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CRP-RJ celebra Dia Nacional de Luta Antimanicomial em praça pública


Data de Publicação: 25 de maio de 2009


O CRP-RJ promoveu, no dia 15 de maio, um encontro junto ao Núcleo Estadual do Movimento de Luta Antimanicomial em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio). O encontro ocorreu na Cinelândia, no Centro do Rio e tinha como objetivo, entre outras coisas, dar visibilidade ao movimento pelo fim dos manicômios.

Foto da peça Doidinhos para trabalhar, do Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cenna.

A peça Doidinhos para trabalhar abordou a realidade de um usuário de saúde mental que tenta conseguir emprego.

Uma das atividades foi a peça Doidinhos para trabalhar, do Grupo de Teatro do Oprimido Pirei na Cenna, do Hospital Jurujuba, que abordou a realidade de um usuário de saúde mental que tenta conseguir emprego, mas é vítima de preconceitos, sendo, inclusive, tido como “inválido” pela sua patroa.

Ao som da banda Harmonia Enlouquece, a psicóloga do CRP-RJ e organizadora do evento Beatriz Adura Martins (CRP 05/34879) explicou que o movimento antimanicomial tem como objetivo “garantir a cidadania aos usuários de serviços de saúde mental”. Segundo ela, “o manicômio não pode servir como rede de serviços, pois defendemos que haja uma ampliação dessa rede, que os manicômios sejam substituídos por residências terapêuticas, leitos em hospitais, CAPS e outros serviços territoriais”.

“Hoje, nosso movimento antimanicomial está na novela [Caminho das Índias, de Glória Perez, na Rede Globo], mas ele já existe há mais de 30 anos. Por isso, eu convido todos os passantes a conhecerem este movimento. O que defendemos são novas formas de atenção ao sujeito em sofrimento psíquico”, acrescentou.

Usuários e ex-internos em manicômios foram convidados, então, a falarem ao público sobre suas experiências nesses espaços. Moisés, um usuário que permaneceu 40 anos internado e há 18 mora em uma residência terapêutica, por exemplo, revelou que hoje tem um emprego e “uma vida social livre e feliz”, e fez um apelo: “Não descrimine o doente mental”.

Foto do desfile das Camisas de Forças Sociais.

Foto da banda Sistema Nervoso Alterado.

A banda Sistema Nervoso Alterado serviu de trilha-sonora para o desfile das Camisas de Forças Sociais, o Alterado Fashion Week.

Dando início à sua apresentação, a banda Sistema Nervoso Alterado serviu de trilha-sonora para o desfile das Camisas de Forças Sociais, o Alterado Fashion Week. Com o fim do desfile, a banda conduziu a ópera cordel Corações em Desatino, que combinava elementos teatrais e musicais.

Em seguida, alguns militantes da luta antimanicomial foram convidados falarem sobre os objetivos e a importância desse movimento. Conforme ressaltou Márcia Schimidt, psiquiatra do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro e mais antiga militante no Rio, o movimento “representa uma mudança de atitude da sociedade com relação à questão dos manicômios”. “Não queremos negar o tratamento mental àquele que dele precisa, mas sim lembrar que essa pessoa pode estar inserida na sociedade”, completa.

De acordo com Raquel Gouveia, militante e assistente social pesquisadora do LABS (Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental), é preciso acelerar a substituição dos hospitais psiquiátricos por outras formas de assistência. Para ela, “outro lugar social é possível para esse usuário de saúde mental, de modo que ele seja cidadão, que ele possa produzir cultura, política, cidadania”.

História do movimento

Embora seja celebrada desde 1987 – quando o dia 18 de maio foi estabelecido o Dia Nacional de Luta Antimanicomial durante o II Encontro Nacional dos Trabalhadores de Saúde Mental – a luta antimanicomial existe, no Brasil, desde o final dos anos 70. Sua proposta é a reformulação do modelo assistencial em Saúde Mental e a reorganização dos serviços da área, privilegiando equipes multiprofissionais e atendimento fora do hospital.

Desde 2001, quando a reforma Psiquiátrica passou a ser política oficial do Ministério da Saúde com a Lei 10.216, grande parte dos hospitais psiquiátricos do Brasil já foi extinta. O movimento de luta antimanicomial, porém, continua lutando por um projeto abrangente que promova a interação entre usuários de Saúde Mental e a sociedade.

Texto e Fotos: Felipe Simões

25 de maio de 2009