O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, realizou no dia 30 de janeiro, seu primeiro evento abrindo a agenda de 2024.
Decorrido na subsede Baixada do CRP-RJ, o evento convidou psicólogas(os) e estudantes de Psicologia para debater sobre “Elaboração de Documentos Psicológicos e seus Atravessamentos na Saúde dos Sujeitos e nas Relações Interinstitucionais”, tema muito procurado e solicitado pelas profissionais e estudantes da categoria que resultou na lotação do local.
Mesa de aberturaA mesa de abertura e o evento foi conduzido pelo psicólogo Thiago Rodrigues (CRP 05/50505), mestre em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas, atuante no SUS e coordenador da subsede Baixada do CRP-RJ. O coordenador falou sobre o auditório da Subsede que foi recentemente reformado devido às chuvas que atingiram a região nas semanas posteriores ao evento.
A mesa contou com Céu Cavalcanti (CRP 05/57816), psicóloga, conselheira presidente do CRP-RJ e assessora técnica parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Viviane Martins (CRP 05/32170), vice-presidenta do CRP-RJ, além de colaboradora da Comissão Especial de Psicologia e Relações Étnico-Raciais, psicóloga com atuação no SUAS por mais de 20 anos, especialização em Gênero e Sexualidade/UERJ, curso de extensão em sistema para detecção do Uso Abusivo e Dependência de Substâncias Psicoativas/ UNIFESP, coordenadora de Programa e Projetos do Instituto ObservaSUAS; e Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523), do Núcleo de Psicologia na Assistência Social e coordenadora da Comissão Especial de Evento do CRP-RJ.
A presidenta Céu Cavalcanti também falou sobre a reforma no auditório e perpassou também sobre as reformas e aberturas de subsedes que a gestão vem trabalhando. “Esse evento inaugura diversas coisas, inclusive o ciclo de 2024. A nova reforma desta subsede fortalecerá toda a Baixada, psicólogas e sociedade”.
A vice-presidenta Viviane Martins falou sobre a importância do evento para a categoria e sobre o espaço de luta e referência que a subsede era para a Baixada, para a Psicologia e para a sociedade civil. “Esse espaço é aberto também para a comunidade”, disse.
Seguindo com uma fala emocionada, Viviane chamou Mônica Sampaio, que falou sobre as conquistas da Subsede Baixada e sua trajetória no Conselho. “Precisamos ocupar os espaços de garantia de direitos. O CRP somos nós. Somos uma potência e é nisso que acreditamos”, disse Mônica emocionada.
Conferência: Orientação, produção de documentos e ética na profissão
A conferência debateu o tema Orientação, produção de documentos e ética na profissão, sendo composta por Thais Vargas (CRP 05/33228), psicóloga do SUAS, da Socioeducação e conselheira do CRP-RJ e Juliana Gabriel Pereira (CRP 05/29063), psicóloga clínica, conselheira e coordenadora da Comissão de Meios e Soluções Consensuais de Conflitos (COMSCC) do CRP-RJ, sócia-diretora da Câmara de Mediação, Conciliação e Arbitragem (Aequitas), Facilitadora de Diálogos e de processos negociais para a construção de consenso, mestre em Mediação e Negociação de Conflitos pela IUKB / APEP (Institut Universitaire Kurt Bosch – Suíça / Argentina – Buenos Aires).
A psicóloga Thais Vargas levou a reflexão sobre como o trabalho da Psicologia pode interferir na vida das pessoas e até mesmo em suas próprias. Falou também sobre relação profissional, apresentou a Comissão de Orientação e Fiscalização (comissão responsável pela orientação e fiscalização das(os) profissionais da área), regulamentação, campo de atuação, produção e guarda de documentos, resoluções e normativas. “Temos resoluções e normativas para nos respaldar e evitar processos éticos. As práticas precisam estar conforme as orientações postas nesses documentos que precisamos ler sempre”. As normas e resoluções são facilmente encontradas no site do Conselho Federal de Psicologia.
A coordenadora da Comissão de Meios e Soluções Consensuais de Conflitos (COMSCC) Juliana Gabriel explicou como a Comissão funciona dentre as denúncias que chegam ao Conselho, as possíveis mediações para cada caso e como a mediação chegou ao Brasil. “Ainda tem muita psicóloga que não conhece as resoluções. As profissionais precisam ler. Temos disponível a orientação com a COF também. Devemos cuidar da nossa prática ética e profissional”.
Mesa de Debates 1 — Psicodiagnóstico e documentos em saúde e seus atravessamentos
A primeira mesa de debates foi composta por Céu Cavalcanti (CRP 05/57816), psicóloga, conselheira presidente do CRP-RJ e Assessora Técnica parlamentar na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Marcelo Abreu (CRP 05/55934), psicólogo, professor, clínico TCC, terapeuta cognitivo sexual, colaborador da Comissão Especial de Avaliação Psicológica: no eixo Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual; no controle social e na Comissão de Instrução do CRP-RJ, membro do CELGBTI+/RJ, Bianca Machado (CRP 05/42506), psicóloga, autista AH/SD, mãe, mestre e doutoranda em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ, especialista em TCC e EMDR com expertise de 13 anos no trabalho clínico, para empresas e de supervisão no atendimento especializado para adultos e idosos neurodivergentes. Atuou no pós-desastre em Brumadinho presencialmente com trabalhadores com TEPT (Transtorno do Estresse Pós-Traumático), Mônica Sampaio (CRP 05/44523), psicóloga no Centro de Referência de atendimento à Mulher, coordenadora da Comissão de eventos do CRP-RJ e integrante da Comissão de Direitos Humanos do CFP e na mediação Maíra Andrade (CRP 05/32352), docente e coordenadora da Comissão Especial de Avaliação Psicológica; da Comissão de Orientação e Ética; do Núcleo de Psicologia e Tráfego do CRP-RJ e responsável técnica do Núcleo Integrado de Desenvolvimento Humano (NIDH).
