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CRP-RJ promove debates sobre Psicologia das Emergências e dos Desastres


Data de Publicação: 28 de outubro de 2008


O CRP-RJ realizou no dia 25 de outubro, na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), o I Seminário de Formação da Rede de Cuidados da Região Serrana do Rio de Janeiro, com o tema Psicologia das Emergências e dos Desastres. Ao longo do dia, quatro mesas redondas instigaram o debate sobre o papel da Psicologia em situações de emergências e iniciaram a formação de uma rede, cuja proposta é unir todos os municípios da região.

André Luís Pombo, Cléia Zanatta, José Novaes e Elisa Zaneratto, da esquerda para direita respectivamente, participaram da mesa de abertura do evento.

André Luís Pombo, Cléia Zanatta, José Novaes e Elisa Zaneratto, da esquerda para direita respectivamente, participaram da mesa de abertura do evento.

Participaram da mesa de abertura o conselheiro-presidente do CRP-RJ, José Novaes (CRP 05/980); Cléia Zanatta, representante da UCP; André Luís Pombo, da Secretaria Municipal de Saúde de Petrópolis; e Elisa Zaneratto, conselheira do Conselho Federal de Psicologia.

Novaes iniciou o evento destacando a importância da construção da rede, que foi iniciativa do CRP-RJ. “O que os psicólogos têm a ver com desastres e emergências? Tudo o que diz respeito à produção de subjetividade tem a ver com a Psicologia. Sempre que é preciso aliviar o sofrimento pela perda, seja de um ente querido ou de bens materiais, a Psicologia deve estar presente. A Psicologia não quer estar à frente, comandar. Temos consciência de que esse precisa ser um trabalho integrado, no qual diversas forças vão trabalhar juntas”, disse.

Em seguia, Elisa reforçou essa função da Psicologia e afirmou que o CFP tem se posicionado nesse sentido, para melhorar a vida da população. “O CFP vem assumindo um compromisso com a categoria de reposicionar a Psicologia na sociedade brasileira. Nossa profissão era muitas vezes colocada a serviço de uma ordem vigente, mas estamos construindo um outro lugar para ela. No caso das emergências e dos desastres, vimos que havia uma demanda da sociedade pela Psicologia, que não poderia se omitir”.

André Pombo, que representou o prefeito de Petrópolis, destacou a necessidade de formação dessa rede na Região Serrana, muito atingida por desastres naturais. “O momento é muito adequado. Estamos chegando novamente ao verão, época em que Petrópolis sofre muito com as chuvas”.

Cléia ressaltou a importância da temática e a inserção da Psicologia na discussão. “A Psicologia das emergências e dos desastres vai além dos sofrimentos que atingem as vítimas de desastres naturais. É uma Psicologia que possa se colocar à disposição do ser humano em sua subjetividade”.

A segunda mesa trouxe representantes de órgãos que atuam com situações de emergências.

A segunda mesa trouxe representantes de órgãos que atuam com situações de emergências.

A mesa seguinte trouxe representantes de órgãos que atuam com situações de emergências. A conselheira do CRP de Minas Gerais, Eliana Torga (CRP 04/6243), coordenadora do Núcleo de Psicologia das Emergências e Desastres de Belo Horizonte, começou explicando o que é a Psicologia que atua nesse campo. “Quando pensamos em desastres, vem a idéia de perdas materiais, mas ao vermos as imagens dos locais atingidos, imediatamente percebemos o sofrimento humano, o que, por si só, coloca a presença da Psicologia”.

Em seguida, Odair Baltar, supervisor da Atenção Básica do Município de Petrópolis, falou sobre as ações de cuidado às vítimas dos desastres. “Criamos grupos de Defesa Civil comunitária para treinar os interessados em ajudar nessas situações. Como uma das características dessas emergências é a dificuldade de chegarmos ao local, a ajuda de vizinhos é muito importante”.

O major Rafael José Simão, coordenador da Defesa Civil de Petrópolis, fechou a mesa explicando as quatro fases da Defesa Civil: prevenção, preparação, resposta e reconstrução. “Todo mundo liga a Defesa Civil ao desastre, mas seu trabalho começa muito antes, com a prevenção, que é a principal fase”.

