O debate sobre a atuação do psicólogo em situações de emergências e desastres voltou à tona durante a 5ª Mostra Regional de Práticas em Psicologia, organizada pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ). Uma mesa redonda reuniu pessoas diretamente envolvidas em casos como o das chuvas da Região Serrana em janeiro de 2001; o “massacre de Realengo”, em abril do mesmo ano; a invasão ao Morro do Alemão, realizada em novembro de 2010; e o desabamento do Morro do Bumba, em Niterói, em janeiro de 2010.
Participante da roda, a estudante de psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Tatiana Regina de Andrade Soares, colaboradora do CRP-RJ, afirma que o papel do psicólogo em situações como essa, muitas vezes, não é bem compreendido. “O psicólogo faz um trabalho de longo prazo, e precisa de tempo para estabelecer vínculos e conhecer o local, senão não há resultados”, avalia.
Durante a discussão, foi destacada também a importância da abordagem do profissional, que depende da classe social e do local onde vive cada indivíduo. Segundo o psicólogo Fábio Costa Fadel (CRP 05/34291), da Secretaria Municipal de Saúde de Teresópolis, o trauma precisa ser analisado e abordado de diferentes ângulos. “Hoje, no Brasil, não há um tratamento adequado de traumas causados por desastres naturais”, lembrou.
O jornalista André Fernandes, da Agência de Notícias das Favelas, destacou o cotidiano dos desastres, que pode causar sérios danos psicológicos. “O morador da favela já tem esse estigma de ser culpado até que se prove o contrário”, lembrou. André afirmou que a democratização da informação nas favelas pode ser importante para os moradores dessas regiões.
O CRP-RJ tem desenvolvido trabalhos e discussões em relação à atuação do profissional em situações de emergências e desastres. Em março, por exemplo, foram realizadas oficinas gratuitas sobre o tema, organizadas em parceria com o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e a Rede de Cuidados da Região Serrana.