Participando da primeira mesa de debates do evento, a presidenta Céu Cavalcanti convocou o público a refletir sobre o que implica a avaliação e produção de documentos sobre a análise de um determinado sujeito. “Isso não é algo simples, é algo muito sério que muitas vezes acarreta verberações na vida das pessoas”, disse Céu, costurando sobre o dia anterior do evento, 29 de janeiro, dia da Visibilidade Trans, avaliação e produção de documentos e a resolução 01/18 que estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis.
O psicólogo Marcelo Abreu se debruçou na resolução 06/2019 e código de ética em sua fala para embasar o psicodiagnóstico e documentos em saúde e seus atravessamentos. O psicólogo convoca a categoria a fazer as duas leituras em sua fala como forma de conduzir a promoção da saúde de todas(os/es). “Nosso trabalho demanda uma urgência. Urgência de estudo, urgência de responsabilidade, de competência técnica e de comprometimento com os direitos humanos. É esta causa que defendemos e que estamos inseridos e embutidos em quanto à Psicologia no Brasil”.
Seguindo a mesa, a coordenadora da Comissão de eventos Mônica Sampaio falou sobre a importância dos eventos orientativos e a complexidade que é o tema de elaboração de documentos. “Elaboração de documentos é uma coisa sensível. O tempo todo emitimos laudos. Devemos estar o tempo todo atentos a esses documentos que a sociedade nos pede.”
Finalizando a mesa, Bianca Machado falou sobre a compreensão dos profissionais na hora de elaborar um documento. Integrante do Eixo Anti Capacitista do CRP-RJ e mulher autista, Bianca chama atenção para os documentos estejam bem elaborados, estando em concomitância com o indivíduo do relatório e sobre as doenças não visíveis. “Os documentos precisam ser elucidativos, principalmente para o paciente que está sendo citado.
Mesa de Debates 2 — Documentos no SUAS e Sistema de Justiça e seus atravessamentos
“Documentos no SUAS e Sistema de Justiça e seus atravessamentos” foi o tema da segunda mesa de debates do evento composta por Thais Vargas(CRP 05/33228), psicóloga do SUAS, da Socioeducação e conselheira do CRP-RJ, Luciana Janeiro (CRP 05/37932), psicóloga na Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, mestre em Psicologia – UFRRJ; Residência e Saúde Coletiva – IESC- UFRJ e colaboradora do CRP-RJ e na mediação Vanessa Brito (CRP 05/28830), psicóloga, doutora em Memória Social, trabalhadora do SUAS do município de Itaguaí, é coordenadora do Núcleo de Psicologia e Assistência Social e conselheira do CRP-RJ.
Thaís Vargas falou sobre o SUAS na assistência a população mais vulnerabilizada, CRAS, CREAS e a interface com o judiciário através dos documentos elaborados para a comunicação. “Quem fala no relatório somos nós, psicólogos. Falamos sobre o sujeito, mas devemos falar sobre nosso trabalho na intervenção para com essa pessoa”, concluiu.
“A análise e a leitura do documento deve ser nossa e não dos operadores do direito que às vezes focam em um diagnóstico objetivo, simples. Depositam tudo em um simples sim ou não”, enfatizou a psicóloga Luciana Janeiro em sua fala sobre os documentos redigidos pela categoria. Luciana ainda falou sobre nomenclatura, linguagens, socioeducação, Ministério Público e todo o sistema de justiça que atravessam as Políticas Públicas.
Por fim, a mediadora Vanessa Brito comentou sobre a autoridade do judiciário e questões complexas como prazos impostos. “Às vezes nos solicitam um relatório de acompanhamento, mas nem sempre a família está sendo acompanhada. Logo, o prazo que o judiciário deu prejudica a família”, comentou.
Encerramento
O encerramento do evento ficou a cargo de Elisa Martins (CRP 05/64825), psicóloga e Coordenadora adjunta da Comissão de Eventos do CRP-RJ, que falou da importância do tema do evento e da descentralização para “produzir uma Psicologia que reflita também no território”, e Jorge Peixoto (CRP 05/44215), doutorando em Psicologia (PPGP-UFRJ), conselheiro do CRP-RJ e psicólogo do SUS e SUAS que agradeceu ao público presente e falou dos próximos eventos que virão e acontecerão em diversos pontos do Estado. “A ideia e o compromisso dessa gestão é a descentralização e faremos em todas as subsedes e sede eventos como esse para levar orientação a nossa categoria.”
Acompanha o evento “Elaboração de Documentos Psicológicos e seus Atravessamentos na Saúde dos Sujeitos e nas Relações Interinstitucionais” na íntegra acessando nosso canal oficial no YouTube @realcrp