O evento CRP de Portas Abertas, que comemorou o Dia do Psicólogo no CRP-RJ, em 27 de agosto, teve início com a mesa “A vida em movimento”. Formada pelo conselheiro-presidente do CRP-RJ, José Novaes (CRP 05/980), a conselheira Ana Lúcia Furtado (CRP 05/465), membro da Comissão de Saúde, e a conselheira Francisca Alves (CRP 05/18453), coordenadora da Comissão de Educação, a atividade de abertura foi mediada pela conselheira Rosilene Cerqueira (CRP 05/10564).
Com o tema “Psicologia e psicólogos: oficialismos e libertação”, Novaes começou sua palestra citando versos de Manuel Bandeira. “Em sua Lírica, ele diz que não quer saber de poesia que não seja libertação. Nós também não queremos uma Psicologia que não seja libertação”, afirmou.
O conselheiro-presidente falou sobre a relação da Psicologia com a arte. “O poder da arte está na sua capacidade de romper com tudo o que se apresenta como pronto, acabado, perfeito. Com isso, ela rompe amarras e supera padronizações. Da mesma forma, temos que fazer uma Psicologia que rompa com as amarras. Queremos a Psicologia que se cria a cada momento nas ruas, nas favelas, no campo, nas cidades”.
Novaes completou que “essa Psicologia não é construída pelos conselhos, mas por vocês, psicólogos, pelo trabalho que vocês enfrentam todos os dias. A nós, do Conselho, resta recolher essas experiências, sistematiza-las e apresenta-las para debate, para ajudar a Psicologia a ser construída como ciência e profissão”.
Em seguida, Ana Lúcia apresentou o tema “Educação em saúde”, destacando a importância da aproximação entre as duas áreas, que tem sido pensada pela Comissão de Saúde. “Um dos obstáculos para essa aproximação é um entendimento que existe de que Educação em Saúde é uma atividade secundária. Ao contrário, ela deve ser estratégica”.
A conselheira abordou também a questão da humanização nas políticas públicas. “O SUS traz o conceito de saúde coletiva. Ou seja, o termo ‘público’ aqui se refere ao coletivo, não ao estatal”.
A psicóloga concluiu destacando que é preciso “ter o eixo ético-político sempre presente nas práticas do psicólogo” e convidando todos os presentes a ocuparem mais os espaços do Conselho.
Encerrando a atividade de abertura, Francisca realizou a palestra “Participação social em Psicologia e Educação” e oficializou a abertura do Ano da Educação no CRP-RJ. Ela explicou que 2008 foi escolhido para ser o Ano da Educação do Sistema Conselhos e que, até dezembro, serão promovidos diversos eventos comemorativos.
Apresentando um novo olhar para a relação da Psicologia com a Educação, a psicóloga colocou indagações aos presentes acerca do próprio conceito de “participação social”. “O que é participação? Como participar? Qual é o objetivo e a importância da participação?”. Segundo ela, “toda participação é coletiva, porque pressupõe a saída de uma posição de isolamento”.
A conselheira tratou ainda da questão das mudanças sociais trazidas com a modernidade. “A modernidade trouxe desilusões, pois, ao cumprir as promessas de uma vida rica em comodidades, não considerou o preço a ser pago em qualidade de vida por colocar todos em risco pelas as ameaças atuais, especialmente as ecológicas. Com isso, houve a busca por uma mudança de paradigma: de um sistema fechado, linear, causal e conclusivo para um aberto e em permanente equilíbrio dinâmico”. Assim, para a psicóloga, inicia-se uma fase de maior importância ao coletivo, pois “não podemos procurar ganhar sozinhos e correr o risco de não termos com quem comemorar”.
Texto e fotos: Bárbara Skaba
28 de agosto de 2008