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CRP-RJ debate Mídia e Psicologia


Data de Publicação: 29 de outubro de 2008


O Movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação é composto por mais de 30 entidades, entre as quais se insere o Sistema Conselhos de Psicologia. O CRP-RJ também tem participado ativamente do debate sobre a democratização da Comunicação, junto com outras instituições. Nesse sentido, o tema do último Trocando em Miúdos, atividade da Comissão Regional de Direitos Humanos, foi exatamente a relação entre Mídia e Psicologia.

O evento, ocorrido em 23 de outubro, contou com a participação de Cláudio Salles, músico, radialista e coordenador do Movimento Pop Goiaba, e da conselheira do CRP-RJ Noeli Godoy (CRP 05/24995).

Cláudio começou explicando que o movimento Pop Goiaba começou em Niterói, formado por músicos, mas se ampliou, agregando jornalistas e outros interessados na democratização da Comunicação. Entre as ações do movimento, está a Rádio Pop Goiaba, que lutou para conseguir sua concessão e se empenha em democratizar o acesso das rádios comunitárias.

“Vemos campanhas contra as rádios comunitárias. Mas a Anatel não fiscaliza grandes órgãos de comunicação que possuem irregularidade ou estão com a licença vencida. Temos no Brasil empresas donas de várias estações de rádio, emissoras de televisão e jornais, o que não é permitido, mas a Polícia Federal e a Anatel só têm olhos para as rádios comunitárias”, afirmou.

Outro ponto ressaltado por Cláudio foi a TV digital. “Ela pode abrir possibilidades de mais canais abertos, de novos atores no cenário da Comunicação. No entanto, o modelo escolhido, o japonês, já restringe esse espaço, que é maior com o modelo europeu. Mas não houve debate nos meios de comunicação sobre a escolha do modelo nem sobre as possibilidades de democratização da TV digital. A única coisa divulgada era que a imagem vai melhorar. Nem a possibilidade de inclusão digital que ela vai trazer, já que cada televisor vai ser também um computador, foi noticiada”.

A conselheira Noeli falou sobre o papel da Psicologia no debate pela democratização. “A Psicologia pode participar das discussões sobre o conteúdo nos meios de comunicação, não como detentora do saber, mas como colaboradora”, afirmou, acrescentando que, no Rio, os psicólogos têm participado pouco dessa discussão. Ela também chamou a atenção para a importância da chamada, pelo Executivo, da Conferência Nacional de Comunicação como uma das forças na luta pela democratização.

Em seguida, foi aberto um debate com os presentes. Ângela Lopes, uma das psicólogas participantes, destacou que o Brasil foi o único país em que a televisão foi criada pela iniciativa privada. “Nos resto do mundo, foi o Estado que iniciou as atividades televisivas. Acho que a luta é para rever as concessões atuais. Também acredito muito nas TVs e rádios populares”.

Outra psicóloga chamou a atenção para a demanda feita pelos meios de comunicação aos psicólogos. “Uma vez, fui convidada a participar de um programa de TV como psicóloga, mas a produção queria que eu reproduzisse um discurso de acordo com a visão apresentada no programa. Eu me recusei e afirmei que, enquanto psicóloga, não poderia ir contra minha ética”.

“Essa é a questão dos especialismos. Parece que um especialista precisa ir à televisão dizer como temos que nos comportar”, completou Noeli.

O debate foi encerrado com a colocação do conselheiro Pedro Paulo Bicalho (CRP 05/26077) de que a discussão pela democratização da Comunicação precisa ser ampliada. “É preciso expandir o debate. A Comunicação atravessa várias áreas, interessa a todos”, afirmou ele. Nesse sentido, foi colocado que a transversalização da discussão da Psicologia e mídia com diversos temas – tais como gênero, violência, infância e juventude, homofobia e consumo, entre outros – seria uma proposta para a ampliação do debate, não só para os psicólogos, mas para a sociedade como um todo.