Walter Melo Júnior, Rosana Curi de Souza e Paulo Leite, da esquerda para direita, participaram da terceira mesa redonda do evento.

Walter Melo Júnior, Rosana Curi de Souza e Paulo Leite, da esquerda para direita, participaram da terceira mesa redonda do evento.

Na terceira mesa, Paulo Leite, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piabanha/Paquequer e Preto, chamou a atenção para a relação da poluição das águas com os desastres naturais. “A primeira questão é nossa relação com a água. Nosso corpo tem 70% de água, exatamente a mesma proporção do planeta. Nós não somos usuários da natureza; somos parte dela”.

A segunda palestrante da mesa foi Rosana Curi de Souza, mestre em Psicologia Social, que desenvolve trabalhos com famílias de agricultores, além de atividades em escolas para conscientizar as crianças da importância da preservação do meio ambiente. Ela destacou os riscos que os agrotóxicos trazem tanto para a natureza quanto para a saúde dos trabalhadores.

Logo em seguida, Walter Melo Júnior, doutor em Psicologia Social e professor da Universidade Federal de São João Del Rei, relacionou conscientização e arte. “Nise da Silveira tratava os manicômios como desastres e, a partir da arte, transformou a lógica do hospício. O mesmo pode ser feito com os desastres. Podemos aproveitar as produções artísticas de forma educativa”. Ele exemplificou com o filme Ilha das Flores, de Jorge Furtado. “A situação colocada dessa forma chama mais a atenção. Quando você coloca apenas a fala dos especialistas, você fecha o tema. Já um filme dá abertura para debate”.

A quarta mesa redonda do evento foi composta por Rui Carlos Stockinger, Denise Tarin e Jaqueline Garcia, da esquerda para a direita respectivamente.

A quarta mesa redonda do evento foi composta por Rui Carlos Stockinger, Denise Tarin e Jaqueline Garcia, da esquerda para a direita respectivamente.

A quarta mesa redonda foi formada por Jaqueline Garcia, da Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (SETRAC) de Petrópolis, Rui Carlos Stockinger (CRP 05/14183), psicólogo, psicoterapeuta e coordenador de Saúde Mental do Município de Petrópolis, e Denise Tarin, procuradora de Justiça e Coordenadora Institucional e de Pesquisa do Instituto Superior do Ministério Público. Eles falaram sobre o trabalho de seus respectivos órgãos nos casos de desastres.
Jaqueline destacou um programa da SETRAC, formado por uma equipe multiprofissional, que inclui psicólogos. “Um aspecto interessante é que percebemos as redes de solidariedade formadas em momentos de vulnerabilidade. Quando conseguimos chegar aos locais de desabamentos, vemos que a comunidade já se mobilizou”.

Rui abordou o cuidado às famílias desabrigadas ou que perderam parentes e amigos. Segundo ele, grande parte das vítimas desenvolve um quadro de estresse pós-traumático, devido a diversos fatores, como perda de entes queridos e de bens com valor afetivo, o sentimento de impotência, a necessidade de ficar em abrigos ou casa de estranhos etc.

Já Denise ressaltou que é preciso fazer uma reflexão social. “Temos que perceber que quem mais sofre com os desastres são as famílias pobres, empurradas para os morros e beiras de rios. O principal ponto é criar uma rede de solidariedade e capacitar a população para ajudar nessas situações”.

Alunos da Escola Municipal Dr. Teodoro Machado, envolvidos em um projeto que debate temas sobre sexualidade nas escolas através de expressões artísticas fez uma apresentação de dança.

Alunos da Escola Municipal Dr. Teodoro Machado, envolvidos em um projeto que debate temas sobre sexualidade nas escolas através de expressões artísticas fez uma apresentação de dança.

Após as palestras, houve uma apresentação de dança de alunos da Escola Municipal Dr. Teodoro Machado, envolvidos em um projeto que debate temas sobre sexualidade nas escolas através de expressões artísticas.

A última atividade foi a reunião envolvendo representantes de todos os municípios presentes para a construção da Rede Intermunicipal de Cuidados em Emergências e Desastres da Região Serrana do Rio de Janeiro. Uma das decisões do grupo foi a realização de um encontro dos municípios da região, que será realizada em janeiro de 2009.



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