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Comissão Gestora da Região Serrana promove roda de conversa sobre violência contra em mulher em Petrópolis


Data de Publicação: 9 de abril de 2014


“Violência contra a Mulher e seus protagonistas” foi o tema da roda de conversa promovida pela Comissão Gestora da Subsede da Região Serrana no dia 3 de abril, na Casa Cláudio de Souza, em Petrópolis. O evento atraiu psicólogas (os), assistentes sociais e estudantes interessados em debater ou saber mais sobre essa importante prática e teve como objetivo fomentar a discussão, por meio de relatos de vivência profissional, sobre a dinâmica da violência contra a mulher e a atuação da (o) psicóloga (o) nesse contexto.

Foram convidadas como palestrantes as psicólogas do I Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher do Rio de Janeiro: Brenda Fischer Sarcinelli Pacheco (CRP 05/32367), que também é mestre em Psicologia pela UFRJ e especialista em Saúde Mental na Infância e Adolescência pelo IPUB/UFRJ; e Débora Dias da Costa (CRP 05/34524), psicóloga com formação em Abordagem Centrada na Pessoa e atuante com vítimas de violência doméstica na organização Rio Mulher.

O evento foi coordenado pela psicóloga e membro da Comissão Gestora Fabíola Foster de Azevedo (CRP 05/42893), que afirmou que “uma das ações prioritárias da Comissão Gestora para 2014 é promover uma agenda de eventos nos municípios da região, sobretudo sobre a atuação do psicólogo nas políticas públicas, um tema ainda pouco explorado na universidade”.

Brenda iniciou sua fala abordando a Lei Maria da Penha, instituída em 2006, que estabeleceu a criação de juizados especiais para acompanhar os casos de violência contra a mulher, sejam eles de ordem física, psíquica e/ou patrimonial. Ela explicou que no I Juizado, onde atua, há uma defensoria pública especializada para dar apoio à mulher em situação de violência e também uma equipe multiprofissional composta por oito profissionais, entre psicólogas e assistentes sociais.

Ela abordou ainda a atuação do psicólogo nesse espaço. “No Judiciário, temos de ter a clareza de que atendemos aos juízes, não às pessoas que nos procuram. Nós não estamos nesse espaço para prestar atendimento terapêutico, e isso nos gera muita angústia, pois temos o compromisso ético de acolher aquele sujeito em sofrimento. Nosso território de atuação no Judiciário, porém, é muito limitado. Por isso, acolhemos esse sujeito e tentamos encaminhar essa situação da melhor forma possível”.

“O juiz nos pede para dizer, através de nossos relatórios, se a violência denunciada por aquele sujeito é verdade ou não. Então, é nesse sentido que temos de estar atentos ao nosso dever ético: é preciso distinguir o que o juiz quer saber daquilo que eu posso revelar”, acrescentou Brenda.
“Nossa atuação nesse espaço é, de fato, muito delicada”, concordou Débora. “Até porque, na maioria das vezes, a mulher não sabe muito bem o que ela quer; o que ela sabe é que ela precisa de ajuda”.

Ainda segundo a psicóloga, “temos como agravante o fato de vivermos em uma sociedade que tem muita dificuldade de reconhecer a violência contra a mulher como um crime. Isso fica muito claro nos grupos de reflexão para os homens agressores: muitos deles são condenados por agressão contra a mulher e, ainda assim, não entendem aquela situação como criminosa”.

“É importante levar em consideração em nosso trabalho também a complexidade das situações de violência contra, pois elas não acontecem de modo estereotipado: há uma mulher agredida e um homem agressor. A situação de violência está relacionada a toda uma dinâmica de conflito entre o homem e a mulher”, destacou Débora.