia a atuação da (o) psicóloga (o) nessa área?
Temos muitos psicólogos hoje nas empresas, mas, na maioria das vezes, eles acabam não atuando como psicólogos porque são abafados por rotinas e processos burocráticos, abandonando o que temos de primordial para a área Organizacional que é a Avaliação Psicológica.
Julho de 2015