A Articulação Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) de Relações Raciais e Subjetividades (ANPSINEP) promoveu, nos dias 1º, 2 e 3 de maio, na Faculdade Maurício de Nassau, em Recife (PE), o II PSINEP – Encontro Nacional de Psicólogas(os) Negras(os) e Pesquisadoras(es) – com tema “12 anos de uma Resolução invisível”.
Em sua segunda edição, o evento reuniu mais de 100 participantes, entre psicólogas (a maioria), estudantes de Psicologia, professores e outros profissionais envolvidos com o tema do encontro, que faz referência à Resolução CFP nº 018/2002, que estabelece normas de atuação das (os) profissionais de Psicologia em relação ao preconceito e discriminação raciais, mas permanece ainda pouco conhecida entre as(os) psicólogas(os).
A conferência de abertura – “12 anos de uma Resolução invisível” – proferida pelo professor Kabengele Munanga e aguardada com grande expectativa pela maioria dos presentes, foi um dos grandes momentos do evento. O professor presenteou todos os participantes com uma bela exposição sobre as especificidades do racismo no Brasil.
Durante os três dias do evento, foram realizadas mesas-redondas, em que dois debatedores faziam uma breve exposição sobre cada um dos eixos do encontro, e rodas de conversa, onde os participantes podiam aprofundar o tema das mesas.
Houve também espaço para apresentação de trabalhos: ao todo, foram mais de 40 trabalhos apresentados nos formatos de comunicação oral, oficinas e minicursos. Foram promovidas, ainda, atividades culturais, dentre as quais a exibição do filme “AfroCariocas: passado, presente e futuro”, do angolano Aristóteles Kandimba.
No último dia do encontro foi feita uma assembleia para coletivização das propostas e dos encaminhamentos levantados nas rodas de conversa. Entre as deliberações, ficou decidida a realização do III PSINEP, ainda sem local ou data definidos.
Representando o estado do Rio, participaram do evento seis psicólogas (os), três delas representando o CRP-RJ: as conselheiras Maria da Conceição Nascimento (CRP 05/26929) e Andris Cadorso Tibúrcio (CRP 05/17427) e a colaboradora Carina Augusto da Cruz (CRP 05/37581).
Na avaliação de Conceição, “o evento foi muito produtivo, com a participação de psicólogos de todas as regiões do país, atendendo às expectativas da organização. Os trabalhos apresentados foram de muito boa qualidade”.
“Um momento muito especial para mim”, destaca a conselheira do CRP-RJ, “foi a mesa-redonda sobre o sofrimento psíquico ocasionado pelo racismo, pois o sofrimento humano tem profunda relação com nossa profissão; a atuação cotidiana do psicólogo remete sempre à subjetividade.”
Sobre o evento
O II PSINEP teve três eixos temáticos distintos de discussão:
I – Formação: Reflexões sobre a inserção de questões raciais na graduação, na pesquisa acadêmica e na prática profissional.
II – Sofrimento Psíquico: Estudo de teorias que fundamentam a compreensão e o manejo a partir do sofrimento objetivo e subjetivo imposto ao povo negro.
III – Racismo Institucional: Pensar a prática profissional e o compromisso ético da Psicologia no campo institucional.
Desde a sua primeira edição, em 2010, o PSINEP propõe que a temática das relações raciais ocupe o devido espaço nas discussões da Psicologia e seja inserida também nas grades curriculares dos cursos de graduação.
O PSINEP, portanto, apresenta a proposta de manter viva essa importante discussão não apenas na Psicologia, como também na sociedade brasileira, ainda tão marcada por cenas de racismo e discriminação racial.
