No dia 10 de março, o CRP-RJ realizou o segundo pré-congresso da Região Metropolitana do Rio, na Universidade Gama Filho do Centro da capital. O encontro foi iniciado com um debate sobre a formação do psicólogo para o campo da Educação, seguido pelas atividades do pré-congresso.

Psicólogos participaram do debate sobre a formação do psicólogo para o campo da Educação e do pré-congresso para o COREP.
Estiveram presentes na mesa redonda a mestranda de Psicologia da UFRJ Kely Magalhães, a professora do Departamento de Psicologia da UFF Kátia Faria de Aguiar e a psicóloga Gabriela Salomão Alves Pinho (CRP 05/28372), da Rede de Proteção ao Educando da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (PROINAPE). O colaborador da Comissão de Estudantes do CRP-RJ José Rodrigues foi o mediador do debate.
Kely iniciou a mesa contando sobre sua experiência na extensão universitária, que, segundo ela, ainda é preterida no tripé ensino-pesquisa-extensão que rege a UFRJ. “Isso acontece porque os alunos envolvidos com isso não recebem horas no boletim”. A convidada também falou a respeito do uso nas questões cotidianas do conhecimento adquirido na academia.

Kely Magalhães, Gabriela Salomão Alves Pinho, Kátia Faria de Aguiar e José Rodrigues, da esquerda para a direita, estiveram presentes na mesa redonda.
A mestranda terminou sua exposição explicando que a formação atua de duas maneiras: na produção de sentidos, no que diz respeito ao que os alunos fazem com que é apreendido na faculdade, singularizando o aprendizado, e como política inventiva, transformando o que é ensinado a partir da posição de protagonistas.
Gabriela Salomão falou em seguida e abordou a importância da interdisciplinaridade, exemplificando com o seu trabalho na Rede de Proteção ao Educando (RPE) – projeto criado em 2006 em conjunto com as secretarias municipais de Assistência Social e Educação para uma atuação interdisciplinar nas escolas. Ela comentou que na equipe também existem psicólogos, o que proporciona um novo espaço de atuação para esses profissionais. “Na RPE, o psi atua em diversas frentes, como na escuta e colhimento de questões cotidianas e na promoção de saúde na escola”.
A última palestrante foi Kátia Aguiar, que abordou de que maneira formação, trabalho e educação se relacionam. Ela afirmou que pensar a educação de maneira ampliada é o mesmo que pensar na formação, e isso têm implicações diretas no trabalho do psicólogo. “Meus alunos se questionam sobre o que aprendem na faculdade e o que é exigido no mercado de trabalho. Como lidar com a demanda contrária aos aprendizados da formação? Digo a eles que só a partir do enfrentamento conseguirão desmantelar as práticas instituídas”.
Outro ponto levantado por Kátia foi a necessidade de se olhar para o trabalho que já é desenvolvido pelos psicólogos que atuam na área da educação para, a partir disso, criarem-se políticas públicas. “Com isso, parte-se de uma política do público, já que os fazeres cotidianos são levados em conta no desenvolvimento de políticas públicas”.
Durante o debate, foram trazidas questões como o confronto entre a atuação do psicólogo e do pedagogo por não haver uma delimitação da área de cada um. Segundo uma pedagoga presente, isso se agrava pelo fato de que, em determinados casos, os pedagogos não sabem como atuar.
Sobre isso, Gabriela Salomão afirmou que o embate depende da postura da atuação do psicólogo na escola. “Ele não está ali para ‘apertar engrenagens frouxas’ ou para investigar os motivos pelos quais uma criança não pôde ser alfabetizada”. Por outro lado, Kely Magalhães afirmou crer que delimitações de papéis engessam a prática e que “a Pedagogia pode atravessar a Psicologia e modificar o fazer. Isso, de alguma forma, acaba resvalando no sujeito”. Kátia finalizou colocando que “os especialismos foram inventados e isso traz encargos sociais para a Psicologia. Os desafios das duas áreas são similares: a criação de políticas públicas que considerem o conhecimento construído e acumulado. Mas o que vemos são políticas de governo atendendo a ideais pessoais”.
Finalizado o debate, teve início o pré-congresso, com eleição da mesa diretora. Após uma votação, o conselheiro do CRP-RJ Lindomar Expedito Silva Darós (CRP 05/20112 foi escolhido como presidente, a psicóloga Beatriz Adura (CRP 05/34879), como secretária, e a também conselheira Rosilene Souza Gomes de Cerqueira (CRP 05/ 10564), como relatora.
Após a leitura e aprovação do regimento interno, houve a escolha dos delegados, sendo 14 eleitos. A mesa fez, então, a leitura das teses, votadas em seguida pelo plenário.