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Violência e abuso sexual a crianças e adolescentes são debatidos na Subsede da Baixada


Data de Publicação: 2 de dezembro de 2013


“Violência, abuso e exploração sexuais contra crianças e adolescentes” foi o tema da 12ª edição do Rodas e Encontros, evento promovido pela Comissão Gestora da Subsede do CRP-RJ na Baixada Fluminense no dia 27 de novembro, em Nova Iguaçu.

O encontro, que teve a presença de psicólogos, estudantes de Psicologia e profissionais interessados na temática, foi um desdobramento da 11ª Rodas e Encontros, que aconteceu no dia 23 de outubro e teve como debate a mesma temática.

Denise dos Santos Malheiro de Sousa (CRP 05/18051), psicóloga colaboradora da Comissão Gestora, deu início ao encontro ressaltando a importância das atividades políticas na subsede do CRP-RJ em Nova Iguaçu. “Nosso trabalho aqui na subsede e na região está se ampliando junto aos profissionais, estudantes e instituições, e isso tem gerado um aumento nas demandas que chegam à subsede”.

Em seguida, Lia Toyoko Yamada (CRP 05/30850), psicóloga da Marinha do Brasil que está desenvolvendo uma pesquisa sobre a Rede de Proteção à Infância e Adolescência no município de Nova Iguaçu, falou a respeito dos resultados preliminares desse mapeamento. “A minha pesquisa abrange toda a Rede municipal. É um trabalho amplo a partir do qual eu venho entrevistando conselheiros tutelares, gestores e os profissionais atuantes”, disse a psicóloga.

Rejane Silva Lima Pussenti, conselheira do Conselho Tutelar de Vila de Cava, em Nova Iguaçu, revelou como se encontra essa Rede atualmente no município. “Temos hoje cinco Conselhos Tutelares em Nova Iguaçu, que possui cerca de 800 mil habitantes. A recomendação é que haja um Conselho para cada 100 mil habitantes. Isto é, daí, podemos perceber como a Rede está defasada”, destacou.

“O quadro da violência sexual à criança e adolescente na região se dá de forma muito cruel. Temos muitos casos de pedofilia, de crianças de 10, 12 anos que relatam sofrer abuso sexual há muito tempo”, afirmou Rejane.

A conselheira tutelar relatou também as principais problemáticas vivenciadas no Conselho onde atua. “Nossa maior dificuldade muitas vezes é como encaminhar essas demandas. No Conselho em que atuo, trabalhamos para encaminhá-las de modo multidisciplinar, pois não podemos atuar de forma isolada: é preciso trabalhar cada caso de acordo com o contexto familiar da criança e adolescente. E nós entendemos que a Psicologia e o Serviço Social são fundamentais”.

A seguir, João Sena, presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Nova Iguaçu, falou sobre a atuação nesse espaço. “Uma atribuição nossa, diferentemente do Conselho Tutelar, é propor e acompanhar a criação de políticas públicas para as crianças e os adolescentes. Uma de nossas estratégias é de fomentar o debate e as reflexões sobre essa temática através de audiências públicas”.

“A Rede de Proteção em Nova Iguaçu é muito frágil. Além disso, as políticas de atendimento e proteção à criança e adolescente nunca foi prioridade de nenhuma gestão pública”, criticou.
Soneide de Sales Lima (CRP 05/21395), psicóloga do Centro de Acolhimento e Cidadania (CAC) de Mesquita e especialista em atendimento à criança e adolescente em situação de violência pela PUC/RJ, compartilhou a sua experiência inicial no acolhimento a crianças e adolescentes nesse contexto.

“Eu iniciei meu trabalho nessa área apenas quatro anos após a minha graduação. Naquela época, o nosso trabalho consistia em fazer a revelação da situação de violência através de um laudo psicológico feito a partir de apenas quatro entrevistas com a criança e os familiares”, relatou.

De acordo com a psicóloga, “apesar de atuarmos dentro de uma equipe multidisciplinar, com advogados, psicólogos e assistentes sociais, tínhamos de lançar mão dessas quatro entrevistas para chegar a uma resposta definitiva se houve ou não violência ou abuso sexual. Temos de ter muito cuidado com isso, pois é difícil afirmarmos categoricamente se houve ou não violência, ainda mais a partir de um número tão reduzido de entrevistas”.

Ao final, foi promovido um debate com os participantes, que puderam compartilhar experiências e dúvidas com relação à prática profissional.