No dia 17 de novembro, o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro – CRP-RJ, realizou em conjunto com a Comissão de Eventos e Núcleo de Psicologia e Assistência Social a primeira Mostra de Práticas em Psicologia no SUAS. A atividade ocorreu no auditório da Universidade Veiga de Almeida, na Tijuca.
O evento teve como objetivo articular redes e compartilhar práticas das profissionais que atuam no âmbito do Sistema Único de Assistência Social.
Abertura institucionalA mesa de abertura institucional foi formada por representantes da Comissão Especial de Evento do CRP-RJ, com a coordenadora da comissão Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523), do Núcleo de Psicologia na Assistência Social do CRP-RJ com psicóloga Vanessa Brito (CRP 05/28830), da diretoria do CRP-RJ com a vice-presidenta Viviane Martins (CRP 05/32170), do Sindicato das Psicólogas e Psicólogos do Rio de Janeiro com Achiles Miranda Dias (CRP 05/27415) e da universidade Reivani Chisté Zanotelli Buscacio (CRP 05/29182) e Erika Cunha, coordenadoras do curso de Psicologia na Veiga de Almeida.
Mônica Sampaio falou sobre ser o primeiro Estado a realizar a Mostra SUAS independente do CFP, influenciando positivamente outros CRPs a fazerem suas edições também. “Essa é a primeira Mostra do SUAS realizada pelo CRP-RJ. Em conjunto com o XVII Plenário, consideramos o sucesso que foi a 16ª Mostra de Práticas em Psicologia e optamos em realizar uma edição sobre o SUAS.”
Reivani falou da felicidade em poder estar no evento focado na atuação da Psicologia no Sistema Único de Assistência Social, de forma integrada com diversos profissionais. A coordenadora ainda reforçou a valorização da Psicologia com o SUAS e sobre a importância dos eventos orientativos do CRP-RJ. “Existem muitos desafios a serem superados, mas, estamos caminhando. Para a universidade é muito importante o desenvolvimento do profissional e sempre acolheremos o CRP-RJ com eventos orientativos”, disse.
Já Érika, também agradeceu em nome da universidade, deixando as portas abertas para o CRP-RJ e falou sobre as disciplinas sobre assistência social que compõem a grade curricular. “Muitos alunos chegam sem saber o que é o SUAS. Aqui temos uma disciplina sobre o SUAS e sobre políticas públicas para os alunos já terem contato logo no ambiente acadêmico”.
Em seguida, a vice-presidenta Viviane Martins agradeceu a presença de todos, a parceria com a Universidade e falou um pouco mais sobre o tema do evento. “O SUAS é o segundo lugar que mais integra as psicólogas. A política de assistência social cresce no CRP-RJ desde 2013. A população hoje entende o profissional na política pública como no CRAS. O SUAS abriu portas para a Psicologia e ganhamos um corpo muito maior na sociedade entendendo a nossa importância”, explicou a psicóloga.
O representante o SINDPSI, Achiles Miranda, reafirmou o papel do sindicato nos direitos da categoria e sobre a necessidade de pensar na atuação da (o) psicóloga(o). “O CRP e o sindicato trabalham em conjunto. Um exemplo disso é a campanha de 30 horas. Estamos na luta em busca dessa conquista.” Achiles ainda explicou a diferença das duas entidades, sendo o CRP um órgão que regula o exercício profissional pensando no tipo de Psicologia que está sendo exercida no país, e o sindicato atua na luta dos direitos profissionais das(os) psicólogas(os).
A psicóloga Vanessa Brito, falou mais sobre a construção da Mostra SUA e de que forma ela foi pensada. “A Mostra SUAS é feita de maneira regional, pelo CFP, anualmente e em estados diferentes. A proposta do CRP-RJ foi fazer uma exclusivamente nossa. Foi uma grande aposta da Comissão de Eventos com o Núcleo de Psicologia na Assistência Social. Pegamos o pioneirismo e estamos fazendo essa primeiro edição de forma autônoma e diferente.”
Após o término da mesa de abertura institucional, foi dado início às apresentações de trabalho em dois horários diferentes e as rodas de conversa do CREPOP.
Mesa de encerramento – “Gênero, Raça e Diversidade no SUAS”
Finalizado a Mostra SUAS, a mesa de encerramento teve em sua composição Renata Sousa (CRP 05/37559), psicóloga (UERJ), especialista em saúde mental (AVM/ Cândido Mendes) e mestranda do PPGP da UFRJ, pesquisando as discriminações vividas por mulheres pretas nos espaços de trabalho, psicóloga clínica, orientadora profissional e psicóloga da Secretaria de Assistência Social, Direitos Humanos e Igualdade Racial de São João de Meriti; Arlete Lima, ex moradora de rua, mãe solo, ativista afro-brasileira pelos direitos plenos da população minorizada. Na mediação, Vanessa Brito (CRP 05/28830), psicóloga, doutora em Memória Social, trabalhadora do SUAS do município de Itaguaí, membro do Fórum Estadual de Trabalhadoras/es do SUAS, coordenadora do Núcleo de Psicologia e Assistência Social, conselheira do XVII Plenário do CRP-RJ, e Alfredo Assunção (CRP 05/60474), psicólogo, mestre e doutor pela UFRJ, professor da UERJ, conselheiro do XVII plenário CRP-RJ e coordenador da Comissão de Psicologia e Trabalho, Condições, Processos e Organizações e coordenador do Eixo de Gênero de Diversidade.
A especialista em saúde mental Renata Sousa falou sobre o processo de pesquisa de seu estudo sobre a mulher preta na sociedade brasileira, sobre o lugar do cuidado, violência de gênero e racismo. “A mulher preta constrói a história do Brasil desde o início da sua descoberta. Ela está na força de trabalho desde sempre e não houve um desenvolvimento para isso melhorar”, ponderou.
Para Vanessa Brito é de suma importância “a mulher preta estar no SUAS, para garantia de direitos e um atendimento com dignidade. São essas mulheres pretas, trabalhadoras, que atendemos no consultório. Precisamos olhar mais por elas”, concluiu.
“A mulher preta no mercado de trabalho é diarista. Precisamos resgatar a essência preta, pois, o apagamento histórico é muito presente! O trabalho das diaristas ainda é o resquício colonial onde somos humilhadas” Arlete Lima, hoje dona de uma empresa que presta serviço de diarista, também comentou sobre a falta de segurança nas casas dos patrões.
Finalizando as falas da mesa, o psicólogo Alfredo Assunção falou sobre a diversidade e da LGBTfobia no fazer psi, o que se pode fazer sobre esses preconceitos velados e leis que já existem e que indicam o crime. “O caminho é doloroso apesar das leis. Se essa colonização considera o branco no lugar dos privilegiados, nós estamos aqui para desconstruir. Se juntarmos as minorias, seremos a maioria. Enquanto nos acharmos minoria, não conseguiremos eliminar o racismo”, afirmou.
Assista aqui à mesa de abertura e aqui a mesa de encerramento da primeira Mostra SUAS do CRP-RJ.